O diretório nacional do partido Novo afirmou, em nota, que o voto de João Amoêdo em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no 2º turno "constrange a instituição" e é "lamentável e incoerente".
Segundo a sigla, o candidato à Presidência "sempre apoiou ditadores e protagonizou os maiores escândalos de corrupção da história".
"Apoiar aqueles que aparelharam órgãos de Estado, corromperam nossa democracia e saquearam os cofres públicos é fazer oposição ao povo brasileiro", afirma o partido.
Após o candidato à Presidência do Novo ser derrotado no 1º turno, a legenda reforçou seu posicionamento "totalmente contrário ao PT" e liberou filiados a declararem seus votos "de acordo com sua consciência e com os valores e princípios partidários".
Neste sábado, Amôedo, que declarou voto em Jair Bolsonaro (PL) no 2º turno de 2018, afirmou ao Painel S.A. que agora votará em Lula, embora mantenha críticas ao candidato e ao PT.
"No dia 30, farei algo que nunca imaginei. Contra a reeleição de Jair Bolsonaro, pela primeira vez na vida, digitarei o 13", afirmou.
A justificativa é que, nos últimos quatros anos, "regredimos institucionalmente e como sociedade", segundo ele.
"A independência dos Poderes foi comprometida. O Legislativo foi cooptado pelo orçamento secreto e as emendas parlamentares", afirmou o empresário à coluna. "O combate à corrupção foi extinto com a narrativa mentirosa de que ela acabou e com o desmonte da Lava Jato."
Dias antes, Amôedo já havia criticado o governo por cogitar aumentar o número de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) em um eventual segundo mandato. A medida possibilitaria que Bolsonaro indicasse mais integrantes à corte.
"Esse tipo de manobra já foi realizada por líderes autocráticos como Hugo Chávez, na Venezuela, e Viktor Orbán, na Hungria. Esse é um dos riscos que me fizeram desistir do voto nulo", afirmou à Folha.
Amôedo foi candidato à Presidência pelo Novo em 2018, partido que ajudou a fundar em 2015. Ele também foi presidente da sigla até março de 2020. O cargo hoje é ocupado por Eduardo Ribeiro, que foi às redes criticar o correligionário.
"O PT e o Lula representam tudo o que o nosso partido sempre combateu", escreveu.
Felipe D'Avila, que concorreu à Presidência pela legenda este ano, também se manifestou e disse que a declaração de Amôedo seria uma "traição aos valores liberais" e ao Novo. "Amôedo: pega o boné e vai embora. Você não representa os valores liberais", afirmou.
Embora não tenha apoiado oficialmente nenhum dos dois candidatos no 2º turno, o partido não se manifestou sobre declarações de apoio a Bolsonaro vindas de políticos da sigla, como a do governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema.
Em nota, o Novo afirmou que segue com o mesmo posicionamento de 2018.
"É compreensível que alguns queiram anular seu voto, e outros queiram votar no Bolsonaro para evitar o retorno do PT. Mas votar no Lula e no PT é totalmente contrário aos valores e princípios partidários", afirmou o partido.
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