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Tarcísio compara ataque de Roberto Jefferson a comentário que cita filha de Bolsonaro

Fernando Haddad também comentou o caso e questionou mediação do ministro da Justiça

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São Paulo

O candidato ao Governo de SP Tarcísio de Freitas (Republicanos) comparou comentário feito por uma jornalista a respeito do relato de Jair Bolsonaro (PL) sobre garotas venezuelanas, no qual cita a filha adolescente do presidente, ao ataque com fuzil de Roberto Jefferson contra agentes da Polícia Federal.

Em entrevista à rádio Band News nesta segunda (24), Tarcísio disse se tratar de assuntos "da mesma natureza". "A gente relativiza a agressão à filha do presidente e fica escandalizado com a agressão do Roberto Jefferson, as duas coisas têm a mesma natureza. Não podemos ter dois pesos e duas medidas."

Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante entrevista na rádio Band News
Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante entrevista na rádio Band News - Reprodução

A resposta de Tarcísio repete declaração de Bolsonaro dada na noite deste domingo (23), na TV Record. O presidente, ao falar sobre o ataque contra os agentes da PF, condenou as ofensas feitas pelo ex-deputado à ministra do STF Cármen Lúcia, chamada por Jefferson de "prostituta", "arrombada" e "vagabunda".

"Não se justifica se referir a uma mulher da forma como ele se referiu. Mas também quero dizer que há poucos dias a senhora jornalista Barbara Gancia se referiu à minha filha no dia que ela completava 12 anos como… Não vou repetir… Uma pessoa de vida fácil. E lamentavelmente o tratamento não é o mesmo."

O candidato se refere a um post de Gancia publicado na semana passada no Twitter. "Pra bolsonarista imbrochável feito o nosso presidente, quando a filha do Bolsonaro se arruma, ela parece uma puta", postou ela no domingo (16). A mensagem recebeu muitas críticas de apoiadores do presidente.

A mensagem fez referência ao relato feito por Bolsonaro do encontro que teve com adolescentes venezuelanas em São Sebastião, na periferia de Brasília. Em entrevista a um podcast, ele usou a expressão "pintou um clima" para contar o episódio e insinuou que elas estavam se prostituindo.

O caso também foi citado pela primeira-dama durante culto-comício com a participação dos senadores recém-eleitos Damares Alves (Republicanos) e Marcos Pontes (PL) em São Paulo, na quarta (19). Segundo Michelle Bolsonaro, um colega de escola da menina perguntou "se ela era a puta". Com a voz embargada, a esposa de Bolsonaro disse que o episódio ocorreu no dia do aniversário de 12 anos da filha.

Na entrevista à rádio, Tarcísio emendou críticas ao que chamou de falta de liberdade de expressão ao comentar os tiros disparados por Jefferson que feriram dois agentes da PF. "Vejo com preocupação alguns acontecimentos que estão tomando conta do país nos últimos dias, como a falta de liberdade de expressão, a questão da censura", disse o candidato na entrevista.

Apoiadores de Bolsonaro têm usado as redes sociais para denunciar uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que deu direito de resposta a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a conteúdos publicados pela emissora Jovem Pan. Seguidores do presidente têm se referido à decisão como censura, e o canal incluiu uma faixa com a palavra "censurada" no logotipo exibido no site oficial e nas redes sociais da empresa.

Na mesma entrevista, Tarcísio repetiu o posicionamento de Bolsonaro sobre os ataques de Jefferson e disse que "não se recebe a polícia com armamento e tiros". "Isso é coisa de bandido."

Adversário de Tarcísio na disputa ao Governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT) também repercutiu o caso. Em sabatina realizada pela Globo, Valor e CBN, ele questionou a mediação feita pelo ministro da Justiça, Anderson Torres.

"Como o sujeito [Jair Bolsonaro] manda o ministro da Justiça fazer uma mediação? Quem é o Roberto Jefferson para ter o ministro da Justiça à sua disposição?", perguntou Haddad. "Nós estamos falando de uma pessoa que tem tornozeleira eletrônica, duas, três granadas dentro de casa, fuzil dentro de casa".

Anderson Torres foi convocado por Bolsonaro para acompanhar pessoalmente o episódio em que Jefferson atacou os policiais. O ministro divulgou vídeo em que se solidariza com os agentes feridos.

Segundo Haddad, a ação de Jefferson foi planejada e uma tentativa de desviar a atenção de Bolsonaro.

"Do meu ponto de vista, o Bolsonaro vive de crise. Ele não vive de governar. [...] E ele depende deste tipo de evento para sobreviver politicamente. Isso é uma técnica de comunicação para desviar a atenção daquilo que mais interessa ao público. Você vê que toda semana acontece alguma coisa inusitada", disse Haddad.

O ex-prefeito de São Paulo lembrou de ofensas contra padres nos últimos dias e do tiroteio que interrompeu o compromisso de Tarcísio em Paraisópolis, zona sul da capital, na semana passada. Segundo ele, os acontecimentos são tentativas de criar medo e atrair eleitores para o bolsonarismo. "São coisas que estão dando errado, mas são tentativas de criar um clima no país", afirmou.

Haddad também criticou as ofensas à ministra Carmen Lúcia e voltou a dizer que as mulheres são o alvo preferencial do bolsonarismo.

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