Pesquisas captaram preferências com mais exatidão no segundo turno

Levantamentos da véspera da eleição presidencial indicaram números mais próximos do resultado das urnas

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São Paulo

O resultado do segundo turno da eleição presidencial indica que os principais institutos de pesquisa captaram as preferências de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) no fim da campanha eleitoral com maior exatidão do que no primeiro turno.

O acirramento da disputa na reta final deixou a diferença entre os dois no limite da margem de erro dos levantamentos, o que dificultou projeções mais assertivas, mas quase todos os institutos apontaram a vitória de Lula como mais provável do que a reeleição de Bolsonaro.

O presidente eleito, Lula (PT), e o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL) - Fotos Marlene Bergamo e Adriano Vizoni/Folhapress

Segundo o Datafolha, na véspera da eleição o petista alcançava 52% das intenções de votos válidos e o presidente tinha 48%, excluídos os eleitores indecisos e os dispostos a votar em branco ou nulo. Contados os votos no domingo (30), Lula teve 50,9% e Bolsonaro, 49,1%.

Embora a vantagem que deu a vitória ao líder petista tenha sido mais estreita do que a indicada pelo estudo do Datafolha na véspera, as diferenças entre os números se encontram dentro da margem de erro da pesquisa, de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos.

"Havia menos eleitores indefinidos ou cogitando rever a escolha do que no primeiro turno, e não houve grandes mudanças de última hora", afirma Luciana Chong, diretora do Datafolha. "Por isso, os números das últimas pesquisas ficaram mais próximos do resultado final."

O último levantamento do Ipec apontou Lula com 54% na véspera da eleição e vantagem maior sobre Bolsonaro, que aparecia com 46%. Nesse caso, a diferença para os resultados oficiais é de três pontos porcentuais, acima da margem de erro da pesquisa, de dois pontos.

Na véspera da eleição, 10% dos entrevistados pelo Datafolha disseram não ter candidato quando instados a revelar espontaneamente suas preferências. Entre os que fizeram opção após a exibição dos nomes de Lula e Bolsonaro, 6% disseram que ainda podiam mudar de ideia.

O Ipec chegou a números semelhantes na véspera da eleição, mas não antecipou o estreitamento da diferença entre os dois adversários no resultado final. "Não temos como saber a escolha que essas pessoas fizeram na hora da votação", diz Marcia Cavallari, diretora do Ipec.

A Quaest obteve resultados iguais aos do Datafolha na véspera, Lula com 52% das intenções de votos válidos e Bolsonaro com 48%. Os dois institutos também apontaram uma diminuição da diferença entre os rivais, com pequenas variações nos últimos dias da campanha eleitoral.

A Quaest criou um modelo para estimar os resultados de acordo com a propensão dos eleitores a comparecer às urnas, combinando estatísticas do primeiro turno e de disputas anteriores com perguntas específicas sobre a disposição dos entrevistados para votar no domingo.

Com esse modelo, a consultoria projetou na véspera que Lula teria 51,4% dos votos válidos e Bolsonaro ficaria com 48,6%, aproximando-se mais do resultado das urnas. "A abstenção é chave para entender o comportamento do eleitor", diz Felipe Nunes, diretor da Quaest.

Conforme as estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral, 20,9% dos eleitores registrados não compareceram às urnas no primeiro turno. No domingo, a taxa de abstenção foi um pouco menor, 20,6%. Foi a primeira vez que o comparecimento cresceu no segundo turno desde 2002.

Na avaliação dos institutos, a elevada abstenção é uma das prováveis explicações para a diferença observada entre as últimas pesquisas feitas antes do primeiro turno e o resultado das urnas, além de mudanças de última hora de eleitores que estavam menos convictos.

O Datafolha faz tradicionalmente projeções no dia da eleição, com base na totalização dos votos pela Justiça Eleitoral. No domingo, o instituto projetou a vitória de Lula às 19h05, quando havia quase 92% dos votos apurados.

Na eleição para governador de São Paulo e em outras disputas estaduais, houve diferenças além da margem de erro admitida pelos institutos de pesquisa, entre os levantamentos realizados na véspera do segundo turno e o resultado computado pelas urnas.

Segundo o Datafolha, Tarcísio de Freitas (Republicanos) tinha 53% das intenções de votos válidos na véspera e Fernando Haddad (PT) tinha 47%. Encerrada a contagem dos votos, Tarcísio foi eleito com 55,3% e Haddad teve 44,7%. As diferenças estão fora da margem de erro, embora por 0,3 ponto porcentual.

A última pesquisa do Datafolha indicou que 15% dos eleitores paulistas não revelavam espontaneamente nenhuma preferência na véspera da eleição, e 10% ainda cogitavam a possibilidade de mudar sua opção. O Ipec chegou a números semelhantes no último levantamento.

Em Pernambuco, as diferenças entre a pesquisa feita pelo Ipec na véspera da eleição para governador e o resultado da votação foram ainda maiores, indo a quase 5 pontos porcentuais no caso de Marília Arraes (Solidariedade), que perdeu a eleição para Raquel Lyra (PSDB).

No último levantamento feito pelo instituto no estado, Raquel apareceu com 54% das intenções de votos válidos e Marília com 46%. Concluída a totalização dos votos, Raquel foi eleita com 58,7% dos votos válidos. Sua adversária conseguiu 41,3% dos votos.

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