PMs, helicóptero e Força Nacional são mobilizados no DF para ato com 3 manifestantes; veja vídeo

Interventor inspecionou a segurança na Esplanada; outras cidades também reforçaram segurança, mas atos golpistas não tiveram adesão

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Brasília e São Paulo

Depois dos ataques golpistas de domingo (8), a Esplanada dos Ministérios abrigou nesta quarta-feira (11) um forte esquema de segurança que contou com centenas de policiais militares, bombeiros, helicóptero, drone, Força de Segurança Nacional e polícia montada, que se espalharam por oito pontos de bloqueio. Ao final, porém, só três manifestantes bolsonaristas apareceram para o ato convocado via redes sociais.

Às 18h, horário marcado para o protesto no Distrito Federal, não havia nenhum bolsonarista.

Meia hora depois, um casal de manifestantes com a camisa da seleção brasileira e um homem se posicionaram em frente ao Congresso. Eles ficaram até as 19h15, quando foram embora.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, nomeado interventor na segurança do Distrito Federal após os ataques de domingo, inspecionou a segurança na Esplanada e ouviu informe de agentes da PM sobre o reforço no local.

O interventor Ricardo Cappelli aparece conversando com um oficial da Polícia Militar do DF, em frente ao Congresso Nacional, na Esplanada dos Ministérios em Brasília.
Interventor Ricardo Cappelli faz vistoria do aparato de segurança na Esplanada dos Ministérios, em dia de convocação de atos de bolsonaristas - Ranier Bragon

Cappelli afirmou ter plena confiança nas forças de segurança do Distrito Federal. "A gente está fazendo apenas uma vistoria de rotina", disse. "Estamos cumprindo nossa missão de evitar que qualquer excesso ocorra."

Ele disse considerar não ter sido excessivo o contingente policial desta quarta, afirmando que os serviços de inteligência detectaram que a possibilidade de protesto era real.

"Foi suficiente diante do que a gente assistiu no dia 8. Prudência não faz mal a ninguém, O efetivo aqui de forma alguma comprometeu a segurança do Distrito Federal, mas a gente fez um esforço extra de mobilização porque é importante sinalizar para o Brasil e para o mundo que a capital federal está segura", afirmou o interventor.

Capelli cumprimenta PMs
O interventor na segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Capelli, durante vistoria na Esplanada do Ministérios para ato bolsonarista que não aconteceu - Ranier Bragon/Folhapress

No domingo, apoiadores de Bolsonaro romperam o frágil bloqueio policial, e, de forma inédita na história, invadiram e vandalizaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal.

O casal que compareceu ao ato afirmou não concordar com o quebra-quebra de domingo. E disse que chegou a ir algumas vezes ao acampamento golpista em frente ao quartel-general do Exército, desfeito na segunda-feira (9).

"Eu fui lá na segunda, eram umas 10h, aí cheguei, vi aquele cordão de isolamento, fui e ninguém me parou. Quando cheguei no acampamento, uma pessoa me falou: 'Ô rapaz, o que você tá fazendo aqui, cara? A gente vai para a Polícia Federal!' Aí eu disse, 'o que?' Peguei a minha bicicletinha e saí de novo, fui embora. Ninguém me parou, graças a Deus", disse o aposentado Jefferson Mario, 62.

O aposentado Jeferson Mario, 62, um dos três manifestantes do ato bolsonarista na Esplanada dos Ministérios, nesta quarta-feira - Pedro Ladeira/Folhapress

Mais cedo, o interventor na segurança do DF havia sido questionado sobre quem teria responsabilidade principal nos atos de 8 de janeiro. Em resposta, disse que "não foi à toa" que o ministro Alexandre de Moraes (Supremo Tribunal Federal) decretou a prisão do ex-secretário de segurança do Distrito Federal Anderson Torres.

"No domingo, o secretário de segurança pública do Distrito Federal estava nos Estados Unidos. Não estava aqui. Essa é uma diferença básica."

Sobre a criticada atuação da Polícia Militar no domingo, ele reiterou ter plena confiança nos agentes. "As condutas inadequadas eu tenho confiança na Corregedoria, que já está apurando."

Ele disse ainda que os atos de domingo não vão se repetir. "O que houve foi uma ausência de comando da Secretaria."

Cappelli disse, nas redes sociais, que a operação desta quarta-feira foi exemplar.

"A operação de segurança realizada hoje na Esplanada e na Praça dos Três Poderes foi exemplar. Tenho plena confiança nas forças de segurança do DF. Extremistas não apareceram, não tomaram o poder na marra e jamais tomarão. Não há hipótese de se repetir o que aconteceu no dia 8", disse.

Após os ataques de domingo, Moraes determinou que as autoridades públicas do país impeçam quaisquer tentativas de ocupação ou bloqueio de vias públicas, rodovias, espaços e prédios públicos por manifestantes golpistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O ministro impôs a "aplicação imediata pelas autoridades locais" de multa de R$ 10 mil para pessoas físicas e R$ 100 mil para pessoas jurídicas, por hora, que descumprirem essa proibição "por meio da participação direta nos atos antidemocráticos, pela incitação (inclusive em meios eletrônicos) ou pela prestação de apoio material (logístico e financeiro) à prática desses atos".

A ordem foi dada em resposta a um pedido da AGU (Advocacia-Geral da União), que alertou o ministro a respeito da chamada "Mega manifestação nacional - pela retomada do poder", convocada por bolsonaristas após os ataques às sedes dos Três Poderes.

AVENIDA PAULISTA

Mensagens convocando atos em São Paulo para esta quarta também circularam em aplicativos nesta semana. O policiamento foi reforçado nas imediações do Masp (Museu de Arte de São Paulo) na avenida Paulista.

No início da noite, horário marcado para o ato, na calçada do parque Trianon, em frente ao museu, havia ao menos seis integrantes da cavalaria da Polícia Militar, um micro-ônibus da PM, duas bases comunitárias, além de viaturas comuns e policiais em motocicletas.

Polícia patrulha a avenida Paulista após anúncio de um ato golpista de apoiadores de Jair Bolsonaro - Bruno Santos/Folhapress

O vão livre do Masp foi cercado com grades de contenção e atrás dela havia três PMs, além de moradores de rua que dormem ali.

Questionado sobre o motivo do policiamento reforçado, um PM disse que era por causa de uma suposta manifestação, mas que havia sido cancelada.

Por volta das 18h15, duas pessoas com bandeiras do Brasil nas costas passaram em frente ao museu em silêncio e seguiram reto, sem parar.

Um grupo com cerca de dez pessoas, aparentemente bolsonaristas, mas com roupas comuns, fez uma selfie em frente ao Masp e saiu rapidamente.

Um deles tinha calça camuflada e botas estilo coturno, mas vestia camiseta vermelha.

Outro homem, com camiseta verde e escudo da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), reclamava com uma pessoa sentada na borda do espelho d'água do museu, que não havia mais do que seis pessoas do "grupo" por ali e disse, sobre alguém com quem havia falado ao celular pouco antes, que havia "amarelado".

Um jovem que se identificou à reportagem como Ângelo disse, quando PMs a cavalo passavam em frente ao museu, que há repressão policial e que não é terrorista.

Pela manhã, a Promotoria de Habitação e Urbanismo, do Ministério Público de São Paulo, enviou ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) uma recomendação para que, "no seu poder de polícia", adotasse providências necessárias para a segurança de munícipes, inclusive com a atuação da Guarda Civil Metropolitana para segurança do patrimônio público.

Por volta de 19h30, quatro motos com GCMs pararam em frente ao vão livre do Masp e ficaram ali por alguns minutos.

Manifestações golpistas marcadas para outras capitais também não tiveram adesão nesta quarta-feira.

No farol da Barra, em Salvador, dezenas de carros de polícia faziam a segurança no local e não havia sinal de protesto antidemocrático no início da noite. O mesmo ocorria em cidades como Rio de Janeiro, Recife Belo Horizonte e Porto Alegre.

Colaboraram Aléxia Sousa, Bruna Fantti, Caue Fonseca, João Pedro Pitombo, José Matheus Santos e Leonardo Augusto

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