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Eleições 2022

Lula e Bolsonaro focam desgaste de rival para atrair últimos votos

Petista saiu na frente no debate, mas presidente aproveitou melhor oportunidades do bloco final

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Brasília

Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) foram ao debate Folha/UOL/Band/TV Cultura mais interessados em reforçar os conhecidos pontos de desgaste do adversário do que enaltecer as próprias qualidades. O atual presidente conseguiu aproveitar melhor as oportunidades.

As características do segundo turno favorecem uma aposta de atrair votos por rejeição. Numa disputa cristalizada há vários meses, os movimentos decisivos a partir de agora devem depender de eleitores que parecem inclinados fazer uma escolha para evitar a vitória de um ou outro candidato.

A troca de acusações feita no debate mexe com as paixões dos eleitores, mas não chega fundo o suficiente para provocar uma migração em massa para um dos lados.

Lula saiu na frente no primeiro bloco ao tentar reativar o tema da pandemia, que anda dormente na cabeça do eleitor. O ex-presidente ditou o ritmo do confronto inicial com Bolsonaro ao tentar vincular o rival à demora para a compra de vacinas e ao alto número de mortes por Covid registrado no Brasil.

O objetivo do petista era dar destaque a marcas negativas que "colaram" em Bolsonaro ao longo dos anos de governo, sendo a pandemia uma das mais fortes.

Nesse mesmo sentido, Lula explorou boa parte de suas intervenções ainda no início do debate para tentar vincular o presidente a declarações mentirosas e chegou a chamá-lo de "cara de pau". A ideia da campanha petista é pegar carona na desconfiança que uma parcela do eleitorado tem diante das falas de Bolsonaro, captada pelas pesquisas.

Parecia uma jogada eficiente para Lula, considerando que o atual presidente andava com certo desconforto no terreno da defesa das realizações de seu governo. Mas Bolsonaro conseguiu contra-atacar no bloco final.

O presidente lançou Lula na defensiva com questionamentos sobre escândalos de corrupção –para os quais o petista, depois de três debates na atual disputa, ainda não conseguiu encaixar uma reação matadora.

Bolsonaro, que era assessorado nos intervalos do debate pelo ex-juiz Sergio Moro, chegou a acusar o petista de "dividir com seus amigos" dinheiro do esquema.

Lula perdeu a oportunidade de rebater de maneira contundente a declaração do adversário. Preferiu repetir o discurso de que o petrolão só foi descoberto porque havia ferramentas de investigação em seu governo e que a Lava Jato não deveria ter "quebrado as empresas" –uma retórica que pode animar eleitores já convertidos, mas dificilmente convence indecisos que se incomodam com o tema.

Graças a uma falha do petista, que administrou mal o tempo distribuído aos candidatos, Bolsonaro ainda ganhou a chance de fazer um minicomício de seis minutos e desfiar um rosário de insinuações direcionadas ao eleitorado religioso, repetindo a falsa suspeita de que um governo do PT fecharia igrejas.

Lula afirmou ter criado uma lei para proteger a liberdade religiosa e preferiu mandar uma mensagem ao eleitor de baixa renda, seu principal foco na campanha. Foi uma reação tímida demais para um tema que tem sido martelado dentro de templos evangélicos, numa operação coordenada pelo bolsonarismo.

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