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Operação da PF prende bolsonaristas suspeitos de atuar em noite de vandalismo em Brasília

Prisões começaram na quarta; ação com 32 medidas é deflagrada em conjunto por e Polícia Civil do Distrito Federal

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Brasília

A Polícia Federal começou na tarde desta quarta-feira (28) as primeiras prisões de suspeitos de participação na tentativa de invasão ao prédio da corporação e nos atos de vandalismo que resultaram em incêndios a carros e ônibus em Brasília, no último dia 12.

Quatro pessoas já foram presas, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). A ação é resultado dos inquéritos abertos pela PF e pela Polícia Civil do Distrito Federal.

Um dos procurados é Alan Diego Rodrigues, suspeito de ter instalado uma bomba em um caminhão de combustíveis próximo ao aeroporto de Brasília no sábado (24).

As medidas fazem parte de uma operação maior deflagrada na manhã desta quinta (29), com um total de 11 mandados de prisão e 21 de busca e apreensão.

A operação ocorre no DF e em mais sete estados: Pará, Tocantins, Ceará, Rio, São Paulo, Rondônia e Mato Grosso. A Polícia Civil do DF também participa da operação, batizada de Nero.

Manifestantes bolsonaristas entram em confronto com a polícia e promovem depredação após uma confusão iniciada na sede da PF, em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

A presa em Brasília é identificada como Klio Hirano. Nas redes sociais, ela tem diversas postagens publicadas em acampamento em frente ao QG do Exército, onde manifestantes pedem uma intervenção das Forças Armadas para evitar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ela ainda fez um vídeo em frente à sede da Polícia Federal no dia do vandalismo no DF. Na gravação, ela pede que "defensores da pátria" sigam ao local. "É hoje que a gente vai ter a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que a gente está tanto procurando", diz.

No Rio, a pessoa detida foi Átila Mello. Ele foi preso no município de São Gonçalo.

No total, já foram identificadas 40 pessoas, sendo 11 mandados de prisão expedidos e quatro pessoas presas. São duas prisões em Rondônia, uma no Rio de Janeiro e uma em Brasília.

Em coletiva na manhã desta quinta (29), representantes da PF e da Polícia Civil confirmaram a relação dos envolvidos nos atos antidemocráticos com o acampamento de bolsonaristas em frente ao QG do Exército em Brasília.

O diretor-geral da PF, Márcio Nunes, afirmou que "quase a totalidade" dos alvos da investigação passaram pelo QG.

Já o delegado Leonardo Cardoso, da Civil, afirmou que os investigados de alguma forma frequentavam o espaço, mas que não há indícios, até o momento, de uma planejamento prévio dos atos.

"Quanto ao planejamento dos atos do dia 12, ao que se apurou até o momento não havia um planejamento prévio. O que ficou comprovado na investigação é que as pessoas que participaram daquele movimento, que acabou culminando em atos de vandalismo, eram pessoas que de, alguma forma, frequentavam o movimento que está instalado no QG", afirmou.

A investigação, segundo apuração da Folha, mira o crime de possível associação criminosa para abolição do Estado Democrático de Direito pelos bolsonaristas que tentaram invadir o prédio da PF.

O delegado Leonardo de Castro Cardoso, da Polícia Civil do Distrito Federal, disse que os alvos vão de empresários do agronegócio, pastores, envolvidos com garimpo a cabeleireiro.

Os ataques à sede da PF e a veículos estacionados nas ruas do entorno do prédio ocorreram naquela noite do dia 12 de dezembro após a prisão do indígena bolsonarista José Acácio Serere Xavante.

O vandalismo é parte da escalada de atos com discurso golpista patrocinados por apoiadores do ainda presidente da República.

O indígena foi preso após pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), que apontou sua participação nos atos antidemocráticos na capital federal.

Os atos antidemocráticos que pedem um golpe militar e escalam em casos de violência pelo país têm sido atiçados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) desde a sua derrota para Lula no segundo turno das eleições.

A escalada da violência nesses atos liderados por bolsonaristas fez desmoronar o discurso público do presidente e de seus aliados, que destacavam as manifestações como ordeiras e pacíficas e buscavam associar protestos violentos a grupos de esquerda.

Com casos de violência que incluem agressões, sabotagem, saques, sequestro e tentativa de homicídio, as manifestações atingiram seu ponto crítico e acenderam o alerta das autoridades, que realizaram prisões e investigam até possível crime de terrorismo.

Os responsáveis poderão ser punidos na Justiça com base na Lei Antiterrorismo, legislação que os próprios bolsonaristas tentaram endurecer visando punir manifestantes de esquerda.

Um dos casos mais recentes de violência ocorreu na véspera de Natal, quando um homem foi preso suspeito de ter tentado explodir um caminhão de combustível, em Brasília. Outro caso foi esse no dia 12, horas após a diplomação de Lula.

O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nas redes sociais que as ações policiais em curso visam garantir o Estado de Direito, na dimensão fundamental da proteção à vida e ao patrimônio.

VEJA CASOS DE VIOLÊNCIA PELO PAÍS

Brasília
A Polícia Civil prendeu no sábado (24), véspera de Natal, um homem suspeito de ter tentado explodir um caminhão de combustível próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília. A Polícia Civil afirmou que o homem preso, identificado como George Sousa, se diz bolsonarista com atuação em atos na frente do quartel-general do Exército no DF.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir o prédio da Polícia Federal em Brasília. Após serem repelidos, os manifestantes foram para outras vias da cidade e atearam fogo em ao menos dois ônibus e em carros. Eles ainda depredaram postes de iluminação e tentaram derrubar um ônibus de um viaduto

Rondônia
Parte da cidade de Ariquemes ficou sem água depois que manifestantes quebraram adutora com escavadeira. Ministério Público investiga se houve crime de terrorismo por sabotagem a serviço público essencial à população. Também houve ataque a caminhões com incêndio, depredação e saque. Em outras cidades, um caminhoneiro e um carro foram apedrejados

Pará
Manifestantes atiraram contra agentes da PRF em Novo Progresso. Ministério Público investiga se houve tentativa de homicídio qualificado e outros nove crimes

Mato Grosso
Em Lucas do Rio Verde, Homens invadiram e incendiaram caminhões em base de uma concessionária. Em Sinop, dois caminhões foram atingidos por tiros. Dois caminhões-tanque foram incendiados e um funcionário de concessionária foi sequestrado

Santa Catarina
PRF apura ocorrências criminosas promovidas por baderneiros com métodos de grupos terroristas e black blocs. Houve bombas caseiras e rojões, além de pregos para furar pneus, pedradas e barricadas. Um homem é suspeito de associação criminosa, desobediência de ordem legal e outros crimes

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