O formato do debate Folha/UOL, realizado nesta quarta-feita (11), foi elogiado pelas equipes dos candidatos participantes por ter permitido que propostas e trajetórias dos postulantes à Prefeitura de São Paulo fossem exploradas com mais tempo.

Cada um dos quatro candidatos teve um banco de tempo de 15 minutos que pôde utilizar livremente —não só para responder a perguntas, mas para comentar as respostas dos adversários e provocar novas discussões.

Segundo os candidatos, uma reclamação comum sobre os debates é a de que não é possível se aprofundar nos temas e, desta vez, assuntos da cidade como moradia, saúde, enchentes e creches puderam ser avaliados e contestados entre todos os oponentes igualmente.

Tradicional na França, o modelo de debate é inovador no Brasil para candidatos que encabeçam as chapas. Em 2018, o debate Folha, UOL e SBT com os candidatos a vice-presidente também utilizou o banco de tempo.

Participaram do debate os quatro candidatos melhor posicionados em pesquisa de intenção de votos divulgada pelo Datafolha no último dia 5 —Bruno Covas (PSDB, 28%), Celso Russomanno (Republicanos, 16%), Guilherme Boulos (PSOL, 14%) e Márcio França (PSB, 13%).

"Bom o formato, mais solto. Russomanno falou mais de propostas. Não é um paredão", afirmou Elsinho Mouco, marqueteiro da campanha do Republicanos.

Russomanno destacou a importância do debate para que os eleitores conheçam seus candidatos.

Boulos pontuou que o modelo é mais dinâmico. Para o candidato, o eleitor teve mais chance de comparar o que cada um tem a oferecer em seu plano de governo e em sua própria trajetória.

"Eu gostei muito do formato desse debate. [...] Quando você começa a engatar um raciocínio, começa a defender uma ideia, corta, acabou seu tempo. [O banco de minutos] Engessa menos o raciocínio. Dá mais chance de você desenvolver o raciocínio com começo, meio e fim", disse o candidato do PSOL.

Boulos reclamou ainda da decisão de emissoras de TV de cancelarem os debates do primeiro turno devido à quantidade de candidatos e à pandemia do coronavírus.

O marqueteiro da campanha de Covas, Felipe Soutello, afirmou que o modelo se parece mais a uma mesa redonda, que estimula a conversa entre os candidatos. Ao deixar o evento, o prefeito qualificou o formato de "produtivo" e "democrático".

"Um novo rearranjo, não é aquela coisa fechada de 30 segundos, 60 segundos, assim permite aprofundar um pouco mais num pensamento", disse Covas. "Sempre o debate é uma possibilidade de as pessoas olharem um pouco mais no olho dos candidatos, verificar o que pensam, o que eles já fizeram", completou.

O banco de tempo também foi elogiado pela assessoria de imprensa de França, que considerou que o candidato fez nesta quarta um de seus melhores debates na campanha. As equipes dos outros adversários, contudo, também aprovaram a atuação de cada um deles.

Caio França, o filho do candidato do PSB que o acompanhou no debate, afirmou que o pai controlou bem seu tempo. "Márcio França deu um show de equilíbrio, conteúdo e gentileza no debate da Folha UOL", tuitou.

Boulos foi o que mais usou seu tempo no início do debate. Chegou ao terceiro bloco, o último, com apenas um minuto e meio, enquanto França e Russomanno tinham cerca de cinco minutos, e Covas, aproximadamente quatro minutos.

O tempo excedente, após todas as perguntas respondidas, foi utilizado pelos candidatos para fazer considerações finais —cada um deles também ganhou mais um minuto para a última fala.

O formato do debate permitiu um evento mais descontraído, que chegou a ter um momento de risada entre os candidatos. O modelo também ensejou a formação de parcerias entre dois candidatos para comentar e questionar as respostas de um terceiro. ​