Juiz diz que há indícios firmes de que grupo de hackers cometeu ao menos três crimes

Magistrado aponta quadrilha, invasão e captura ilegal de dados; penas vão de 3 meses a 8 anos de prisão

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Brasília

O juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, afirmou em um despacho nesta sexta-feira (26) que há firmes indícios de que o grupo de hackers cometeu ao menos três crimes.

Quatro pessoas suspeitas de terem participado da invasão de celulares de autoridades foram presas de forma temporária na última terça (23) em uma operação da Polícia Federal.

O primeiro crime mencionado pelo magistrado seria o de formação de organização criminosa, quando quatro ou mais pessoas se associam de forma ordenada para cometer infrações penais, com pena que pode ir de três a oito anos de prisão.

Outro crime citado pelo juiz é o de invasão de dispositivo informático, mediante violação de mecanismo de segurança, com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações para obter vantagem ilícita. Nesse caso, a pena pode variar de três meses a um ano de prisão.

Por último, Vallisney de Oliveira diz que há também indícios do crime de realização de interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Para o delito, a pena pode ser de dois a quatro anos.

As penas máximas dos três crimes, somadas, chegam a 13 anos.

No despacho, o responsável pelo inquérito disse que a investigação até o momento aponta Walter Delgatti Neto como líder dessa organização. Os outros participantes são Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira e Danilo Marques.

Gustavo Henrique Elias Santos, 28, o DJ Guto Dubra, preso sob suspeita de ter hackeado o celular do ministro Sergio Moro
Gustavo Henrique Elias Santos, 28, o DJ Guto Dubra, preso sob suspeita de ter hackeado o celular do ministro Sergio Moro - Reprodução

O principal suspeito confessou em depoimento ter sido o autor das invasões de contas do aplicativo de mensagens Telegram de algumas autoridades.

Ele disse que fez cópias de conversas de procuradores da Lava Jato e repassou os arquivos para o site The Intercept Brasil, de forma voluntária, anônima e sem cobrar.

Delgatti afirmou que não fez nenhuma edição no material e que procurou o jornalista Glenn Greenwald por conhecer sua atuação no vazamento de documentos secretos dos EUA, no caso de Edward Snowden. 

O investigado afirmou que obteve o contato do jornalista por meio da ex-deputada Manuela d'Ávila (PC do B). 

Nesta sexta, o juiz do DF decidiu manter os quatro suspeitos presos por mais 5 dias, prorrogando a prisão provisória, a pedido do Ministério Público e da Polícia Federal.

Segundo seu despacho, colocá-los em liberdade neste momento poderia atrapalhar as investigações em andamento. 

Apesar de Delgatti ter confessado ser o hacker que invadiu contas de autoridades da Lava Jato, a Polícia Federal vê contradições e inconsistências em seu depoimento.

Ele tem sido chamado internamente por investigadores de “contador de histórias”, característica considerada típica de estelionatários.

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