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Lula tenta reconciliação de Marília Arraes com PSB para 2º turno em PE

Partido mostrou disposição em seguir o ex-presidente e apoiar a ex-filiada

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Recife

O PSB sinalizou apoio a Marília Arraes (Solidariedade) no segundo turno da disputa pelo Governo de Pernambuco. A candidata disputará contra Raquel Lyra (PSDB) no dia 30 quem será a primeira governadora do estado.

Sem mencionar a candidata, a legenda disse que irá apoiar a candidatura que tiver o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na nova etapa da eleição.

Nesta sexta, o PT oficializou o apoio a Marília Arraes, após aval de Lula. O apoio marcou um reencontro do partido com a deputada, que foi filiada ao partido durante seis anos e deixou a sigla em março para ser candidata a governadora pelo Solidariedade.

Lula conversa com Marília Arraes durante ato de apoio do Solidariedade ao ex-presidente, em maio. - Marlene Bergamo/Folhapress

No primeiro turno, o candidato do PSB foi o deputado federal Danilo Cabral, apoiado por Lula. Na etapa inicial da eleição pernambucana, Marília fez campanha para o ex-presidente, mas sem ter o apoio oficial do petista.

"Em Pernambuco, defendemos e indicamos, no segundo turno das eleições para o governo do estado, a candidatura que for apoiada pelo presidente Lula e que simbolize esses valores", diz trecho de nota do PSB.

A sigla também disse que seguirá empenhada para assegurar a vitória de Lula na disputa presidencial.

Marília irá a São Paulo neste fim de semana para se reunir com Lula e fazer gravações para o programa eleitoral de rádio e televisão. No encontro, eles também devem discutir sobre a confirmação do apoio do PSB a Marília. Lula também deverá fazer atos de campanha ao lado de Marília no estado.

O ex-presidente tenta promover uma conciliação de Marília com o PSB. O rompimento dela com o antigo partido aconteceu em 2014. Na ocasião, Marília era vereadora do Recife e acusou o primo, o ex-governador Eduardo Campos (1965-2014), de promover uma guinada à direita no partido.

Marília Arraes decidiu enfrentar o comando do PSB e declarou apoio à reeleição de Dilma Rousseff (PT) para a Presidência, contra a candidatura própria de Eduardo, assumida posteriormente por Marina Silva após o trágico acidente aéreo que culminou com a morte do ex-governador.

Apesar do distanciamento dos Campos com Marília, Lula disse, em diversas ocasiões, que tem boa relação com todos da família Campos-Arraes. Como pano de fundo para a possível reconciliação, está o discurso de que é preciso unir forças para derrotar o bolsonarismo.

Em 2016, Marília se filiou ao PT, com a ficha abonada por Lula. Foi reeleita vereadora e se tornou líder da oposição ao PSB na Câmara do Recife. Dois anos depois, lançou-se como pré-candidata a governadora, mas foi rifada do páreo após um acordo das direções nacionais de PT e PSB envolvendo as eleições de Pernambuco e outros estados.

Como alternativa, Marília disputou e venceu para uma das cadeiras na Câmara dos Deputados. Neste ano, a deputada decidiu sair do PT para se lançar na disputa pelo governo estadual. A saída aconteceu pois o PT fechou uma aliança nacional com o PSB, na qual os pessebistas seriam o cabeça de chapa em Pernambuco, como aconteceu.

Além da disputa política, Marília tem um rompimento familiar com a ala familiar dos Campos. Durante o período de rompimento, eles disputaram o legado do ex-governador Miguel Arraes (1916-2005).

Em 2020, no segundo turno para a prefeitura do Recife, o primo de segundo grau de Marília, João Campos (PSB), usou o antipetismo como estratégia para vencer a disputa.

Neste ano, o lançamento da candidatura de Marília Arraes trouxe dificuldades principalmente para o PSB, já que parte do eleitorado de Lula se identificou com a ex-petista, dificultando a migração de votos lulistas para Danilo Cabral.

No primeiro turno, uma das apostas do PSB era atacar Marília para chegar ao segundo turno. Danilo Cabral tentou associar a adversária ao orçamento secreto e criticou a atuação dela como deputada. Marília era taxada como a principal opositora do PSB pelo próprio partido.

O possível apoio do PSB a Marília é visto com duas vertentes pela própria campanha da candidata. Ao mesmo tempo em que a estrutura do partido com prefeitos e vereadores pode dar musculatura à candidata, por outro lado, a campanha de Raquel Lyra (PSDB) deverá vincular a adversária ao atual governador Paulo Câmara (PSB), que tem alta rejeição.

Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB) disputarão o segundo turno para o Governo de Pernambuco - @Marília Arraes no Facebook e @Raquel Lyra no Facebook

A derrota do PSB no primeiro turno é atribuída, entre outros fatores, à reprovação elevada ao governador Paulo Câmara, conforme integrantes do PSB nos bastidores.

Há aliados de Marília que defendem uma recusa ao apoio, o que poderia jogar o PSB para a posição de neutralidade. No entanto, com o apelo de Lula, as chances da negativa acontecer são remotas, segundo aliados da candidata a governadora.

Marília já recebeu apoio de PC do B, Republicanos, PDT, PT e PSOL. A estratégia da ex-petista no segundo turno é reforçar seu vínculo a Lula e tentar associar Raquel Lyra ao bolsonarismo. Pernambuco deu, no primeiro turno, 65,27% dos votos válidos a Lula, e 29,91% a Bolsonaro.

Adversária de Marília Arraes, Raquel Lyra está reclusa com a família desde o domingo (2), após a morte do marido, o empresário Fernando Lucena, 44, depois de um mal súbito. Raquel ainda não se manifestou sobre a disputa nacional.

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