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Lula e Bolsonaro fecham alianças nos estados com palanques duplos e tensões

Ciro Gomes e Simone Tebet, por sua vez, enfrentam isolamento, com dissidências e neutralidade entre aliados

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Salvador

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegaram ao prazo final das convenções partidárias, encerradas na sexta-feira (5), com palanques duplos, apoios não recíprocos e tensões entre aliados nos estados.

Os também presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), por sua vez, enfrentam um cenário de isolamento, com dissidências em favor de Lula e Bolsonaro ou neutralidade entre parte dos candidatos a governador de seus próprios partidos e de siglas aliadas.

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Montagem com Lula, Bolsonaro, Ciro e Simone Tebet - Fotos Eduardo Anizelli, Pedro Ladeira e Zanone Fraissat/Folhapress

O PL, partido de Bolsonaro, concorre aos governos em 14 dos 26 estados. Em outros 7 e no Distrito Federal, o presidente subirá em palanques de partidos de fora do seu arco de alianças, como União Brasil, PSD, MDB e até o Solidariedade, aliado a Lula.

A busca por parcerias com outras legendas deu certo em estados como Paraná, com apoio à reeleição do governador Ratinho Júnior (PSD), ou Amazonas, Mato Grosso e Ceará, três estados onde o presidente apoiará candidatos da União Brasil.

Por outro lado, a estratégia não funcionou em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país. Bolsonaro não conseguiu chegar a um acordo com o governador Romeu Zema (Novo) e lançou a candidatura do senador Carlos Viana (PL) para ter um palanque no estado.

Em parte dos estados, o presidente não conseguiu criar palanques próprios competitivos.

É o caso do Piauí, onde Sílvio Mendes (União Brasil), candidato do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), recusa o apoio de Bolsonaro. Restará ao candidato a governador Coronel Diego Melo (PL) liderar a campanha bolsonarista no local.

No Maranhão, bolsonaristas aderiram à candidatura ao governo de Weverton Rocha (PDT), que também tem o apoio de setores do PT. A situação é parecida no Amapá, onde o PL estará na mesma coligação do PT em apoio a Clécio Luís (Solidariedade), ex-prefeito de Macapá eleito em 2012 pelo PSOL.

No Rio de Janeiro, base eleitoral de Bolsonaro, o governador Claudio Castro (PL) disputa a reeleição com o apoio do presidente, mas o MDB do candidato a vice-governador Washington Reis vai de Lula.

Presidente estadual do partido, o deputado federal Leonardo Picciani diz que a opção por Lula não enfrentou resistências de Castro. "O governador conhece as características do MDB e respeita nossa posição."

Em estados como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Tocantins e Rondônia, a situação é mais favorável a Bolsonaro, com palanques múltiplos de apoio ao presidente.

Em Santa Catarina, os três partidos do arco de alianças de Bolsonaro têm candidatos a governador e disputam o apoio do presidente: o governador Carlos Moisés (Republicanos), o senador Jorginho Mello (PL) e o senador Esperidião Amin (PP).

No Rio Grande do Sul, o embate dentro da base é entre o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) e o senador Luis Carlos Heinze (PP). O primeiro se ancora na relação próxima com Bolsonaro, enquanto o segundo aposta no apoio do setor do agronegócio, que têm força no interior do estado.

Em entrevista à rádio Guaíba na última quarta-feira (3), Bolsonaro disse que não tomará lado na disputa entre aliados. "São nomes bastante simpáticos, fica difícil."

Já em estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o presidente vai apoiar partidos de um arco de alianças —respectivamente, Mauro Mendes (União Brasil) e Eduardo Riedel (PSDB). No entanto, alas mais radicais do bolsonarismo lançaram seus próprios candidatos em partidos como o PRTB e PTB.

O ex-presidente Lula, por sua vez, encerrou o prazo final das convenções se dedicando a apagar incêndios entre partidos aliados, sobretudo PT e PSB. Os dois maiores partidos da coligação não conseguiram chegar a acordos no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, na Paraíba e no Acre.

No Rio, o deputado federal Alessandro Molon (PSB) manteve sua candidatura ao Senado a despeito dos apelos do partido, que prometeu fechar as torneiras do fundo eleitoral para sua campanha. Ele vai para o embate direto com o deputado estadual André Ceciliano (PT).

As rusgas respingaram no apoio à candidatura de Marcelo Freixo (PSB) ao governo fluminense. O PT local tenta construir pontes com candidatos de outras alianças, como Rodrigo Neves (PDT) e até com o governador Cláudio Castro (PL).

No Rio Grande do Sul, PT e PSB vão trilhar caminhos diferentes, com candidatos próprios ao governo. No Acre, a disputa entre os dois partidos ficará restrita ao Senado —o ex-governador Jorge Viana (PT) decidiu nesta sexta-feira (5) que concorrerá ao governo do estado, mas não terá o apoio do PSB.

Já em estados como Pernambuco, Paraíba e Sergipe, Lula terá mais de um palanque para frequentar. No primeiro, o ex-presidente apoia oficialmente Danilo Cabral (PSB), mas parte da militância petista está engajada na campanha de Marília Arraes (Solidariedade).

Na Paraíba, o apoio formal de Lula vai para Veneziano Vital do Rêgo (MDB), que enfrentará o governador João Azevêdo (PSB) nas urnas. Já em Sergipe, o ex-presidente apoiará Rogério Carvalho (PT), mas também receberá o apoio de Fábio Mitidieri (PSD).

O PT definiu candidaturas próprias a governador em 12 estados, sendo que os nomes mais competitivos concorrem em São Paulo, Acre e cinco estados do Nordeste: Ceará, Bahia, Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte.

Em quatro estados, o PT apoiará candidatos de partidos fora da sua aliança formal, todos eles do MDB: além de Veneziano Vital do Rêgo, o PT estará no palanque de Paulo Dantas (Alagoas), Eduardo Braga (Amazonas) e Helder Barbalho (Pará).

Apenas no Pará o apoio não é publicamente recíproco. Com um arco de alianças que também inclui bolsonaristas, Barbalho resiste a manifestar voto em Lula. Em maio, ele disse que apoiaria Tebet, mas reconheceu que ela tem poucas chances de sucesso.

Ciro e Tebet iniciam a campanha com palanques estaduais frágeis e pouca capilaridade fora dos grandes centros.

O PDT terá candidato próprio a governador em nove unidades da federação, mas vai para a disputa com nomes competitivos apenas no Ceará, no Rio de Janeiro, no Maranhão e no Distrito Federal. Ainda assim, os candidatos Rodrigo Neves, no Rio, e Weverton Rocha, no Maranhão, têm sinalizado apoio a Lula.

A senadora Tebet, por sua vez, terá apoios de candidatos a governador em oito estados, dentre nomes do MDB e PSDB.

O MDB terá oito candidatos a governador, mas três deles estão com Lula e dois com Bolsonaro. Os outros três não garantiram apoio exclusivo à presidenciável. Dentre eles está André Pucinelli, que concorre ao governo de Mato Grosso do Sul, estado natal e base política da senadora.

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