Descrição de chapéu Eleições 2022 Datafolha

Estacionado, Ciro rejeita mudar estratégia para roubar votos de Lula e Bolsonaro

Candidato do PDT admite dificuldade para furar bolha, mas cita Einstein e mira pobres e comunicação digital

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São Paulo

Apesar de estar estacionado em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, pretende manter a estratégia de se colocar como alternativa à polarização política entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que lideram a disputa.

Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (18) mostra que Ciro mantém 7% —distante do petista, com 47%, e do atual presidente, com 32%. Trata-se do mesmo percentual registrado pelo pedetista no levantamento divulgado no fim de maio.

Ciro Gomes (PDT) posa ao lado de operários da antiga fábrica da Cobrasma
Ciro Gomes (PDT) visita antiga fábrica da Cobrasma em agenda de campanha em Osasco, na região metropolitana de São Paulo - Divulgação/Keiny Andrade

Apesar de ele estar 25 pontos percentuais atrás do segundo colocado, a campanha do PDT diz ter expectativa de que a situação mude depois do início da propaganda eleitoral em rádio e TV, que será veiculada a partir da próxima sexta-feira (26). Por isso, afirma que não pretende mudar os rumos.

"As eleições ainda não começaram para a maioria da população", diz Carlos Lupi, presidente da sigla.

Ciro, porém, levará desvantagem nos tempos da propaganda eleitoral. Lula deve ter 3 minutos e 39 segundos em cada bloco, contra 2 minutos e 38 segundos da coligação de Bolsonaro e apenas 52 segundos do candidato do PDT —inferior também aos tempos de Simone Tebet (MDB, com 2 minutos e 20 segundos) e Soraya Thronicke (União Brasil, com 2 minutos e 10 segundos).

Lupi reconhece a dificuldade de Ciro para furar a bolha da polarização em uma disputa presidencial que "parece ter apenas dois candidatos", Lula e Bolsonaro, segundo ele. Juntos, os dois primeiros colocados concentram 79% das intenções de votos, segundo a pesquisa Datafolha.

Mesmo assim, a campanha de Ciro diz que ainda busca pelo "furo que irá estourar a barragem de votos" represados pelo ambiente político polarizado, imagem compartilhada por integrantes do partido com frequência. Ainda em relação à metáfora, os discursos do candidato têm sido modulados para tentar furar as bolhas de influência de Lula e Bolsonaro, principalmente, nas redes sociais.

Para abocanhar parte do eleitorado petista beneficiado por programas sociais, Ciro anunciou programa de renda mínima de R$ 1.000 por família abaixo da linha da pobreza. Nas redes sociais, o candidato ataca o auxílio emergencial de R$ 600 do governo Bolsonaro e promete que a ajuda mensal será perene e prevista pela Constituição Federal.

A aproximação dos mais pobres foi definida como prioridade pelo marqueteiro João Santana, que determinou que a primeira agenda de campanha fosse na periferia de São Paulo. Na terça-feira (16), Ciro chegou antes das 8h ao bairro de Guaianases, no extremo leste e um dos locais mais pobres da cidade.

Na agenda, entre pedidos de desculpas por interromper o trânsito no bairro, ele falou sobre seu programa de transferência de renda batizado de Eduardo Suplicy, um dos quadros mais tradicionais do PT em São Paulo, o que incomodou alas petistas. Ciro também anunciou projeto de financiar smartphones em 36 vezes e ampliação de redes wi-fi gratuitas na periferia.

Imagens do candidato em bairros pobres e respondendo a perguntas de moradores serão usadas nos programas políticos para a TV.

Ciro se mune da sua artilharia contra o PT até para atacar Bolsonaro e atribui a eleição do atual presidente ao mensalão, escândalo de corrupção que envolveu a cúpula do governo Lula.

Para se colocar como a principal opção de candidato contra a polarização política entre Lula e Bolsonaro, e também para criticar o modelo econômico vigente no país, Ciro cita o cientista Albert Einstein em todas as suas agendas para dizer que a definição de insanidade é repetir as mesmas coisas e esperar resultados diferentes.

"Essa frase é muito importante para falar sobre o atual momento do Brasil, em que uma bola de ferro nos prende a um passado que tem que ser banido", disse durante sabatina na Associação Comercial de São Paulo na quinta-feira (18).

A pouca margem para mudanças significativas até o primeiro turno é corroborada pelo dado de que 75% dos entrevistados afirmaram já estarem totalmente decididos sobre o voto para presidente, segundo pesquisa Datafolha. Esse índice era de 71% no levantamento anterior, em julho.

Sem ter conseguido negociar coligações com outros partidos na chapa presidencial, o PDT terá pouco tempo de propaganda política.

Houve tentativas para fechar o apoio da União Brasil para obter mais tempo de TV e rádio, mas acabaram frustradas, mesmo após Ciro ter dado o posto de vice na chapa a Ana Paula Matos (PDT), vice-prefeita de Salvador e próxima de ACM Neto, candidato ao Governo da Bahia pela União Brasil.

A estratégia para driblar o pouco tempo de TV será criar programas para o YouTube. A plataforma tem sido trabalhada por Ciro desde o ano passado, quando João Santana assumiu a campanha e a definiu como principal aposta na comunicação digital.

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