Bolsonaro faz campanha na Dutra e diz que respeitará resultado se não for reeleito

Presidente esteve no RJ para evento de formatura dos aspirantes a oficiais do Exército

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Resende (RJ) e Brasília

No primeiro fim de semana de campanha, o presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve em Resende (RJ), onde foi recebido na manhã deste sábado (20) por uma motociata. Por mais de uma hora, ele ficou parado às margens da via Dutra para acenar e cumprimentar os apoiadores.

A motociata começou por volta das 7h na cidade vizinha de Volta Redonda, a cerca de 50 km de Resende.

Bolsonaro durante cerimônia em Resende, no Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli/Folhapress

Em vídeo publicado nas redes sociais, o presidente diz que a motociata foi espontânea e afirma que respeitará o resultado da eleição caso seja derrotado.

"Passaram mil motos em apoio a gente. A gente fica muito feliz com essa manifestação espontânea por parte da população. E a gente está nessa empreitada buscando a reeleição, se esse for o entendimento. Caso contrário, a gente respeita. Mas a nossa democracia, nossa liberdade acima de tudo", declarou.

Questionado mais tarde no mesmo dia pela Folha por que, após levantar repetidas vezes dúvidas sobre o sistema eleitoral, havia decidido respeitar o resultado das eleições, Bolsonaro não respondeu.

O entorno do presidente tenta reduzir o tom golpista das declarações dele durante a campanha e melhorar a relação com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sob comando do ministro Alexandre de Moraes.

Nesta semana, enquanto Moraes era ovacionado durante fala em defesa do sistema eleitoral, em sua posse como presidente do TSE, Bolsonaro não aplaudiu o ministro.

O presidente costuma atacar as urnas eletrônicas e insinuar que tribunal pretende fraudar o pleito deste ano. Alinhados a Bolsonaro, militares cobram mudanças em procedimentos de fiscalização das eleições. As Forças Armadas estão na lista de entidades de fiscalização do processo eleitoral.

Bolsonaro esteve em Resende para participar da cerimônia de entrega da Espada de Duque de Caxias aos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), evento de formatura dos aspirantes a oficiais do Exército. O presidente foi aluno da Aman e concluiu o curso em 1977.

Antes da cerimônia, por volta das 9h30, ele saiu do Hotel de Trânsito da Aman e foi até a rodovia por onde passava a motociata.

Na agenda de compromissos em Resende, Bolsonaro foi acompanhado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, pelo filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), além dos ministros Victor Godoy (Educação) e Anderson Torres (Justiça).

O ex-piloto de F1 Nelson Piquet também participou da agenda.

Durante a cerimônia, Bolsonaro dividiu palanque com Walter Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello (PL), candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro. Os três são generais do Exército.

Bolsonaro saiu da Aman em 1977 e deixou o Exército em 1988 como capitão reformado, após ser absolvido pelo Superior Tribunal Militar num caso em que foi acusado de planejar um atentado terrorista.

O presidente comparece a todas as edições do espadim da Aman desde que assumiu o Palácio do Planalto. Durante a solenidade, o espadim de Duque de Caxias foi entregue pelas mãos do presidente a Lucas Cremonese Jaeger, 20, escolhido por ser o destaque da turma de cadetes. Os outros formandos receberam o espadim das mãos de seus familiares.

A cerimônia teve a participação de 395 cadetes da Aman, 15 deles de nacionalidade estrangeira e 33 mulheres. Fundada em 1810, a instituição passou a aceitar mulheres apenas em 2018.

"Ao internalizar o nosso código de honra representado no culto à verdade, à lealdade, à probidade e à responsabilidade, vocês materializam o que a sociedade brasileira espera de seu Exército. Prossigam nessa senda de dignidade", disse o general João Felipe Dias Alves, comandante da Aman.

Jair Bolsonaro retornou para Brasília na tarde do mesmo sábado (20) e saiu para assistir a um show de stand-up do comediante Matheus Ceará - que integra o programa humorístico A Praça é Nossa. Ele estava acompanhado dos ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria Geral da Presidência) e Anderson Torres (Justiça).

O show foi recheado de piadas envolvendo mulheres, sexo, religiosos e insinuações de homossexualidade com os homens da plateia. Bolsonaro assistiu a maior parte com a mão cobrindo a boca, sem indicar se estava gostando.

Em determinado momento, uma espectadora pediu para o humorista fazer piadas com o presidente. Matheus Ceará então fez piada com o episódio em que Bolsonaro ergueu uma pessoa com nanismo e uma mulher questiona se é uma criança e com o fato de ele gostar dos vídeos do humorista. Ceará então divertiu-se imaginando que ele os assistia no banheiro.

Após o espetáculo, Bolsonaro e os ministros pararam para comer cachorro-quente em um carrinho de rua na Asa Sul, na capital federal. Vários apoiadores pediram para tirar fotos, mas também houve gritos de "fora, Bolsonaro", "genocida" e em favor do ex-presidente Lula. Bolsonaro evitou confrontos.

O presidente também se recusou a responder às perguntas da Folha.

Bolsonaro come cachorro-quente em Brasília
Bolsonaro come cachorro-quente em Brasília - Renato Machado/Folhapress
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