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TSE manda remover propagandas de Lula que associam Bolsonaro a canibalismo

Inserções da campanha do petista na TV usavam entrevista de Bolsonaro ao New York Times

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São Paulo

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu no sábado (8), em caráter liminar (provisório), que a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pode mais veicular inserções e propagandas na TV associando o presidente Jair Bolsonaro (PL) a práticas canibalistas.

A campanha do petista divulgou inserções, na semana que sucedeu o primeiro turno das eleições deste ano, com a entrevista dada por Bolsonaro ao jornal americano The New York Times em 2016, em que ele afirmava estar disposto a comer carne de um indígena morto.

O ministro Paulo de Tarso Vieira Sanseverino, do TSE, afirmou na decisão haver alteração sensível do sentido original da entrevista, sugerindo que Bolsonaro comeria carne humana em qualquer contexto, e não no caso restrito de um ritual durante a visita do então deputado ao povo yanomami de Surucucu.

Por se tratar de uma decisão liminar, entretanto, ainda cabe validação do plenário do tribunal eleitoral sobre a decisão monocrática.

Bolsonaro em entrevista ao NYT fala que quase comeu um índio
O presidente Jair Bolsonaro (PL) em entrevista ao jornal americano The New York Times, em 2016 - Reprodução - 5.out.22/Jair Messias Bolsonaro no YouTube

"Em análise superficial, típica dos provimentos cautelares, verifica-se que, como alegado, a propaganda eleitoral impugnada apresenta recorte de determinado trecho de uma entrevista concedida pelo candidato representante, capaz de configurar grave descontextualização", afirmou o ministro na decisão.

Sanseverino também argumentou gravidade na divulgação do conteúdo em redes sociais, que, segundo ele, gera ainda mais perigo à reputação de Bolsonaro.

Além de impedir as inserções televisivas, o ministro impôs à campanha petista a proibição de qualquer nova menção ao assunto e obrigou a remoção de conteúdos que usam a entrevista nas redes sociais usadas por Lula em sua candidatura.

Em caminhada na cidade de Belo Horizonte, capital mineira, Lula reagiu à decisão. "A Justiça pediu para tirar coisa nossa que não é fake news. É o presidente falando em entrevista. Ele pensa assim. Se puder, ele come índio", afirmou o candidato petista.

O vídeo antigo, que está publicado na íntegra no canal de YouTube do atual presidente, circulou nas redes sociais durante a semana em uma nova disputa de discursos pautada por questões religiosas e morais.

O então deputado federal afirmou que só não comeu carne humana de um indígena porque "ninguém quis ir com ele".

"Morreu o índio e eles estão cozinhando, eles cozinham o índio, é a cultura deles. Cozinha por dois três dias, e come com banana. Daí eu queria ver o índio sendo cozinhado, e um cara falou, 'se for ver, tem que comer', daí eu disse, eu como! E ninguém quis ir, porque tinha que comer o índio, então eles não me queriam levar sozinho, e não fui", disse Bolsonaro na entrevista. "Eu comeria sem problema nenhum. É a cultura deles. Eu me submeti a isso", completa o presidente.

No último sábado, Lula havia indicado que o vídeo deveria se tornar um mote seu, fazendo referência ao episódio três vezes em entrevista a jornalistas e dizendo não se tratar de "maldade" da campanha.

"Aquilo não é fake news ou maldade nossa, aquilo somos nós informando o povo sobre como é nosso adversário", disse, quando questionado se o caso seria mais explorado pela campanha. "O que está acontecendo é que não estamos inventando. Aquilo não é campanha do Lula falando, é ele [Bolsonaro] falando."

A Folha mostrou que a campanha petista usaria imagens de Bolsonaro discursando em loja maçônica caso o candidato à reeleição subisse o tom da campanha. O PT também voltou a ser alvo de vídeos manipulados que mostram Lula dizendo que faria pacto com o demônio e relacionando-o ao "satanismo".

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