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Voto de Amoêdo em Lula constrange o Novo, afirma partido

Sigla não se manifestou sobre integrantes que decidiram apoiar Bolsonaro publicamente

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São Paulo

O diretório nacional do partido Novo afirmou, em nota, que o voto de João Amoêdo em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no 2º turno "constrange a instituição" e é "lamentável e incoerente".

Segundo a sigla, o candidato à Presidência "sempre apoiou ditadores e protagonizou os maiores escândalos de corrupção da história".

"Apoiar aqueles que aparelharam órgãos de Estado, corromperam nossa democracia e saquearam os cofres públicos é fazer oposição ao povo brasileiro", afirma o partido.

Após o candidato à Presidência do Novo ser derrotado no 1º turno, a legenda reforçou seu posicionamento "totalmente contrário ao PT" e liberou filiados a declararem seus votos "de acordo com sua consciência e com os valores e princípios partidários".

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Retrato de João Amoêdo, candidato à Presidência em 2018 pelo partido Novo - Gabriel Cabral - 22.mai.2019/Folhapress

Neste sábado, Amôedo, que declarou voto em Jair Bolsonaro (PL) no 2º turno de 2018, afirmou ao Painel S.A. que agora votará em Lula, embora mantenha críticas ao candidato e ao PT.

"No dia 30, farei algo que nunca imaginei. Contra a reeleição de Jair Bolsonaro, pela primeira vez na vida, digitarei o 13", afirmou.

A justificativa é que, nos últimos quatros anos, "regredimos institucionalmente e como sociedade", segundo ele.

"A independência dos Poderes foi comprometida. O Legislativo foi cooptado pelo orçamento secreto e as emendas parlamentares", afirmou o empresário à coluna. "O combate à corrupção foi extinto com a narrativa mentirosa de que ela acabou e com o desmonte da Lava Jato."

Dias antes, Amôedo já havia criticado o governo por cogitar aumentar o número de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) em um eventual segundo mandato. A medida possibilitaria que Bolsonaro indicasse mais integrantes à corte.

"Esse tipo de manobra já foi realizada por líderes autocráticos como Hugo Chávez, na Venezuela, e Viktor Orbán, na Hungria. Esse é um dos riscos que me fizeram desistir do voto nulo", afirmou à Folha.

Amôedo foi candidato à Presidência pelo Novo em 2018, partido que ajudou a fundar em 2015. Ele também foi presidente da sigla até março de 2020. O cargo hoje é ocupado por Eduardo Ribeiro, que foi às redes criticar o correligionário.

"O PT e o Lula representam tudo o que o nosso partido sempre combateu", escreveu.

Felipe D'Avila, que concorreu à Presidência pela legenda este ano, também se manifestou e disse que a declaração de Amôedo seria uma "traição aos valores liberais" e ao Novo. "Amôedo: pega o boné e vai embora. Você não representa os valores liberais", afirmou.

Embora não tenha apoiado oficialmente nenhum dos dois candidatos no 2º turno, o partido não se manifestou sobre declarações de apoio a Bolsonaro vindas de políticos da sigla, como a do governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema.

Em nota, o Novo afirmou que segue com o mesmo posicionamento de 2018.

"É compreensível que alguns queiram anular seu voto, e outros queiram votar no Bolsonaro para evitar o retorno do PT. Mas votar no Lula e no PT é totalmente contrário aos valores e princípios partidários", afirmou o partido.

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