Popularidade digital: Índice captou aproximação de Bolsonaro e Lula na reta final

Indicador mostrou trajetória compatível com resultado em 7 de 10 estados; desempenho foi melhor em locais mais populosos

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Rio de Janeiro

O Índice de Popularidade Digital (IPD), que mede o desempenho dos candidatos nas redes sociais, apontou a reação de Jair Bolsonaro (PL) na reta final e teve trajetória compatível com os resultados de 7 de 10 estados monitorados no segundo turno.

A lista inclui São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Santa Catarina, Amazonas e Alagoas.

Os três locais em que o ranking se distanciou do desfecho das urnas foram Paraíba, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul. Rondônia e Sergipe também decidiram seus governos no último domingo (30), mas ali os dados foram insuficientes.

Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto em agosto e Lula em entrevista coletiva no Rio de Janeiro em setembro - Evaristo Sá e Carl de Souza/AFP

O IPD, calculado pela empresa Quaest durante a campanha e publicado pela Folha desde junho, foi criado para fazer esse tipo de prognóstico —diferentemente das pesquisas de intenção de voto, que medem a intenção do eleitor apenas no momento da entrevista.

O número varia de 0 a 100 e é calculado diariamente por meio de um algoritmo de inteligência artificial que coleta e processa 152 variáveis dos perfis de cada candidato nas redes sociais Twitter, Facebook, Instagram e YouTube e nos sites Wikipedia e Google.

São monitorados seis aspectos: presença digital (perfis ativos), fama (número de seguidores), engajamento (comentários e curtidas por post), mobilização (compartilhamentos), valência (proporção de reações positivas e negativas) e interesse (volume de buscas).

O peso que cada dimensão terá na conta é determinado por um modelo assimilado pela máquina a partir dos resultados reais de eleições anteriores, com milhares de candidaturas monitoradas pela empresa.

No último sábado (29), véspera da votação, o indicador captou um crescimento de Bolsonaro. Nas urnas ocorreu a vitória mais apertada desde a redemocratização, de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por 50,9% a 49,1% dos votos válidos.

"Conseguimos capturar a mobilização na reta final que tem sido típica do bolsonarismo, no curto prazo, com muita gente engajada", diz Felipe Nunes, diretor da Quaest e professor de métodos quantitativos da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

O atual presidente chegou a ultrapassar numericamente o rival no fim daquela manhã, impulsionado por discussões sobre o MEI (Microempreendedor Individual), que virou assunto do debate da TV Globo de sexta (28). No fim do dia, porém, voltou ao segundo lugar.

Nos estados, o pesquisador avalia que as redes sociais se reafirmaram como um bom parâmetro para medir as eleições, com 70% de resultados para governadores apontados corretamente nos índices divulgados na quinta (27), mas cita fatores que precisarão ser redimensionados nas próximas eleições.

Por exemplo: o IPD chegou mais próximo ao desfecho das urnas em locais com populações maiores e mais conectadas à internet, uma hipótese para os erros em MS, PB e ES —nesses últimos dois estados, os dados indicavam virada no segundo turno, o que não ocorreu.

Outro ponto a ser considerado é que os candidatos que se saíram melhor são os que têm um "comportamento mais público" e menos institucional. Nunes chama isso de "máquina política" e diz que terá que ser incorporado ao cálculo no futuro.

"Os governadores que previmos corretamente, como Tarcísio de Freitas [Republicanos] em São Paulo, Raquel Lyra [PSDB] em Pernambuco, Jerônimo Rodrigues [PT] na Bahia e Paulo Dantas [MDB] em Alagoas, têm algo em comum: já têm um trabalho de comunicação digital de longo prazo", afirma ele.

Poderão ser incluídas no cálculo ainda redes sociais como TikTok e Telegram e WhatsApp, que já são acompanhadas pela Quaest para outros indicadores.

No primeiro turno, a correção do IPD com os resultados nas urnas chegou a 99% na disputa presidencial e ficou acima de 82% em seis das sete disputas estaduais monitoradas, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com maior erro no Rio Grande do Sul.

Como no segundo turno só há dois candidatos competindo, estatisticamente não é possível fazer esse tipo de análise, mas apenas comparar quem ficou à frente nas duas métricas.

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