Descrição de chapéu ataque à democracia

PF marca novo depoimento de Torres após ex-ministro de Bolsonaro ficar calado no primeiro

Pedido foi encaminhado a Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), relator do caso

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

A PF (Polícia Federal) marcou uma nova data para o depoimento do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres. Ele será na próxima segunda-feira (23), às 10h30.

A polícia encaminhou o pedido de oitiva ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), nesta quarta-feira (18), requisitando a sua autorização.

O documento, assinado pelo delegado Raphael Soares Astini, diz que a nova oitiva foi solicitada pela defesa de Torres. Na primeira data marcada pela PF, no dia 18, o ex-ministro ficou calado.

Na ocasião, o advogado de Torres, Rodrigo Roca, havia afirmado à Folha que seu cliente não falaria antes de ter acesso aos autos do inquérito. Nesta quinta-feira (19), ele disse que "ainda não teve acesso a nada".

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres conversa com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em evento da pasta para a apresentação do novo passaporte brasileiro - Evaristo Sá - 27.jun.22/AFP

De acordo com o termo de declaração da PF do primeiro depoimento do dia 18, inquirido a respeito dos fatos investigados, Torres se mostrou disposto em responder as todas as perguntas que fossem formuladas pela autoridade policial "o mais rápido possível".

Ele teria acrescentado, segundo o documento, que seus advogados vêm tentando acessar aos inquéritos 4781, 4874 e 4879, que tramitam sob sigilo no STF, e que, por orientação de sua defesa, esclareceria tudo que o lhe for perguntado "tão logo a defesa tenha acesso aos autos supracitados".

Já a defesa se manifestou no depoimento afirmando que obteve informação do gabinete de Moraes "no sentido de que não haveria qualquer oitiva antes da liberação do acesso aos advogados à íntegra dos autos".

Também teria sugerido a remarcação de data da oitiva para a próxima segunda-feira (23), "considerando-se que o próprio gabinete do ministro informou que o acesso aos autos deverá acontecer até o dia 20 de janeiro (sexta-feira)".

O ex-ministro, que também atuou como secretário de Segurança do Distrito Federal, está preso desde sábado (14) numa unidade da Polícia Militar do DF. Sua prisão foi determinada no dia 10 por Moraes, após o episódio de ataques golpistas contra as sedes dos três Poderes, ocorridos no dia 8.

O ministro disse que as condutas de Torres e do ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal Fabio Augusto Vieira, também preso, são gravíssimas e colocaram em risco as vidas do presidente Lula, deputados federais, senadores e ministros da Suprema Corte.

Ele afirmou que os fatos narrados na investigação da Polícia Federal, autora do pedido de prisão, "demonstram uma possível organização criminosa que tem por um de seus fins desestabilizar as instituições republicanas".

Também disse que a PF, em detalhado documento, apontou diversas omissões, em tese dolosas, praticadas pelos responsáveis pela segurança pública no Distrito Federal "e que contribuíram para a prática dos atos terroristas de 8 de janeiro".

Torres havia reassumido o comando da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal no dia 2 de janeiro e viajou de férias para os EUA cinco dias depois. Ele não estava no Brasil quando bolsonaristas atacaram e depredaram os prédios do STF, Congresso e Palácio do Planalto.

O então secretário foi exonerado do cargo por Ibaneis Rocha (MDB) no domingo dos ataques, horas antes de o emedebista ser afastado do Governo do Distrito Federal por ordem do STF.

Ele é o primeiro a ocupar o cargo de ministro da Justiça a ser preso desde a redemocratização e o primeiro integrante do governo Bolsonaro preso em consequência dos atos antidemocráticos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.