Descrição de chapéu Folhajus

Relator dá parecer favorável à cassação do mandato da deputada Flordelis, acusada por morte do marido

Voto do deputado Alexandre Leite (DEM-SP) será analisado pelo Conselho de Ética da Câmara; deputada nega acusação

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Brasília

O deputado Alexandre Leite (DEM-SP) apresentou nesta terça-feira (1°) ao Conselho de Ética da Câmara voto favorável à cassação do mandato da deputada federal Flordelis (PSD-RJ), denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro sob a acusação de ser a mandante do assassinato do marido, Anderson do Carmo.

O conselho deve votar o caso na próxima semana. Flordelis só terá o mandato cassado caso eventual recomendação do colegiado seja ratificada pelo plenário da Câmara, em votação aberta, por ao menos 257 dos 513 parlamentares.

"Os fatos apurados indicam que a representada estaria se sentindo injustiçada porque Anderson do Carmo detinha o controle sobre as atividades parlamentares da representada, exercendo de fato, ou seja, na prática, um mandato que seria seu por direito, sendo esse controle um dos motivos que levaram a representada a encabeçar a trama que acabou culminando no assassinato de seu esposo", afirmou Leite em seu parecer.

Flordelis durante sessão do Conselho de Ética da Câmara em que foi lido parecer a favor da cassação do seu mandato
Flordelis durante sessão do Conselho de Ética da Câmara em que foi lido parecer a favor da cassação do seu mandato - Ranier Bragon/Folhapress

Flordelis compareceu à sessão. Em determinados momentos, sorriu quando sua defesa apresentava a tese de que ela jamais poderia arquitetar um crime que seria cometido em sua própria casa. Em outros, ficou de cabeça baixa e com as mãos entrelaçadas.

Ela não se manifestou durante a reunião. Apenas sua defesa, que negou que a deputada tenha tramado a morte do marido.

"Ao contrário do alegado pela representada, o conjunto probatório, tornado em encadeamento Iógico, indica que os fatos que acabaram por vitimar Anderson do Carmo foram planejados com a participação ativa da representada, de forma a transparecer um crime de latrocínio, conforme se depreende tanto da análise de mensagens obtidas na quebra de sigilo telefônico com oitivas realizadas perante este colegiado e em termos de declarações prestadas em sede policial", prosseguiu Leite.

Após o fim da reunião do conselho, Flordelis deu declarações no Salão Verde da Câmara dos Deputados. "Venho publicamente declarar e afirmar que sou inocente, que nunca tive participação alguma na morte do meu marido", disse. "E isso vai ser provado, a minha inocência será provada pelos meus advogados e vocês terão provas suficientes da minha inocência."

A deputada também criticou os que tratam sua família como uma organização criminosa. "A minha família no inteiro não pode pagar pelos erros que alguns cometeram", disse, acrescentando que os pais também não podem pagar por filhos que cometem erros. "Os outros componentes da família não podem ser responsabilizados."

No final de fevereiro, a Justiça do Rio de Janeiro afastou Flordelis de seu cargo na Câmara, que enviou uma petição ao STF (Supremo Tribunal Federal) contestando a decisão do Tribunal de Justiça fluminense.

O pastor Anderson do Carmo foi assassinado depois de chegar em casa com Flordelis, em Niterói, na região metropolitana do Rio, em junho de 2019. Ele foi alvo de vários tiros na garagem da residência.

Na ocasião, Flordelis afirmou que o marido tinha sido morto durante um assalto e alegou que o casal estava sendo perseguido por homens em uma moto quando voltavam para casa.

Em agosto de 2019, um dos 55 filhos da pastora disse à Polícia Civil que acredita que a mãe tenha sido a “mentora intelectual” do assassinato do marido, o que ela nega.

De acordo com investigações da Polícia Civil, o plano para matar o pastor teve início em maio de 2018, com um envenenamento em doses por arsênico.

A deputada foi indiciada pela polícia e denunciada sob acusação de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, falsidade ideológica, uso de documento falso e organização criminosa majorada. Para a polícia, a motivação do crime foi a insatisfação com a maneira que o pastor Anderson administrava a vida financeira da família.

Flordelis não foi presa por causa da imunidade parlamentar. Nesse caso, apenas os flagrantes de crimes inafiançáveis são passíveis de prisão.

Em novembro do ano passado, a pastora publicou um vídeo em que afirmava que a denúncia contra ela havia sido baseada em depoimentos anônimos enviados por meio da internet.

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