Ato contra projeto reúne Deltan, juiz da Lava Jato e 'mulheres com Bolsonaro'

Organizadores oficiais de ato em Curitiba pediram que as mulheres retirassem cartazes e faixas que faziam alusão ao movimento político

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Curitiba

Um ato em protesto ao projeto de abuso de autoridade, aprovado na Câmara dos Deputados, reuniu o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato, o juiz federal Luiz Antonio Bonat, que julga processos da operação, e um grupo intitulado “Mulheres com Bolsonaro”, na tarde desta segunda-feira (19), em Curitiba.

A manifestação ocorreu em frente ao prédio da Justiça Federal e reuniu várias entidades que integram membros das polícias, Ministério Público e Judiciário, de âmbito federal e estadual. Deltan não quis falar com a imprensa, mas participou do protesto.

Organizadores do ato pediram que mulheres retirassem faixa, à esquerda, em evento com procurador Deltan Dallagnol (no canto direito)
Organizadores do ato pediram que mulheres retirassem faixa, à esquerda, em evento com procurador Deltan Dallagnol (no canto direito) - Katna Baran/Folhapress

Na metade do evento, organizadores oficiais do ato pediram que as mulheres retirassem os cartazes que faziam alusão ao movimento. Elas carregavam faixas com os dizeres “Mulheres com Bolsonaro Paraná” e “Abuso de Autoridade: veta tudo Bolsonaro” e vestiam camisetas com a inscrição “É melhor Jair se acostumando” acompanhada de uma foto do presidente.

“Eles [organizadores] pediram pra gente não abrir aqui, só lá fora”, comentou Rosane Molina Gotti, aposentada. Ela afirmou que o movimento é da sociedade civil, independente e voluntário, e integra cerca de 15 mil mulheres que atuam “pelo governo”, mas que já fazia campanha para o atual presidente desde o ano passado.

“Essa é uma manifestação livre dessas pessoas, não quer dizer que esse movimento esteja apoiando qualquer tipo de manifestação. Elas têm liberdade”, declarou o juiz Geraldo de Andrade Neto, presidente da Associação dos Magistrados do Paraná, sobre o ocorrido.

O ato, que durou cerca de uma hora, contou com falas de presidentes de diversas organizações de classe. A maior parte pediu que o projeto, que agora está nas mãos do presidente Jair Bolsonaro (PSL), seja vetado integralmente, pois inibiria ações de autoridades.

As autoridades afirmaram ainda que já há atualmente mecanismos de controle suficientes contra abusos e que outra proposta, menos “genérica”, poderia ser discutida pelos parlamentares.

“Pode acarretar uma eventual interpretação que venha a prejudicar o próprio andamento de uma investigação”, declarou Bonat, juiz da Lava Jato que sucedeu Sergio Moro no posto.

“Esse projeto fere de morte atividades essenciais do Ministério Público por ele criminaliza ações que são a essência de atividades do órgão. Fere o princípio constitucional de independência e causa certa inversão porque criminaliza o investigador em detrimento da conduta investigada”, discursou a procuradora-chefe do Ministério Público Federal no Paraná, Paula Conti Thá.

O promotor Andre Tiago Pasternak Glitz, presidente da Associação Paranaense do Ministério Público, foi incisivo no discurso dizendo que o texto do Congresso é uma reação ao trabalho que o “sistema de Justiça vem desempenhando nos últimos anos”. Ele também chamou de “abuso” o vazamento de mensagens trocadas entre procuradores da Lava Jato.

“Se eventualmente essas mensagens roubadas, furtadas e covardemente utilizadas indicarem ou levantarem a necessidade de uma discussão em torno de algum tema, como imparcialidade do juiz e utilização de prova ilícita, vamos discutir isso num ambiente adequado, no Congresso Nacional, e não em folhetim de imprensa marrom que utiliza covardemente dessas mensagens para atacar essas pessoas”, declarou.

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