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Bolsonaro ignora suspeitas de corrupção e diz que PF não precisa investigar seu governo

Presidente diz que casos que vieram à tona até agora são apenas suspeitas e nada chegou se concretizar

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a ignorar uma série de suspeitas de corrupção, como os relatos de que pastores pediam propina para influenciar decisões do Ministério da Educação, e disse nesta segunda-feira (11) que não há motivos para investigar ações do governo federal.

"Quantas vezes, no Pará, o governador recebeu a visita da Polícia Federal? Diferente do governo federal. Aqui não tem visita da Polícia Federal, não tem o que investigar aqui, não fazemos nada de errado", disse o presidente em entrevista ao Grupo Liberal, do Pará.

O presidente Jair Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro (PL) em cerimônia de despedida dos ministros que deixam o governo para concorrer às eleições e de posse dos novos ministros - Pedro Ladeira - 31.mar.22/Folhapress

A tentativa de Bolsonaro e de seus aliados de descolarem o governo federal das suspeitas de corrupção se tornou mais frequente nas últimas semanas.

Em entrevista à Folha, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), disse que há apenas "corrupção virtual" e defendeu manter a política de privilegiar aliados na partilha do Orçamento.

O governo, porém, está sob pressão por causa da suspeita de tráfico de influência no MEC e tenta evitar a abertura de uma CPI no Senado.

A Folha revelou áudio em que o então ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, afirma que o governo prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados pelos pastores.

Na gravação, o então ministro diz ainda que isso atende a uma solicitação do presidente Bolsonaro e menciona pedidos de apoio que seriam supostamente direcionados para construção de igrejas. A atuação dos pastores junto ao MEC foi revelada anteriormente pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Nesta segunda-feira, Bolsonaro disse na entrevista que é acusado apenas de "suspeitas de corrupção", mas que os casos sob investigação não chegaram a se concretizar.

Bolsonaro citou a negociação da vacina Covaxin, em que ele mesmo é investigado por suposta prevaricação, e uma licitação de ônibus escolares, travada na semana passada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) por risco de sobrepreço.

O combate à corrupção, enaltecido por Bolsonaro, é tratado de maneira pouco enfática no governo. Sempre que confrontado com suspeitas envolvendo aliados, amigos e familiares, o presidente critica imprensa, Ministério Público e Judiciário, enquanto alvos são mantidos nos cargos.

A Folha revelou no domingo (10) que a empreiteira Engefort, que lidera contratos recentes da estatal federal Codevasf para pavimentação, ganhou diferentes licitações nas quais participou sozinha ou na companhia de uma empresa de fachada registrada em nome do irmão de seus sócios.

Um dia antes, outra reportagem da Folha mostrou manobra licitatória que passou a ser usada em larga escala sob Bolsonaro para dar vazão aos recursos bilionários das ​emendas parlamentares, distribuídas a deputados e senadores com base em critérios políticos e que dão sustentação ao governo no Congresso.

"Se por ventura aparecer algo de errado, a gente colabora com a investigação. Até o momento não apareceu nada", disse Bolsonaro nesta segunda-feira.

Ao longo de seu mandato, o presidente promoveu diversas mudanças em órgãos de investigação. A quinta troca no comando da PF foi feita em fevereiro, no momento em que o órgão lida com inquéritos sensíveis para o presidente e seus aliados.

Bolsonaro afirmou ainda nesta segunda-feira que não há mais loteamento de cargos em Brasília, o que não é verdade.

Ele ignorou, por exemplo, que o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), órgão que está no centro das suspeitas de corrupção do MEC, é comandado por Marcelo Lopes da Ponte, ex-chefe de gabinete de Ciro Nogueira.

Para evitar a abertura de um processo de impeachment, Bolsonaro intensificou a ampliação de sua base aliada por meio da antes contestada política do toma-lá-dá-cá, com a entrega de cargos e recursos para parlamentares aliados do governo, em especial do chamado bloco do centrão.

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