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Campanha de Lula reforça ligação de Bolsonaro com Jefferson em vídeo para as redes

Vídeo lembra de episódio de violência política e destaca reação de político do PTB contra policiais

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Brasília e Rio de Janeiro

A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai explorar a prisão de Roberto Jefferson (PTB) buscando ligá-lo a Jair Bolsonaro (PL) na reta final da campanha.

Um vídeo produzido pela equipe do petista, com o mote "chega de violência, chega de Bolsonaro", passou a ser distribuído nas redes na noite deste domingo (23) e foi publicado na página de Lula no Instagram.

No domingo, havia a previsão de que o vídeo entrasse como inserção na TV. Uma boa parte da campanha, porém, advoga que a semana deve ser pautada na economia e na discussão de propostas. Por isso, por ora, a decisão é de não levar o caso à TV e deixá-lo somente nas redes.

Vídeo do PT vai explorar prisão de Roberto Jefferson e ligação de político com Bolsonaro
Vídeo do PT vai explorar prisão de Roberto Jefferson e ligação de político com Bolsonaro - Divulgação

Um dos coordenadores da campanha de Lula afirma que o caso de Jefferson teve repercussão maior do que se esperava. De acordo com esse colaborador do petista, o fato de o presidente ter negado proximidade com o ex-deputado cola em Bolsonaro a imagem de que usa um aliado e depois descarta.

Interlocutores de Lula afirmam ainda que o episódio deixou desnorteados os apoiadores do presidente, demandando tempo para que se recompusessem

A peça produzida pela equipe de Lula começa com uma fala antiga de Bolsonaro, antes de virar presidente, em que diz "minha especialidade é matar". Em seguida, um locutor afirma que a violência bolsonarista "chegou a níveis alarmantes".

"Eles invadem igrejas, agridem padres; criam caos em locais sagrados; matam por causa da política, matam por nada", acompanhados de imagens do dia do assassinato do petista Marcelo Arruda, em julho, no Paraná.

Em seguida, o vídeo exibe uma imagem de Roberto Jefferson com um fuzil e chamadas para reportagens sobre a ordem de prisão do deputado e o ataque a policiais com fuzis e granadas. "O Brasil precisa de paz, Bolsonaro nunca mais", termina o filme da campanha de Lula.

O período de pré-eleição deste ano foi marcado por um clima inédito de medo e violência.

Antes mesmo do início oficial da campanha, casos de agressão já se acumulavam. Além do episódio no Paraná, outros foram registrados envolvendo bolsonaristas.

Em setembro, um simpatizante do PT matou em Santa Catarina, a facadas, um homem que vestia uma camisa com menção a Bolsonaro.

A investida do PT ocorre em meio às tentativas da campanha de Bolsonaro para dissociar a imagem do presidente à de Roberto Jefferson.

O receio é que a prisão do político de extrema-direita possa impactar negativamente a reta final da campanha de Bolsonaro.

Jefferson foi preso pela PF (Polícia Federal) no domingo depois de resistir à ordem judicial e disparar tiros de fuzil e lançar granadas contra os agentes. Dois deles ficaram feridos.

O ex-deputado já estava em prisão domiciliar e foi alvo de decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), por ter descumprido medidas impostas no âmbito de uma ação penal em que é réu por incitação ao crime e ataques a instituições.

Em vídeo publicado nas redes, Roberto Jefferson xingou a ministra Cármen Lúcia, do STF, e a comparou a "prostitutas", "arrombadas" e "vagabundas".

Razão inicial para a ordem da prisão, os ataques foram feitos em comentário à decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que concedeu três direitos de resposta a Lula que deveriam ser veiculados em canais da Jovem Pan.

"Fui rever o voto da bruxa de Blair, a Cármen Lúcifer, na censura prévia à Jovem Pan. Olhei de novo, não dá pra acreditar. Lembra mesmo aquelas prostitutas, aquelas vagabundas arrombadas, que viram para o cara e diz: 'benzinho, nunca dei o rabinho, é a primeira vez'. Ela fez pela primeira vez. Ela abriu mão da inconstitucionalidade pela primeira vez", diz Jefferson.

Em nova decisão no domingo, Moraes reforçou a ordem de prisão e mencionou a possibilidade de enquadrar o ex-deputado no crime de tentativa de homicídio. A pena varia de 6 a 20 anos.

Ao longo do domingo, Bolsonaro deu diversas declarações em repúdio ao ex-aliado, chamando Roberto Jefferson de "criminoso" e "bandido". Na tentativa de negar vínculo com o dirigente do PTB, Bolsonaro chegou a dizer que não havia sequer uma foto dos dois —o que é mentira.

"Nós não somos amigos, não temos relacionamento. E tratamento para pessoas que são corruptas ou agem dessa maneira como Roberto Jefferson agiu, xingando uma mulher e também recebendo a bala policiais, o tratamento dispensado pelo governo Jair Bolsonaro será de bandido", disse o presidente durante sabatina da TV Record.

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