PF prende 5 e procura outros 3 em ação contra golpistas; suspeito fugiu ao pular de janela

Ramiro dos Caminhoneiros e acusado de ataque ao STF em 2020 estão entre os detidos na operação realizada em 5 estados e no DF

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Brasília

A Polícia Federal cumpre nesta sexta (20) oito mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão contra suspeitos de participação nos ataques golpistas de 8 de janeiro.

As diligências foram ordenadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e são cumpridas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal.

Até a tarde, a PF já havia cumprido cinco mandados de prisão —um dos alvos já se encontrava detido desde os atos de 8 de janeiro. Outro alvo, Raif Gibran Filho, foi abordado em sua residência, mas pulou do segundo andar pela janela e fugiu.

Durante uma das detenções no DF, a PF encontrou uma faixa que falava em "liberdade para os brasileiros" e dizia que os "verdadeiros terroristas não estão aqui".

Cenário de destruição no STF após a invasão de vândalos bolsonaristas que participavam de um protesto golpista no domingo (08)
Cenário de destruição no STF após a invasão de vândalos bolsonaristas que participavam de um protesto golpista no domingo (08) - Pedro Ladeira/Folhapress

Um dos presos é Ramiro Alves da Rocha Cruz Junior, conhecido como Ramiro dos Caminhoneiros e que aparece em vários vídeos e grupos em que bolsonaristas foram convocados a participar dos ataques contra os três Poderes. Ele foi detido em São Paulo.

Nas postagens, ele se coloca como organizador de viagens de ônibus que levaram pessoas para Brasília.

Nas últimas eleições, Ramiro concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PL, partido de Jair Bolsonaro. Ele recebeu R$ 151 mil da legenda para bancar a campanha. Não foi eleito.

Após os atos, ele esteve na Academia de Polícia Federal e gravou vídeo entre os bolsonaristas presos no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército de Brasília.

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Bandeira encontrada na casa do caminhoneiro Ramiro, um dos presos pela PF por suspeita de participação nos atos golpistas de 8 de janeiro - Divulgação

Outro detido é Renan Sena. Ex-funcionário terceirizado do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, no governo Bolsonaro, ele foi preso em Brasília e é suspeito de organizar doações e solicitar valores via Pix para custear o acampamento no QG do Exército.

Sena já havia sido preso por participar dos ataques com fogos de artifício contra o STF em 2020.

Outra detida é a intérprete de libras Soraia Bacciotti, que também teria relação com a arrecadação de valores via Pix e aparece em postagens nas redes sociais como apoiadora de Bolsonaro.

Em Minas Gerais foi preso Randolfo Antonio Dias. Ele é suspeito de atuação nos atos golpistas no QG do Exército em Belo Horizonte e de incitar violência contra autoridades, entre elas o presidente Lula (PT) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

A reportagem ainda não conseguiu contato com as defesas dos suspeitos.

Na operação da PF, dois mandados de prisão foram realizados no DF, três em São Paulo e um nos estados do Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. São Paulo também tem a maioria dos alvos de busca, com sete diligências. No DF são outras cinco, e os outros estados tem uma cada.

A ação foi batizada de Lesa Pátria. Por causa das invasões e depredações aos prédios do Supremo Tribunal Federal, Congresso e Palácio do Planalto, os alvos vão responder sob acusação dos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

As investigações continuam em curso e a Operação Lesa Pátria se torna permanente, com atualizações periódicas acerca do número de mandados judiciais expedidos, pessoas capturadas e foragidas.

A PF também realizou outras duas operações na sexta (20) para avançar nas apurações sobre os atos antidemocráticos.

Investigadores da PF do Mato Grosso do Sul cumpriram três mandados de busca e apreensão na operação Unlock II que miram as manifestações e bloqueios em rodovias ocorridos naquela região no mês de novembro de 2022.

A ação mira a identificação de organizadores e financiadores que, em novembro do ano passado, descarregaram pneus e formaram uma barricada no Trevo da Bandeira, em Dourados (MS).

Na primeira fase da operação, ainda no ano passado, a PF havia apreendido veículos e materiais utilizados pelos golpistas.

A PF no Pará, por sua vez, cumpriu oito mandados de busca e apreensão com o objetivo de esclarecer a participação de seis pessoas nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Os alvos são suspeitos, diz a PF, de "aderir, coordenar ou financiar o movimento antidemocrático que invadiu e vandalizou" os prédios dos Três Poderes.

"A investigação começou a partir das postagens em redes sociais de participantes do movimento contra o Estado Democrático de Direito. As postagens tinham dois objetivos principais: organizar caravanas de manifestantes de todas as regiões do país para Brasília, para promover uma greve geral com a tomada dos Três Poderes", diz nota divulgada pela PF.

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