Filha de Queiroz denunciada no caso da 'rachadinha' é nomeada ao Governo do Rio e exonerada após 2 dias

Ex-assessor de Flávio Bolsonaro esteve no Palácio Guanabara; gestão Cláudio Castro diz que nomeação foi revogada após constatar 'vinculação de parentesco'

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Rio de Janeiro

Solto por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), o policial militar aposentado Fabrício Queiroz teve uma de suas filhas nomeada por dois dias na Secretaria da Casa Civil do Governo do Rio de Janeiro.

Evelyn Queiroz foi nomeada pelo secretário Nicola Miccione no dia 12 de abril. O ato foi tornado sem efeito por ele no dia 14. Ela receberia cerca de R$ 2.400 brutos no cargo de secretária 2.

O governador Cláudio Castro (PSC) é aliado de Jair Bolsonaro, amigo de Queiroz há mais de 30 anos. O PM aposentado é apontado como operador financeiro do esquema da "rachadinha" do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente da República.

Em nota, o Governo do Rio afirma que Evelyn não tomou posse do cargo. Segundo a Casa Civil estadual, a revogação do ato se deu "após ser identificada a vinculação de parentesco".

De acordo com o sistema de processo eletrônico do estado, o processo de contratação de Evelyn começou a tramitar no dia 9, menos de um mês após a decisão do STJ.

O UOL revelou nesta terça-feira (20) que Queiroz foi visto no Palácio Guanabara na semana passada. Na foto publicada no portal, ele está no banco do motorista de um carro no estacionamento da sede do governo. A imagem é do dia 14, quando a nomeação foi tornada sem efeito.

Fabrício Queiroz, dentro de carro, no estacionamento do Palácio Guanabara 
Fabrício Queiroz, dentro de carro, no estacionamento do Palácio Guanabara  - Reprodução/UOL

Evelyn é uma das denunciadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro no esquema da “rachadinha” no antigo gabinete do senador Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa, quando ele era deputado estadual.

Ela foi funcionária do senador entre janeiro de 2017 e dezembro de 2018 e repassou R$ 232,5 mil para Queiroz por meio de transferências bancárias.

Os recursos fazem parte dos R$ 6,1 milhões que, segundo o MP-RJ, foram desviados no esquema da “rachadinha”. Deste total, R$ 2 milhões passaram pelas contas de Queiroz, de acordo com as investigações.

Outra filha, Nathalia, e a mulher de Queiroz, Márcia Aguiar, também foram denunciadas sob acusação de envolvimento no esquema. A personal trainer Nathalia Queiroz também trabalhou no antigo gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, período no qual manteve os repasses para o pai.

Flávio, os familiares de Queiroz e outros ex-assessores foram denunciados pelo MP-RJ sob acusação de peculato, apropriação indébita, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A acusação, porém, está sob risco após o STJ anular a decisão que autorizou a quebra de sigilo bancário dos investigados.

O MP-RJ e a Procuradoria-Geral da República ainda recorrem da decisão.

Em nota, a Casa Civil afirma que o secretário "recebeu currículos para possíveis nomeações na estrutura estadual".

"Alguns nomes foram entrevistados pelo subsecretário de Administração e, sem que tivesse sido previamente avaliado pelo GSI, a nomeação foi publicada no Diário Oficial. Antes mesmo de tomar posse, o secretário determinou, após ser identificada a vinculação de parentesco, tornar sem efeito a nomeação", diz a nota da gestão Castro.

A defesa da família de Queiroz não se pronunciou.

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