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PSDB e MDB avançam em acordo e cúpula tucana decide apoiar Tebet

Tucanos cogitam Tasso para vice e condicionaram aliança a apoio no RS; proposta será levada a reunião da executiva

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Brasília

Após avançar em tratativas em torno da disputa pelo Governo do Rio Grande do Sul, a cúpula do PSDB decidiu chancelar o apoio do partido à candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-RS) à Presidência da República.

A aliança com o MDB será discutida e votada em reunião da executiva tucana marcada para esta quinta-feira (9).

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), pré-candidata à Presidência da República. - Sérgio Lima/AFP

"Nesse importante momento da história do país será encaminhado, nesta quinta-feira, na Executiva Nacional do PSDB a proposta de coligação com o MDB para eleição de presidente de República com o nome da senadora Simone Tebet", afirma a mensagem publicada no Twitter do PSDB.

O deputado Aécio Neves (PSDB-MG) tem defendido que o partido discuta ter uma candidatura própria à Presidência e pode expressar essa posição no encontro tucano.

O presidente do PSDB, Bruno Araújo, porém, diz esperar que a maioria da executiva chancele o apoio a Tebet. O dirigente ainda afirma que, confirmada a aliança, é natural que o candidato a vice da chapa seja tucano.

O nome mais cotado para essa posição é o de Tasso Jereissati (PSDB-CE). Publicamente, o parlamentar nega a intenção de ser vice, mas a aliados indicou que, se assim o partido decidir, pode topar compor a chapa com Tebet.

O nome do vice, porém, não será definido na reunião da executiva desta quinta (9). "No momento certo, depois, vamos discutir [a candidatura a vice-presidente]", diz Araújo.

O anúncio desta quarta ocorreu após uma série de reuniões de emedebistas e tucanos do Rio Grande do Sul.

Nesta terça (7), o ex-governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB-RS) reuniu-se com dirigentes do MDB do Sul.

O PSDB quer que ele seja o candidato ao governo do estado e que Gabriel Souza, atual pré-candidato pelo MDB, esteja na chapa como candidato a vice.

Leite disputou as prévias do PSDB para ser candidato ao Planalto, mas foi derrotado pelo ex-governador de São Paulo João Doria —que desistiu da disputa neste ano, por não ter o apoio da cúpula tucana.

Na esteira da saída de Doria, Bruno Araújo havia sido taxativo ao afirmar que uma candidatura presidencial própria do partido era um "assunto vencido, no sentido de que a aliança [com MDB e Cidadania] é absolutamente fundamental".

Na semana passada, porém, em nova pressão sobre o MDB, Araújo ameaçou voltar a discutir uma candidatura do PSDB caso os emedebistas não destravassem acordos em estados nos quais os tucanos pediram apoio.

No encontro, ficou resolvido que o PSDB daria ao MDB um prazo até a esta semana para destravar os palanques de Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso do Sul.

Embora os tucanos tenham pedido apoio em três estados, só o Rio Grande do Sul era considerado decisivo para o rumo da aliança.

Os partidos ainda não bateram martelo de que Leite será o candidato ao governo gaúcho e Souza, a vice, mas a cúpula considera que as conversas avançaram para que as siglas estejam unidas nos estados.

"Tivemos a segurança que há um conjunto de atores na história do Rio Grande do Sul que entendem que replicar essa aliança nacional vai fazer bem a um projeto responsável no estado", disse Bruno Araújo.

Germano Rigotto, ex-governador gaúcho e um dos principais líderes emedebistas no Rio Grande do Sul, afirmou em mensagem nas redes sociais que a reunião com Leite foi "excelente" e que ouvirá as bases do partido para construir um "caminho", indicando que MDB e PSDB devem se unir no estado.

"O Rio Grande do Sul sabe do seu papel nos momentos decisivos da história. Precisamos pacificar o país, e isso só será possível com candidatura alternativa aos polos, e, em especial, sem divisão do centro democrático", escreveu Rigotto em redes sociais.

Parte da velha guarda do MDB gaúcho resistia ao acordo com os tucanos. Um dos argumentos é o de que o partido tem tradição na política do Rio Grande do Sul, tendo eleito quatro dos últimos dez governadores.

Nesta terça, Leite indicou aos emedebistas que estaria disposto a se candidatar ao governo gaúcho novamente.

Segundo relatos, Rigotto e o presidente do MDB do estado, Fábio Branco, ficaram de conversar com líderes locais do partido para avaliar se retiram a candidatura de Souza e apoiam o tucano, se ele anunciar que de fato se candidatará.

Tebet se tornou a candidata da chamada terceira via para tentar se colocar como alternativa à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Além do próprio Doria, já ficaram pelo caminho nesse grupo nomes como o do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) e o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A própria cúpula do MDB reconhece que a candidatura de Tebet ainda precisa se mostrar competitiva —em pesquisa Genial/Quaest publicada nesta quarta, ela atingia só 1%.

Simone Tebet nasceu em Três Lagoas, cidade do interior de Mato Grosso do Sul. A veia política veio através de seu pai, Ramez Tebet (1936-2006), que foi governador de Mato Grosso do Sul, ministro e presidente do Senado.

​A senadora bateu de frente com caciques do partido no Senado quando decidiu se lançar candidata à presidência da Casa em 2019, para enfrentar o correligionário Renan Calheiros (MDB-AL), mas retirou seu nome.

Disputou o cargo em 2021 e acabou abandonada pela maior parte da bancada emedebista e derrotada.

Depois ganhou destaque na CPI da Covid, ao arrancar informações de depoentes, investigar empresas e por enfrentar uma declaração machista do ministro Wagner Rosário (Controladoria Geral da União), que a chamou de descontrolada.

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