Descrição de chapéu Folhajus STF

Mendonça vai dar abraço em Bolsonaro, mas descobre viagem do presidente ao Rio

Ex-ministro da Justiça 'terrivelmente evangélico' é o segundo indicado do mandatário no STF

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Brasília

Aprovado pelo Senado após quase cinco meses de espera, o mais novo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), André Mendonça, foi na manhã desta quinta-feira (2) ao Palácio do Planalto para "dar um abraço" em Jair Bolsonaro (PL), mas assim que chegou descobriu que o presidente estava em viagem.

"Ah, ele foi para o Rio? Então, vou lá falar com Pedro e com o Célio", disse, ao ser informado por jornalistas que Bolsonaro estava viajando.

O ex-AGU se refere a Pedro Cesar Sousa, subchefe de Assuntos Jurídicos, e Célio Faria Júnior, chefe de gabinete do presidente. Os dois são conselheiros da área jurídica de Bolsonaro.

O presidente participou pela manhã de uma solenidade de formatura na escola de Sargentos e Logística, no Rio de Janeiro. A cerimônia consta da agenda oficial desde a noite de quarta-feira —o que nem sempre acontece, uma vez que o mandatário participa de muitos eventos sem informá-las.

Segundo indicado de Bolsonaro para o Supremo, Mendonça contou que, logo depois de sua aprovação, o chefe do Executivo ligou para parabenizá-lo.

Ele estava voltando de uma viagem a Anápolis (GO), onde também participou de uma cerimônia militar. "Ontem [quarta-feira] falei com o presidente [Luiz] Fux [do STF], a expectativa é [que a posse seja] neste ano ainda", disse o ex-ministro da Justiça.

Luiz Fux, presidente do Supremo, recebe André Mendonça - Rosinei Coutinho-2.dez.21/SCO/STF
Mendonça foi aprovado pelo plenário do Senado com 47 votos a favor e 32 contra —houve duas ausências dentre os 81 senadores —margem mais apertada entre os atuais ministros do Supremo.

"Sabia que ia ser bem difícil, mas que íamos vencer", disse ao chegar no Planalto.

O ministro enfrentou uma sabatina de oito horas na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), onde o presidente do colegiado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), trabalhou até o último momento contra a sua indicação.

Com a ida do ex-AGU para o Supremo, auxiliares palacianos esperam que a interlocução do Executivo melhore com a corte. Há também uma expectativa de que ele represente o "conservadorismo" que Bolsonaro defende.

Já no STF e no Congresso, integrantes comemoraram os gestos do ex-ministro da Justiça "terrivelmente evangélico", mas adotaram cautela a respeito da atuação que ele terá quando sentar na cadeira.

A expectativa em torno da postura de Mendonça é maior nos mundos político e jurídico não apenas por ser um novo integrante do Supremo, mas pelo fato de ele poder representar o voto de desempate em matérias importantes em um tribunal rachado.

O antecessor de Mendonça na Justiça e hoje provável adversário de Bolsonaro em 2022, Sergio Moro, parabenizou o seu ex-colega de Esplanada no Twitter, e ressaltando formação religiosa e técnica de Mendonça.

"Parabenizo o Ministro André Mendonça pela aprovação para o STF, com seus atributos técnicos e sua formação cristã. Desejo que o fortalecimento do combate à corrupção, marca da sua trajetória na AGU, guie suas decisões; razão pela qual o Podemos aprovou a sua indicação", escreveu Moro.

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