Datafolha: Para 69%, há corrupção no governo Bolsonaro

Tema é central tanto na propaganda do presidente quanto nos ataques a seu rival Lula

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São Paulo

Para 69% dos brasileiros, há corrupção no governo de Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição em segundo lugar na mais recente pesquisa do Datafolha, feita de terça (20) a quinta (22).

O mesmo levantamento questionou os 6.754 eleitores ouvidos em 343 cidades acerca de sua percepção sobre a lisura do governo federal. O resultado mostra efeito mínimo dos quase 30 dias de propaganda obrigatória de rádio e TV: em julho, achavam que havia corrupção 73%.

Ou seja, houve uma queda, mas no limite da margem de erro, de dois pontos percentuais para mais ou menos. Quando o Datafolha fez a mesma pergunta em julho de 2021, o índice era igual ao atual, 70%.

Bolsonaro com o então ministro da Educação, Milton Ribeiro, que deixou o governo sob acusação de corrupção
Bolsonaro com o então ministro da Educação, Milton Ribeiro, que deixou o governo sob acusação de corrupção - Evaristo Sá - 4.fev.22/AFP

O movimento é idêntico entre aqueles que acreditam não haver corruptos no governo: eram 23% no ano passado, 19% na rodada anterior e, agora, 23% novamente. Não souberam opinar 8% (7% em 2021, 8% em julho).

Pilar da imagem que projetou Bolsonaro da obscuridade na Câmara dos Deputados à Presidência em 2018, muito devido ao clima de rejeição à política tradicional inspirado pelas revelações da Operação Lava Jato, o combate à corrupção voltou à campanha do presidente.

Sempre que tem oportunidade, como no discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU nesta semana, Bolsonaro diz que "extirpou a corrupção no país" e tenta associar as práticas aos anos do PT no poder, mirando o líder na corrida Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente foi obrigado a modular o discurso, não só porque ajudou a patrocinar o enterro da Lava Jato ao indicar um aliado para a Procuradoria-Geral da República, mas também porque os casos de corrupção envolvendo sua família e seu governo abundaram ao longo desses anos de gestão.

No âmbito familiar, casos como o das "rachadinhas". No administrativo, traficâncias no Ministério da Saúde envolvendo vacinas e o escândalo dos pastores do MEC são alguns dos casos mais notórios.

Tendo sido obrigado a se livrar do ministro da Educação, Bolsonaro passou a dizer que acabou com o problema de forma sistêmica —para diferenciar seus problemas daqueles do PT, já que o petrolão e o mensalão eram esquemas destinados a ajudar manter o partido no poder.

A percepção de que há corrupção é, de forma natural, maior entre os 44% que consideram o governo ruim ou péssimo: neste segmento, 93% apontam o problema.

A pesquisa do Datafolha foi contratada pela Folha e pela TV Globo, e seu registro no TSE tem o número BR-04180/2022.

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