Descrição de chapéu Eleições 2022

Passageiros aprovam gratuidade em dia movimentado no transporte de São Paulo

Passe livre foi adotado para facilitar a movimentação durante o segundo turno das eleições

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Terminais de ônibus municipais e estações de trem e metrô no centro expandido de São Paulo tiveram neste segundo turno das eleições movimento acima do normal para um domingo, mas nada que tenha provocado incômodo ou reclamação por parte da maioria dos passageiros, que aproveitaram o passe livre.

Nas rodoviárias, muitos foram surpreendidos com a gratuidade das passagens dentro do estado

Respaldados pela liberação promovida pelo STF (Supremo Tribunal Federal), a prefeitura da capital e o governo estadual concederam passe livre. A administração municipal disse que a medida custaria R$ 7 milhões aos cofres públicos —para o estado, R$ 11,5 milhões.

Paulistanos aprovam passe livre em domingo de eleição no Terminal Rodoviário do Tietê, na zona norte da capital paulista - William Cardoso - 30.out.22/Folhapress

Nos ônibus, foi possível até mesmo viajar sentado nos bairros centrais da capital. O Terminal Parque Dom Pedro 2º, na Sé, por exemplo, teve movimentação abaixo da esperada, segundo fiscais. Em Pinheiros, na zona oeste, plataformas e ônibus ficaram vazios durante a tarde.

Já em algumas partes das periferias da cidade houve reclamação por demora e lotação nos ônibus. A reportagem presenciou longas filas nos terminais João Dias e Jardim Ângela, na zona sul, onde partem linhas para outras regiões da cidade, como Jardim São Luís e Capão Redondo.

O instrutor de prática veicular Edvaldo Francisco de Sobral, 56, aprovou a gratuidade. Ele mora na Fazenda da Juta, na zona leste, e foi até a Liberdade, no centro, para votar.

"Está ótimo, até por terem, como eles disseram, colocado ônibus a mais", disse.

A SPTrans prometeu 2.000 coletivos a mais que em um domingo comum, esperando algo em torno de 3,3 milhões de passageiros —40% a mais que o normal para o dia. A Secretaria de Transportes Metropolitanos disse que o balanço do número de passageiros atendidos será divulgado nesta segunda (31).

A experiência da passagem gratuita foi tão boa que a auxiliar administrativo Caterine Rodrigues Alves, 29, disse que poderia se repetir ao menos nos domingos convencionais.

Neste dia de votação, ela fez a baldeação entre metrô e trem na estação da Luz para seguir para o Itaim Paulista, na zona leste. Depois, ainda tomaria um ônibus para o bairro vizinho de Guaianases.

"A gente paga tanto imposto, a condução é tão cara e péssima. Pelo menos um dia na semana [de graça], para passear ou, como a gente, voltar do trabalho", disse ela.

A catraca livre também agradou a analista de crédito imobiliário Isabele Venâncio, 23. Ela mora na Parada Inglesa e vota em Parada de Taipas, ambas na zona norte, mas separadas por 11 km. Se fosse pagar, gastaria mais de R$ 15 com transporte, entre trem e ônibus. "Existe uma população pobre na periferia e ter o transporte gratuito ajuda a votar", afirmou.

RODOVIÁRIAS

No Terminal Rodoviário do Tietê, houve fila no início da tarde nos guichês da empresa responsável pelas linhas para o Vale do Paraíba e Litoral Norte. Atendentes relataram até o dobro de movimento que nos domingos comuns e motoristas disseram que os ônibus partiram lotados.

O médico veterinário Rafael Pedroso Vargas, 32, ficou 40 minutos aguardando pela oportunidade de tirar a passagem para Taubaté (150 km de São Paulo). Ele disse que atrapalhou um pouco, porque trabalhou a noite inteira no plantão e retornaria à capital ainda neste domingo. Mesmo assim, aprovou o passe livre.

"Facilitou principalmente para quem não tem condição. Muita gente não teria como se transportar nem mesmo dentro da cidade", disse.

No Terminal Barra Funda, quem trabalha nos guichês afirmou que o movimento foi maior que o de um domingo comum, mas não houve uma corrida desesperada por passagens, como se chegou a cogitar entre os funcionários das empresas.

No início da manhã, o Terminal Jabaquara, de onde partem ônibus para a Baixada Santista e Litoral Sul, teve movimento como em um fim de semana qualquer. Muitos passageiros chegaram à rodoviária sem saber que a viagem era gratuita por causa da eleição. A maioria acreditava que o passe livre valeria apenas para trens, metrô e ônibus municipais.

Nos guichês, os atendentes das companhias de ônibus disseram que esperavam um movimento maior. Para a emissão das passagens, exigiram apenas o RG.

A analista Aylana Rodrigues, 26, teve uma surpresa ao chegar ao guichê da empresa que a levaria para Guarujá, a 82 quilômetros de São Paulo. Ela chegou a comprar a passagem pela internet, mas foi avisada já na rodoviária que a viagem seria gratuita. Guardou o bilhete pelo qual pagou e foi informada que poderia trocá-lo para usar durante o período de até um ano. "Vou economizar uns R$ 100, ida e volta", disse.

A psicóloga Cleide de Oliveira, 56, chegou cedo ao Jabaquara para ir a Santos, a 72 quilômetros de São Paulo, onde vota.

Para a psicóloga, a passagem gratuita serve de motivação para as pessoas irem votar. "Estamos vivendo uma situação no país em que é preciso se posicionar", disse. "Nasci no meio da repressão, em 1966. Vi esse país mudar para melhor, mas estou vendo mudar para pior. Não quero que meus netos vejam isso."

As vans clandestinas que partem ao lado do terminal continuaram a operar normalmente, cobrando o preço normal da viagem. Os "puxadores", como são chamadas as pessoas que atraem os passageiros, tentavam convencer os desavisados, que não sabiam da gratuidade nas linhas convencionais.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.