Lula articula 2 blocos governistas no Senado, mas PT teme perda de espaço

Alianças envolveriam PT, PSD e PSB num bloco; e MDB, União Brasil e PDT no outro

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Brasília

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articula a formação de dois blocos no Senado, com cerca de 50 dos 81 senadores. Um dos blocos reuniria PT, PSD e PSB —com 28 senadores— e o outro, MDB, União Brasil e PDT —com 22.

Segundo o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), as conversas ainda estão em andamento.

Na semana passada, PL, PP e Republicanos anunciaram a formação de um bloco partidário para impulsionar a candidatura do ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL) e senador eleito Rogério Marinho (PL-RN), que disputa a presidência contra Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Juntos, esses partidos têm 23 senadores.

Lula e Jaques Wagner, líder do governo no Senado - Pedro Ladeira-29.dez.22/Folhapress

Apesar da construção dos blocos governistas, a bancada do PT no Senado tem brigado para conseguir mais espaço nas comissões. Pelo arranjo negociado por Pacheco com os partidos que o apoiam, o PT pode ficar sem as três comissões consideradas mais importantes da Casa.

O ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) deve continuar na presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) —por onde passam todas as matérias em discussão. Já o PSD quer se manter na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos).

A CRE (Comissão de Relações Exteriores) pode ficar com outro ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL). Reservadamente, petistas afirmam que a bancada quer a CRE, a CAE e a CAS (Comissão de Assuntos Sociais).

Parte da bancada do PT também reivindica a vice-presidência do Senado para Humberto Costa (PT-PE). Pacheco quer manter no cargo o emedebista Veneziano Vital do Rêgo (PB). Caberia ao PT a indicação da primeira secretaria da mesa diretora, com Rogério Carvalho (PT-SE).

Após reunião da bancada do PT, nesta segunda-feira (30), Jaques Wagner afirmou a jornalistas que o governo Lula não teme a vitória de Rogério Marinho. O petista criticou a estratégia adotada pelo senador eleito, e disse que ele se coloca como líder da oposição.

"Eu acho que ele tende a perder voto e não a ganhar voto. Ele não está se propondo a ser presidente do Senado, ele está se propondo a ser líder do bloco de oposição", afirmou, completando que não gostaria que Pacheco pedisse votos prometendo aprovar todas as matérias de interesse do governo.

Na chegada ao jantar promovido pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, Marinho afirmou que teria condições de vencer Pacheco se a eleição fosse hoje. O candidato disse que tem boa relação com muitos senadores com quem conviveu quando era deputado federal e ministro.

"Temos tido uma vantagem. Eu acredito que mais de 30 senadores foram deputados federais conosco nos últimos 12 anos. E o fato de eu ter sido ministro também me deu uma convivência muito grande dentro do parlamento. Isso tem facilitado a nossa conversa", disse.

Marinho afirmou ainda que ele e o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que também é candidato à presidência do Senado, estarão juntos em um eventual segundo turno. Para vencer a disputa, é preciso obter 41 votos em primeiro ou segundo turno.

Cotado para assumir a liderança da oposição, o ex-líder do governo Bolsonaro no Senado Carlos Portinho (PL-RJ) afirmou que a votação será secreta. Parte dos bolsonaristas tem se movimentado para declarar voto em Marinho nas redes sociais e repetir o movimento na quarta (1º).

"Eu votarei em Rogério Marinho para presidente do Senado. Trata-se de um homem de bem, que honra seus compromissos e defende a Constituição. Vai representar nossos valores e ideais, assim como o resgate do verdadeiro papel do Senado", disse o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS), senador eleito.

O líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (PSDB-DF), também declarou voto em Marinho nesta segunda. Com a ida de Mara Gabrilli (PSDB-SP) para o PSD, antecipada pela Folha, o partido deve começar a legislatura com apenas três senadores.

Os outros dois tucanos não se posicionaram publicamente. A assessoria do Alessandro Vieira (PSDB-SE) afirmou que ele ainda está conversando com os candidatos. Pessoas próximas ao senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmam que ele deve votar em Girão.

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