Parabéns à Polícia Federal, diz Bolsonaro sobre operação em residência de Witzel

PF faz operação contra desvios na saúde com buscas na residência do governador do Rio

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Brasília

No dia em que a Polícia Federal realiza buscas no Palácio das Laranjeiras, residência oficial em que mora o governador Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro, o presidente Jair Bolsonaro parabenizou a corporação. Witzel é adversário político de Bolsonaro. A declaração foi transmitida na internet por apoiadores do presidente.

"Parabéns à Polícia Federal, fiquei sabendo agora. Parabéns à Polícia Federal", disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada, ao ser questionado sobre a operação que mira um suposto esquema de desvios de recursos públicos no estado destinados ao combate ao coronavírus.

O governador Wilson Witzel e o presidente Jair Bolsonaro
O governador Wilson Witzel e o presidente Jair Bolsonaro, em 2019 - Mauro Pimentel - 11.out.19/AFP

Ao voltar ao Alvorada, no início da noite, Bolsonaro usou um tom mais comedido, afirmando que não tinha conhecimento ainda dos detalhes da operação e que não teve ligação com a ação.

"Essa operação de hoje, no Rio de Janeiro, não tem nada a ver comigo. A PF foi cumprir uma decisão do Superior Tribunal de Justiça. Foi o STJ que decidiu a operação. Não fui eu", disse o presidente.

No entanto Bolsonaro não deixou de alfinetar novamente Witzel, seu adversário político, que lançou acusações nesta terça-feira contra seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

"Agora, tem gente preocupada, tentando colocar a culpa em mim, falando do meu filho", disse.

Bolsonaro também afirmou que não tem nenhuma interferência sobre a Polícia Federal. Nesse momento, o presidente aproveitou para alfinetar outro desafeto, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro.

"A PF está trabalhando, no meu entender, com muita liberdade. Da nossa parte, não existe e nem nunca existiu nenhuma interferência. Se existiu, não era minha, era da parte de quem está lá a frente da PF, que no caso era o ministro. Eu não vou acusar o Moro disso aí, mas, se alguém interferiu em algum momento, não foi eu"

A PF também buscou provas no Palácio da Guanabara, onde o chefe do Executivo fluminense despacha, em sua antiga casa, usada antes de se eleger, e em um escritório da mulher dele.

A operação, batizada de Placebo, busca provas de um possível esquema de corrupção envolvendo uma organização social contratada para a instalação de hospitais de campanha e “servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do Estado do Rio de Janeiro”, diz a PF.

Witzel é desafeto de Bolsonaro, que recentemente mudou a cúpula da Polícia Federal, gesto que motivou a saída do governo do então ministro da Justiça, Sergio Moro.

Na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi questionado por jornalistas se a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) sabia com antecedência da operação da PF.

Na segunda-feira (25), em entrevista à Rádio Gaúcha, Zambelli, aliada de Bolsonaro, falou de um suposto represamento de operações contra governadores, que passariam a ser deflagradas a partir de agora. "Pergunta pra ela", reagiu Bolsonaro.

A ação desta terça-feira foi deflagrada um dia após ser nomeado o novo superintendente da corporação no Rio, Tácio Muzzi. A representação da PF no estado está no centro de uma investigação autorizada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que apura se o presidente buscava interferir politicamente em investigações da corporação.

A investigação apura fraudes na contratação da organização social Iabas para a montagem de hospitais de campanha. O inquérito contra Witzel foi aberto a partir de um depoimento de Gabriell Neves, ex-subsecretário de Saúde preso sob suspeita de fraudes na compra de respiradores.

Neves mencionou o nome do governador ao Ministério Público do Rio de Janeiro. Estão sendo cumpridos 12 mandados de busca e aprensão no Rio de Janeiro e São Paulo.

A operação se baseia em apurações iniciadas no Rio de Janeiro pela Polícia Civil, pelo Ministério Público Estadual e pelo Ministério Público Federal. Os dados obtidos foram compartilhados com a Procuradoria Geral da República, que conduz a investigação perante o Superior Tribunal de Justiça.

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