Descrição de chapéu Lava Jato

Delator diz que entregava propina do Metrô de SP em escritório de deputado

Ao relatar esquema em gestões do PSDB, Sérgio Brasil cita repasses de até R$ 100 mil a Arnaldo Jardim (Cidadania)

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São Paulo

​​Ex-diretor do Metrô de São Paulo em gestões tucanas e autodeclarado arrecadador de propinas para políticos, Sérgio Corrêa Brasil afirmou em seu acordo de delação premiada que fez entregas de dinheiro ilícito pessoalmente a Arnaldo Jardim, então deputado estadual e hoje deputado federal pelo Cidadania-SP, antigo PPS.

Segundo ele, eram repassadas quantias que ele havia recebido da Odebrecht e da Andrade Gutierrez relativas a suborno por obras da linha 2-verde do Metrô. As entregas, segundo relato do delator, eram feitas no escritório político de Jardim, na capital paulista.

Conforme divulgado anteriormente, Sérgio Brasil fez uma delação na qual relata um suposto esquema de propina durante governos do PSDB em São Paulo.

Ele foi diretor do Metrô na gestão José Serra (PSDB) e assessor de PPP (parcerias público-privadas) na Secretaria de Planejamento do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

A Lava Jato revelou que havia firmado delação com Sérgio Brasil no início de agosto, quando apresentou denúncia que acusava 14 pessoas de corrupção. Nenhum deles era político.

O ex-diretor do Metrô Sérgio Corrêa Brasil, hoje delator - Luiz Carlos Murauskas - 22.abr.2009/Folhapress

Em novos trechos da delação obtidos pela reportagem, Brasil detalha uma suposta participação de Arnaldo Jardim —que não foi localizado nesta quinta pela Folha.  

"Por vezes, entreguei tais valores para a assessora de Arnaldo Jardim, a qual se chamava Roxana", disse Brasil aos procuradores da Lava Jato de São Paulo.

No relato, ele diz que foram feitas 15 ou 20 entregas de propina no escritório do deputado, que variavam de R$ 40 a R$ 100 mil.

"Antes de fazer as entregas, eu ligava para Roxana ou Arnaldo Jardim, a fim de informá-los que iria lá. Por vezes, eu também era cobrado por eles para fazer os repasses 'políticos'", afirmou Brasil, segundo depoimento que consta em anexo do acordo.

O ex-diretor diz que, em um episódio, Roxana pediu para que ele não fosse ao local porque a polícia estava lá. O escritório havia sido assaltado.

Brasil afirma que o dinheiro entregue ao deputado também era destinado ao então deputado estadual Rodrigo Garcia (DEM), hoje vice do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). 

No entanto, o delator não relata ter feito entregas diretamente a Garcia. 

Já citado anteriormente, o vice-governador sempre negou ter recebido qualquer valor indevido ou cometido irregularidades. 

A assessoria dele reforçou seu posicionamento em nota nesta quinta: "Trata-se de uma acusação sem fundamento. Rodrigo Garcia já foi inocentado no STF por falsas acusações referentes ao Metrô de São Paulo e lutará novamente contra essa injustiça". 

O deputado federal Arnaldo Jardim - Reinaldo Canato - 27.ago.2018/Folhapress

Na denúncia feita pela Lava Jato após a delação, executivos da Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e OAS viraram réus sob acusação de crimes de corrupção na construção das linhas 2-verde, 5-lilás e 6-laranja do Metrô de São Paulo.

Ainda são investigadas eventuais irregularidades nas linhas 4-amarela e na CPTM, além de suspeitas sobre a empreiteira Camargo Corrêa.

A delação de Brasil foi a primeira de um funcionário público envolvido no esquema do Metrô. Outros funcionários que teriam participado dele, segundo o Ministério Público Federal, são Luiz Carlos Frayze David (ex-presidente do Metrô) e Décio Tambelli (ex-diretor de Operações).

No entanto, como David e Tambelli têm mais de 70 anos, o prazo para a apresentação de denúncia contra eles prescreveu.

Em seu acordo, Sérgio Brasil se comprometeu a ressarcir R$ 6,6 milhões aos cofres públicos. Ficará, ainda, em prisão domiciliar durante três anos. 

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