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Polícia diz procurar arma de homem morto em tiroteio que interrompeu agenda de Tarcísio

Delegada afirma que conflito em Paraisópolis começou após homens perceberem presença de PMs à paisana

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São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo diz procurar uma arma que ela atribui ao homem morto durante tiroteio que interrompeu a visita do candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos) a um polo universitário em Paraisópolis, na manhã de segunda-feira (17).

A diretora do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa), delegada Elisabete Sato, disse nesta terça (18) que foram apreendidos com Felipe Silva de Lima, 28, um coldre, um celular, um relógio e um pente de munição, mas que não foi encontrada arma.

Ela afirma haver certeza de que ele estava armado com base na versão de policiais que estavam à paisana e de imagens de câmeras de segurança que mostrariam um volume na roupa do rapaz.

Tarcísio de Freitas (Republicanos) senta no chão ao ouvir tiros em Paraisópolis
Tarcísio de Freitas (Republicanos) senta no chão ao ouvir tiros em Paraisópolis - Reprodução/GloboNews

Após interromper sua visita ao local, Tarcísio chegou a escrever em rede social que "fomos atacados por criminosos" e que "nossa equipe de segurança foi reforçada rapidamente com atuação brilhante da Polícia Militar de São Paulo".

Mais tarde, disse não acreditar em atentado, mas em "intimidação do crime", e descartou elo político. A polícia também afastou a hipótese de atentado como linha principal de investigação, mas a campanha de Jair Bolsonaro (PL) levou o tiroteio ao ar na sua propaganda de TV.

Um vídeo gravado por moradores de Paraisópolis mostra Felipe caído no asfalto no momento em que um PM pede autorização ao tenente para verificar se o rapaz tinha "arma na cinta".

Em outra sequência, antes de ser atingido, o suspeito aparece dirigindo uma moto e outro homem na garupa com um celular na mão filmando as proximidades do local onde estava Tarcísio.

O delegado-geral da Polícia Civil, Osvaldo Nico Gonçalves, afirmou que a arma não encontrada pode ter sido levada por moradores que tentaram resgatar o rapaz.

Segundo a delegada Elisabete Sato, Felipe tinha registro policial anterior sob suspeita de tráfico de drogas e roubo a residência, além de prisão temporária em aberto.

O garupa da moto foi identificado como Rafael Araújo, foragido desde 2020, quando deixou um presídio em Campinas (SP) na saída temporária do Dia das Mães.

A investigação da polícia diz ainda não saber de onde partiu o projétil que acertou o homem morto. "Temos um policial que afirmou ter atirado na direção do Felipe. Muito provavelmente seja ele", disse Sato, ressalvado não estar descartado que equipes da segurança possam ter baleado o rapaz.

Felipe Silva de Lima, 28, dirige moto com homem na garupa antes de ser baleado
Felipe Silva de Lima, 28, dirige moto com homem na garupa antes de ser baleado - Reprodução

Segundo a polícia, o conflito começou quando os dois homens perceberam a presença de dois policiais militares à paisana dentro de um carro estacionado próximo ao local onde ocorreu a visita de Tarcísio. Eles haviam sido destacados para fazer a varredura do local onde ocorreu a visita do candidato. Segundo a Polícia Civil, essa dinâmica é de praxe.

"Os indivíduos perceberam os policiais militares e passaram filmando dentro do carro. Só tinha um policial no carro e o outro estava no polo universitário", disse a delegada. "Ao perceber que estava sendo gravado, telefonou para o colega de farda [que estava no prédio], salientando que eles estavam à paisana. De cima, pela janela, o colega percebeu que ambos estavam armados e foi dado um alerta para o candidato", disse Sato.

A polícia diz que investigações apontam que dez motos e cerca de 20 pessoas rondaram o carro estacionado.

A visita ao polo universitário na favela foi interrompida pelo som de uma rajada de tiros. O candidato, integrantes da campanha e jornalistas foram orientados a se agachar e se afastar das janelas. A comitiva saiu do prédio, entrou em uma van e deixou Paraisópolis.

Nesta terça (18), Tarcísio evitou comentar o uso do episódio pela campanha de Bolsonaro. A Folha perguntou ao candidato durante um almoço com empresários em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, mas ele não respondeu.

A reportagem enviou perguntas à assessoria de imprensa de Tarcísio, que emitiu uma nota, mas não comenta sobre a postura da equipe de Bolsonaro.

"O episódio foi uma tentativa de intimidação, que não vai interferir na possível realização de outras agendas nas comunidades de São Paulo", diz a assessoria de Tarcísio. "Desde a tarde de segunda-feira, a segurança do candidato já está reforçada, mas, para preservar a integridade de Tarcísio e sua equipe, os detalhes não serão divulgados."

No evento desta terça, dez carros e mais de 30 homens da Polícia Militar, além de agentes da Polícia Civil e do GOE (Grupo de Operações Especiais), fizeram um esquema de segurança em São Bernardo do Campo.

Um oficial da PM disse que todos os batalhões receberam aviso para reforçar a segurança de Tarcísio e de Fernando Haddad (PT) até o final do segundo turno. Para isso, policiais poderão trocar a sua folga por horas extras.

"Eu coloquei à disposição dos candidatos a governador o reforço nas suas seguranças. Se entenderem como necessário, a polícia de São Paulo está à disposição", afirmou o governador Rodrigo Garcia (PSDB).

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