Descrição de chapéu ataque à democracia

Grupo de governadora do DF diz descartar impeachment e esperar volta de Ibaneis

Integrantes do PP afirmam que movimento para Celina Leão assumir em definitivo colocaria em risco projeto de 2026

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Brasília

Alvo de pedidos de impeachment, o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), conta neste momento com apoio da base aliada para retornar ao cargo após o fim do prazo de 90 dias de afastamento.

A governadora em exercício, Celina Leão (PP), e integrantes da Câmara Legislativa do Distrito Federal dizem considerar que as chances de os pedidos de impeachment avançarem são bastante baixas.

Aliados de Celina afirmam descartar uma articulação em favor do impeachment de Ibaneis. Pelo acordo firmado na eleição, ela é a sucessora natural do governador afastado –ele foi reeleito no ano passado e não poderá concorrer ao cargo em 2026.

Integrantes do PP avaliam que, ao assumir interinamente o GDF (Governo do Distrito Federal), Celina se fortalece politicamente e amplia ainda mais sua base eleitoral para a próxima corrida pelo Palácio do Buriti.

A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP-DF) - Rivaldo Gomes - 19.ago.22/Folhapress

Um movimento do PP em favor do afastamento definitivo de Ibaneis colocaria em risco o projeto político do partido para Celina e racharia o grupo político que saiu vitorioso nas urnas, avaliam integrantes da sigla.

Os pedidos de impeachment de Ibaneis foram apresentados por representantes do PT, PSOL, PV e PSB, que são partidos alinhados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O governador afastado e Celina são aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) —na votação no Distrito Federal, Bolsonaro venceu Lula por 58,81% contra 41,19% dos votos válidos no segundo turno da eleição presidencial.

Ibaneis foi afastado por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) após os ataques golpistas de 8 de janeiro.

Aliados do governador afastado dizem que não há clima nas ruas do DF pelo impeachment de Ibaneis. Sem o apoio popular, afirmam, os pedidos de afastamento definitivo não devem prosperar.

Além disso, a primeira etapa de um processo de impeachment seria a abertura pelo presidente da Câmara Legislativa do DF. O cargo é ocupado por um correligionário de Ibaneis, o deputado distrital Wellington Luiz (MDB).

Ibaneis tem o apoio de outros partidos, como PL, Republicanos e Agir (que tem duas cadeiras de 24 na Câmara distrital).

Para aprovar o impeachment, a oposição ao governador afastado precisaria de 16 votos. Mas, segundo cálculos de aliados de Ibaneis, hoje os opositores teriam menos de dez votos.

As acusações contra Ibaneis, segundo os pedidos de impeachment, são de crime de responsabilidade e negligência por não ter feito "a devida e efetiva defesa do patrimônio público".

Os deputados distritais e as lideranças partidárias argumentam que a manifestação, que resultou nos ataques golpistas, já era prevista e divulgada nas redes sociais. Além disso, era de conhecimento do GDF que ônibus chegaram à capital com manifestantes para esses atos.

"A omissão, a conivência do governador se aclara quando somente após os atos terroristas e após a inação do governo do DF se dá a exoneração do sr. Anderson Torres. A demissão do secretário, em hipótese alguma, afasta a responsabilidade do governador", diz um dos pedidos.

Torres é ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro e estava fora do país durante os atos de vandalismo na capital federal. Ele foi exonerado do cargo por Ibaneis Rocha (MDB) no domingo, horas antes de o emedebista ser afastado.

O ex-secretário foi preso na manhã de sábado (14) pela Polícia Federal ao retornar dos Estados Unidos. Ele é primeiro a ocupar o cargo de ministro da Justiça a ser preso desde a redemocratização e o primeiro integrante do governo Bolsonaro preso em consequência dos atos antidemocráticos.

Como mostrou a Folha, o substituto de Torres na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal deverá ser escolhido num acordo político com o presidente Lula.

A ideia de Celina é restabelecer uma proximidade com o governo Lula, apesar de a governadora em exercício ser aliada do ex-ministro Ciro Nogueira, que ocupou a Casa Civil de Bolsonaro. Ela também é aliada do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL).

O objetivo da cúpula do governo local é que, ao dialogar com a equipe de Lula, a fase de intervenção seja uma página virada no final de janeiro.

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