Irmão de Cláudio Castro tenta reajustar salário em 25%, mas governador do RJ pede revogação

Proposta de agência visava compensar perdas inflacionárias; estado está em calamidade financeira desde 2016

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Rio de Janeiro

Sob a presidência de Vinicius Sarcia, irmão de criação do governador interino do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), o conselho de administração da AgeRio (Agência Estadual de Fomentos do Rio) aprovou no último dia 29 o reajuste em 24,68% dos salários dos diretores da instituição.

Mantido o aumento, o jeton pago a Sarcia por presidir, mensalmente, uma reunião do conselho subiria de R$ 4.025,27 para cerca de R$ 5.000.

No último dia 1º, quando a Folha questionou a AgeRio sobre as justificativas para o aumento, Castro recomendou a revogação do reajuste. O governo estadual é acionista majoritário da agência. O recuo foi definido em uma conversa entre os dois irmãos.

“O presidente do conselho de administração [Sarcia] levou o tema ao governo estadual, acionista majoritário e membro votante na assembleia geral. Em consenso, concluiu-se que, apesar das justificativas apresentadas, o momento não seria oportuno para a aprovação da matéria que, por isso, voltará à pauta da próxima reunião do Conselho de Administração, para deliberação acerca de sua revogação”, disse nota encaminhada à Folha na última terça-feira (2).

O estado do Rio de Janeiro está em estado de calamidade pública financeira desde 2016. Para 2021, a previsão de déficit beira os R$ 20 bilhões. O governo estadual tenta impedir a cobrança de R$ 4,5 bilhões de uma dívida com a União.

Hoje, o salário bruto do presidente da AgeRio é de R$ 23,2 mil. O do diretor é R$ 20,8 mil. Além da diretoria e do conselho de administração, o reajuste seria estendido aos membros do conselho fiscal e do comitê de auditoria da AgeRio.

Em nota, a AgeRio afirmou que a “decisão [de se autoconceder o aumento] foi tomada em virtude de acentuada perda inflacionária sofrida ao longo de seis anos sem reajustes”.

“O último reajuste da remuneração da diretoria executiva da agência foi deliberado pela Assembleia Geral de Acionistas em 18 de setembro de 2014, não tendo sido aplicada nenhuma atualização desde então”, diz a nota.

Segundo seu balanço, a AgeRio registrou um prejuízo de R$ 778 mil no primeiro semestre de 2020, com patrimônio líquido de R$ 474 milhões e ativo total de R$ 608,8 milhões.

“O percentual aprovado ficaria abaixo da perda inflacionária acumulada para o período, que registra IPCA de 41,04% e INPC de 41,55%. Além disso, mesmo após reajustados, os honorários de presidente e diretoria executiva ficariam 18% e 25% abaixo da média nacional, respectivamente, considerando instituições de fomento análogas à AgeRio em todo o Brasil”, diz a instituição.

Além de presidir interinamente o conselho de administração da AgeRio, Vinicius Sarcia foi indicado por Castro para assessoria do governo, com salário bruto de R$ 18.421,99. Descontados impostos, recebe R$ 13.732,25.

Outro irmão de criação de Castro, Caius Sarcia Rocha, era até agosto de 2020 responsável pela implementação de projetos de artes marciais, com salário bruto de R$ 14 mil. Atualmente ocupa cargo na Prefeitura do Rio de Janeiro, com remuneração líquida no valor de R$ 7.574,59.

Castro está no comando do Palácio Guanabara desde que a deflagração da Operação Tris In Idem, em que o ministro Benedito Gonçalves, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), determinou o afastamento de Wilson Witzel (PSC) do cargo.

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