É falso que votos recebidos por candidata no Tocantins tenham diminuído ao longo da apuração

Imagem manipulada digitalmente foi usada para afirmar que houve fraude na disputa pelo cargo de vereador em Palmas

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São Paulo

É falsa a denúncia sobre uma suposta fraude nas eleições municipais de Palmas presente em um vídeo baseado em duas capturas de tela do aplicativo Resultados, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na primeira imagem, feita durante a apuração das urnas, a candidata a vereadora pelo Republicanos Rose Ribeiro parece estar com 1.111 votos. Na segunda, do resultado final do pleito, Rose tem apenas 58. A primeira imagem foi, contudo, alterada digitalmente e não representa a votação da candidata, que não foi eleita.

A manipulação pode ser percebida ao comparar a captura de tela viralizada com a interface do aplicativo do TSE em diferentes sistemas operacionais. Como verificado pelo Comprova, qualquer número superior a 999 aparece com um ponto de separação de milhar no aplicativo da corte, ao contrário do que é visto na captura de tela dos supostos votos iniciais de Rose Ribeiro. O padrão pode ser visto na captura de tela abaixo.

Print da apuração para vereador em Palmas, Tocantins, mostra a tela do aplicativo do TSE com o candidato Folha com 1.088 votos e Rose Ribeiro com 58
Tela do aplicativo do TSE mostra votos para vereador em Palmas - TSE

No Twitter, a reportagem também localizou dois registros de como estava a apuração de votos em Palmas em horários próximos ao da captura de tela compartilhada nas redes. Nenhum dos dois mostrava Rose com 1.111 votos.

Em nota oficial, o TRE-TO (Tribunal Regional Eleitoral de Tocantins) negou a alegação viralizada, afirmando não ser possível “alterar os dados inseridos nas urnas eletrônicas pelos eleitores”. Rose Ribeiro foi procurada por e-mail e mensagem no Facebook, mas não respondeu até a publicação deste texto.

Verificação

Em sua terceira fase, o Projeto Comprova verifica conteúdos que viralizam nas redes sociais ligados às eleições municipais, às políticas públicas do governo federal e à pandemia, como, por exemplo, o tuíte que afirmava que as justificativas de eleitores estavam sendo transformadas em votos válidos e a postagem que dizia que a votação estável ao longo da apuração em São Paulo era indício de fraude.

Apesar de apresentar uma denúncia local, o vídeo aqui verificado reflete um movimento amplo de descrédito de instituições eleitorais, que coloca em crédito a confiança dos brasileiros no sistema de votação como um todo e, por consequência, na democracia.

Em poucas horas, a gravação foi visualizada dezenas de milhares de vezes no Twitter e sua alegação central foi replicada em diversas outras publicações no Facebook, YouTube e Instagram.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu conteúdo original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

A investigação desse conteúdo foi feita por AFP e BandNews e publicada na quarta-feira (18) pelo Projeto Comprova, coalizão que reúne 28 veículos na checagem de conteúdos sobre coronavírus e políticas públicas. Foi verificada por Folha, UOL, O Povo, Jornal do Commercio, Band, Correio, Estadão e GZH.

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