Descrição de chapéu forças armadas

Produtora Brasil Paralelo pede desvinculação de site pró-golpe militar

Empresa diz que o uso de conteúdo por plataforma que pede recursos para atos antidemocráticos foi indevido e sem autorização

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Brasília

A produtora de vídeos Brasil Paralelo —que realiza documentários de cunho conservador— pediu a imediata retirada de links que direcionam para sua página e seus conteúdos de um domínio na internet que defende um golpe de Estado das Forças Armadas.

Conforme a Folha mostrou nesta terça-feira (15), a Polícia Civil de Goiás identificou uma plataforma chamada "intervenção Goiânia" que organiza e pede recursos para atos antidemocráticos.

Faixa em que estava escrito "S.O.S F.A com Bolsonaro no poder" foi recortada para retirar menção ao presidente, na região do quartel-general do Exército em Brasília - Thaísa Oliveira-2.nov.22/Folhapress

Entre os 18 canais que a ferramenta eletrônica disponibiliza aos internautas, há o direcionamento para o site da Brasil Paralelo e links para os seus conteúdos.

A plataforma pró-golpe também mostra o endereço do acampamento em Goiânia onde manifestantes bolsonaristas pedem intervenção militar, canais no aplicativo de mensagens Telegram e uma "vaquinha" para a arrecadação financeira do movimento, com número de Pix.

Os dados do site, também identificado com a mensagem S.O.S. Forças Armadas Acampamento Goiás, foram enviados pela polícia ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes no caso que trata desses protestos.

Em nota enviada à Folha, a produtora informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que solicitou aos donos da ferramenta que retirem a logomarca ou referências à empresa de qualquer outro meio de comunicação do grupo.

Na notificação, a Brasil Paralelo diz que acionará judicialmente os responsáveis pelo site caso não haja a desvinculação de seu material do portal que promove os atos antidemocráticos.

A produtora encaminhou à Folha imagens com as mensagens enviadas pela produtora nos canais no Telegram do grupo em que pede a retirada de seus conteúdos.

No texto, a produtora diz que o uso do conteúdo da Brasil Paralelo na plataforma foi indevido "e feito sem qualquer tipo de autorização".

A produtora enviou ao grupo uma nota assinada e carimbada por seu departamento jurídico dizendo que não faz parte do movimento criado pelo perfil "Intervenção Militar 142".

Além disso, declarou que não apoia candidatos ou movimentos políticos.

A Brasil Paralelo foi criada há seis anos por um trio de estudantes universitários de Porto Alegre e viu um crescimento meteórico em 2020 com seus documentários de roupagem conservadora, parte dos quais muitos historiadores chamam de "revisionismo histórico".

No filme "1964: o Brasil entre Armas e Livros", o golpe militar é apresentado como uma reação a uma suposta influência comunista no governo de João Goulart, tese que praticamente todos os acadêmicos consideram exagerada.

As primeiras produções tinham uma vinculação grande com o bolsonarismo, com a participação, por exemplo, de Olavo de Carvalho em depoimentos.

Em julho de 2020, a empresa lançou o documentário "7 Denúncias: As Consequências do Caso Covid-19", cujo conteúdo se opõe ao isolamento social, medida defendida pela comunidade científica como eficaz para o combate ao vírus.

Em outubro deste ano, os ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiram por 4 votos a 3 excluir do Twitter um vídeo da produtora com críticas ao agora presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os ministros consideraram que a peça causava "desordem informacional" por atribuir ao então candidato a presidente casos de corrupção que ocorreram durante seu mandato, como o do mensalão.

O ministro Benedito Gonçalves, corregedor-geral da Justiça Eleitoral, também decidiu que a exibição do documentário "Quem mandou matar Jair Bolsonaro?" da produtora, prevista para a semana anterior à eleição de 2022, fosse adiada.

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