Campanha de Lula espera voto útil na hora H e aliados de Bolsonaro apostam em abstenção

No entorno do chefe do Executivo, ainda se questionam pesquisas; Datafolha mostra Lula com 50% de votos válidos

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Brasília

Na véspera do primeiro turno, a campanha do líder nas pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aposta ainda que conseguirá votos úteis no último minuto para já liquidar a fatura no domingo (2).

Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, ainda desacreditam pesquisas de intenção de voto, dando como certo que haverá segundo turno.

A abstenção é vista por ambas as campanhas como fator decisivo para um eventual desfecho da eleição neste domingo.

Aliados de Bolsonaro contam com a abstenção de parcelas mais vulneráveis da sociedade, eleitorado mais próximo do petista. Também acreditam que o medo de violência política pode influenciar na desistência de eleitores.

LULA X BOLSONARO
Lula e Bolsonaro - Marlene Bergamo/Folhapress e Adriano Machado/Reuters

Por outro lado, trabalham para que a população idosa compareça às urnas –governo alterou neste ano para constar o voto como prova de vida para o INSS. Eles consideram que o segmento tem mais eleitores para o mandatário.

Outros mais radicais no entorno do presidente ainda falam em vitória no primeiro turno –para Bolsonaro.

A previsão vai na contramão de todas as últimas pesquisas publicadas no sábado (1º). O Datafolha, último levantamento, indicou que o petista tem 50% dos votos válidos, ante 36% de seu principal rival.

O cenário é o mesmo de quinta-feira (29) e torna mais concreta a possibilidade de uma vitória do petista.

Integrantes do núcleo da campanha petista dizem que todas as curvas das pesquisas mostram que é possível liquidar a fatura já neste dia 2 e que uma eventual vitória dependerá do índice de abstenção.

Além disso, avaliam que ainda não houve transferência de votos úteis de Ciro Gomes (PDT) e de Simone Tebet (MDB) e esperam que isso ocorra na hora H, quando o eleitor tiver diante da urna.

Pesará muito, para aliados de Lula, o desejo da população de não estender a eleição para um segundo turno para evitar desgastes.

Os petistas reconhecem que uma parte de votos de Ciro e Tebet poderá ir para Bolsonaro, mas avaliam que Lula seria o maior beneficiário desses apoios, o que daria sua vitória no 1º turno.

A marca do petista é o limiar para atingir metade mais um dos votos válidos, aqueles que excluem brancos e nulos (e indecisos, no caso do levantamento), o mínimo para evitar o segundo turno.

Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), 20% dos eleitores aptos a votar não compareceram às urnas nas eleições de 2018, quando o atual presidente foi eleito. Em 2006, quando Lula foi reeleito, 17% não votaram.

Diante da proximidade do primeiro turno e pressionado por sondagens eleitorais, Bolsonaro tem intensificado a estratégia apelidada por aliados de "Datapovo": a de usar imagens de eventos com apoiadores para contestar pesquisas com metodologia científica.

Neste sábado, realizou motociatas em São Paulo e Santa Catarina, e disse a apoiadores que venceria no primeiro turno com 60% dos votos.

Na noite de quinta-feira (29), após a divulgação de uma pesquisa do Datafolha, Bolsonaro voltou a atacar o instituto em sua transmissão semanal nas redes sociais.

"Estamos assistindo, pela primeira vez, se a gente for acreditar no Datafolha, um presidente [Lula] que, segundo o Datafolha de hoje, vai ganhar no primeiro turno sem voto. Se ele tem, segundo o Datafolha, 50% [dos votos válidos]... Ele não consegue sair na rua", disse.

"Como é que eu, que segundo o Datafolha acho que tenho 30%, 32%, 33% [Bolsonaro aparece com 36% dos votos válidos], eu saio na rua?", completou o presidente.

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