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Datafolha: Aprovação do STF resiste a ataques de Bolsonaro, mas é só de 25%

No alvo do presidente, ministros da corte são avaliados negativamente por 35% dos brasileiros

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São Paulo

Alvo preferencial de Jair Bolsonaro na crise institucional em que o presidente mergulhou o país nos últimos meses, o STF (Supremo Tribunal Federal) manteve sua avaliação estável de julho para cá —embora isso não seja exatamente boa notícia para seus 11 ministros.

Apenas 25% dos brasileiros consideram o trabalho dos magistrados da corte como ótimo ou bom, ante 35% que o reprovam e outros 35% que o avaliam como regular.

Foi o que aferiu o Datafolha em sua mais recente pesquisa nacional, com 3.667 entrevistas presenciais em 190 cidades, feita de 13 a 15 de setembro.

Em relação à rodada anterior, em julho, houve uma piora da avaliação dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais para mais ou menos. Há dois meses, 24% aprovavam o trabalho do Supremo, 36% o consideravam regular e 33%, o reprovavam.

Assim, é possível dizer que o enorme desgaste promovido por Bolsonaro, que elegeu os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso como alvos de uma campanha sistemática, teve danos contidos à já má imagem da corte.

Com efeito, as maiores taxas de reprovação foram registradas entre os 22% que, na amostra total, disseram considerar o presidente ótimo ou bom: 56% reprovam o trabalho da corte.

Também têm uma imagem da corte pior do que a média aqueles com curso superior (42%) e os mais ricos (48% entre quem ganha de 5 a 10 salários mínimos, 51% entre os que recebem mais de 10 mínimos mensais).

Empresários, uma classe minoritária na amostra (2% do total) que sempre é mais alinhada ao presidente, também rejeitam os ministros: 59% os veem como ruins ou péssimos.

Esses dois meses foram palco da radicalização dos ataques de Bolsonaro a outros Poderes.

No caso do Judiciário, o cerco do STF a apoiadores do presidente no inquérito das fake news tocado por Moraes e o embate acerca do voto impresso com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) presidido por Barroso foram gatilhos de ameaça autoritária crescente.

Luiz Fux (centro) comanda sessão de reabertura dos trabalhos do Supremo no segundo semestre
Luiz Fux (centro) comanda sessão de reabertura dos trabalhos do Supremo no segundo semestre - Nelson Jr. - 2.ago.2021 /STF

Já havia rusgas anteriores, como a acusação falsa de Bolsonaro de que a corte havia tolhido sua autonomia na gerência da pandemia do novo coronavírus em favor de governadores e prefeitos.

O voto impresso acabou derrotado na Câmara, e bolsonaristas envolvidos com atos antidemocráticos e propagação de mentiras continuaram sofrendo prisões e restrições de suas atividades, de todo modo.

O auge da tensão ocorreu no dia 7 de setembro, em atos com milhares de apoiadores convocados pelo presidente nos quais ele ameaçou o Supremo caso não "enquadrasse" Moraes e disse que não obedeceria a ordens do ministro.

A pregação gerou uma resposta institucional, e Bolsonaro se viu obrigado a recuar da agressividade, pedindo ajuda ao antecessor, Michel Temer (MDB), para costurar uma nota em que se desculpava pelas palavras, mantendo a desavença com Moraes —de quem ele já havia pedido, sem sucesso, a abertura de um processo de impeachment no Senado.

O Datafolha já havia mostrado que, para 76% dos brasileiros, se Bolsonaro cumprisse a ameaça de não obedecer a ordens de Moraes, deveria sofrer um processo de impedimento. De forma geral, o impeachment tem 56% de apoio da população.

Na atual série do Datafolha com perguntas sobre o desempenho do Supremo, o melhor momento foi atingido em maio de 2020, quando 30% dos brasileiros aprovavam os ministros e 26% rejeitavam seu trabalho.

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