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PL articula candidatura de ex-ministro de Bolsonaro para enfrentar Pacheco no Senado

Rogério Marinho disputaria contra atual presidente do Senado, que conta com apoio de Lula

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Brasília

O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro (PL), deve oficializar na próxima quarta-feira (7) a candidatura do senador eleito e ex-ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho (PL-RN) para enfrentar Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na disputa pela presidência do Senado, em fevereiro do ano que vem.

Marinho vem trabalhando há semanas por sua candidatura e arregimentou o apoio de Bolsonaro. De acordo com interlocutores, o presidente é um dos principais defensores de que o partido —que terá a maior bancada na Casa em 2023— lance um nome para se contrapor a Pacheco.

Nesta quinta-feira (1º), o ex-ministro esteve reunido no Palácio da Alvorada com Bolsonaro, os líderes do Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), e do Congresso, Eduardo Gomes (PL-TO), e os senadores Wellington Fagundes (PL-MT) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

O ministro da Desenvolvimento Rogério Marinho durante lançamento do programa Casa Verde Amarela no palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 25.ago.20/Folhapress

O próprio senador eleito tem evitado falar do assunto abertamente. "O partido vai se reunir na quarta que vem e decidir. Se tiver mais de um candidato, vamos votar", afirmou ao ser questionado pela reportagem sobre a decisão do PL.

O PL também cogitava o líder do partido na Casa, Carlos Portinho, mas, diante da preferência interna por Marinho, ele passou a afirmar que abriria mão da disputa em prol do candidato mais competitivo.

Diferentes alas do PL querem um nome que imponha freios ao Judiciário e, em especial, ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes —relator de inquéritos que têm o presidente e seus aliados como alvo.

Embora a parte mais radical do bolsonarismo defenda o impeachment do ministro, a medida é vista com cautela no Senado. Integrantes do partido temem retaliações e afirmam que há outros caminhos para lidar com o que consideram excessos de ministros.

O nome da senadora eleita e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP-MS) também tem aparecido nas conversas como alternativa a Pacheco. O PL, no entanto, não quer abrir mão de um candidato próprio.

O partido chegou a conversar com Cristina sobre uma eventual filiação, caso o PP se fundisse com a União Brasil, mas agora a ex-ministra tem sinalizado que não pretende deixar sua legenda.

Marinho, Portinho e Cristina já tinham conversado sobre o assunto com Bolsonaro no Palácio da Alvorada na quarta passada (23). Eles estavam com Valdemar e com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, um dos principais líderes do PP.

Segundo relatos, Valdemar indicou que é importante que o PL consiga a presidência do Senado, já que o PP deve continuar com a presidência da Câmara e o governo federal estará sob o comando do PT a partir de janeiro.

Apesar disso, até mesmo senadores do PL afirmam reservadamente que Pacheco é favorito à reeleição. Marinho é visto como um político mais moderado que Portinho, mas pesa contra ele o fato de ser novato na Casa.

Para alguns integrantes da bancada, o partido pode propor o nome de Marinho ou de outro senador recém-eleito apenas para marcar posição, mas sem chances reais de vitória.

Há ainda a preocupação de que o lançamento de uma candidatura que pode não ter sucesso faça com que o maior partido da Casa acabe sem nenhuma comissão ou cargo importante, uma vez que essa negociação fica restrita ao bloco vencedor.

Por outro lado, quem defende a candidatura de Marinho afirma que o senador recém-eleito é "novato" apenas no Senado, mas não na política, já que passou mais de dez anos na Câmara dos Deputados e é ex-ministro.

Portinho tratou do assunto com Pacheco logo após o resultado do primeiro turno. Segundo relatos, o líder do governo afirmou que o PL se tornou a maior bancada da Casa —com 14 das 81 cadeiras— e que, por isso, pretende participar ativamente da escolha do próximo presidente, mas de forma "harmoniosa".

Na última terça-feira (29), o PL realizou um jantar com parlamentares e o mandatário em Brasília. Na ocasião, Valdemar Costa Neto sinalizou a jornalistas que Marinho seria favorito ao posto. O senador eleito também participou do encontro.

O presidente do PL reforçou ainda que Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, terá o apoio do partido para sua reeleição e que tem o compromisso de apoiar um nome do PL no Senado.

"Lira tem o acordo de apoiar", disse Valdemar. A contrapartida, segundo o dirigente, é de o deputado garantir o comando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) para o PL ou a relatoria do Orçamento na Câmara.

Após o encontro, o senador Carlos Portinho disse que tudo estava "correndo muito bem" entre PP e PL e contou que teve uma conversa ainda com o Republicanos, terceiro partido da chapa e da base do presidente Jair Bolsonaro no Congresso.

"Eleição é 1º de fevereiro no Senado. Não é corrida de cem metros, é maratona. Pacheco não tem 51 votos. Todos os partidos têm desgarrados", afirmou.

Colaborou Julia Chaib, de Brasília

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