Posse de Lula tem jato de água contra calor, reclamação de estrutura e vaias a Lira e Aras

Corpo de Bombeiros lançou jatos d'água sobre a multidão para refrescar o calor; pessoas passaram mal

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Apoiadores do presidente Lula aguardam a cerimônia de posse na Praça dos Três Poderes

Apoiadores do presidente Lula aguardam a cerimônia de posse na Praça dos Três Poderes Gabriela Biló /Folhapress

Brasília

O público que acompanhou a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes neste domingo (1º) sofreu com calor e falta de estrutura, e reagiu com vaias e aplausos enquanto acompanhava a cerimônia em um telão.

As reclamações dos presentes foram pela falta de água, sombra e comida na Praça dos Três Poderes, enquanto os principais alvos dos apoiadores de Lula foram o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Bombeiros jogam água em apoiadores de Lula na Praça dos Três Poderes para reduzir calor - Mateus Vargas - 1º.jan.23/ Folhapress

Lula subiu a rampa da Esplanada e recebeu a faixa de Presidente da República das mãos de um grupo de pessoas, que como mostrou a Folha, representam a diversidade do povo brasileiro.

Durante o hino nacional, os apoiadores abriram uma imensa bandeira do Brasil e, após o final a execução, os apoiadores gritaram "a bandeira é nossa".

Então, o público já começou a deixar a Praça dos Três Poderes, mesmo antes do discurso do presidente no parlatório do Palácio do Planalto.

Ainda assim, quando chorou, Lula foi aplaudido e teve seu nome cantado pelos que ali permaneciam.

O público entoou coro de "sem anistia", em referência às investigações contra Bolsonaro, antes do petista encerrar seu discurso diante de uma Praça dos Três Poderes bastante mais dispersa que aquela que o recebeu.

Na praça, a multidão enfrentou o sol sem oferta de comida e praticamente sem acesso a água e sombra.

Os banheiros registraram longas filas, além de odor forte. Os pontos de distribuição de água potável foram insuficientes —apenas três para um público esperado de 40 mil pessoas. Alguns presentes tiveram que ficar mais de 1h na fila para conseguir encher uma garrafa vazia ou um copo.

A alternativa que alguns encontraram foi pegar água por meio de furos nas mangueiras que abasteciam estes postos de distribuição.

Para aplacar o calor, bombeiros lançaram jatos d'água sobre o público. Houve registros de pessoas que sentiram mal-estar e precisaram ser socorridas pelas equipes de saúde.

Valdo Ferreira, 42, disse à Folha que decidiu ir embora, juntamente com um grupo de outras pessoas que estavam com ele, devido às condições de infraestrutura.

"Impossível ficar. Está muito quente, não tem água. Todo o meu grupo está voltando" afirmou ele, que é comerciante.

Edna, 58, que preferiu não revelar seu sobrenome, disse que chegou por volta das 9h e optou por deixar o local porque se sentiu insegura.

"Gente demais, a gente se sentiu inseguro. A revista foi perfeita, mas lá perto na praça foi chegando gente, chegando gente, cada vez mais, o pessoal ia empurrando a grade. Aí a gente preferiu ir embora."

A cerimônia de posse inclui desfile em carro, shows musicais e discursos de Lula. Os organizadores do evento esperam um público total de 300 mil pessoas na Esplanada.

O petista e Geraldo Alckmin (PSB) devem chegar às 14h20 na Catedral de Brasília, com as esposas Janja e Lu Alckmin.

Durante a ida do presidente Lula ao Congresso para a posse, as pessoas que estavam na praça acompanharam o discurso por telões.

Ao aparecer o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, as pessoas começaram a vaia-los

Horas antes, o juiz e senador eleito Sérgio Moro também tinha recebido vaias ao aparecer no telão.

Durante o discurso, o público presente ovacionou a ex-presidente Dilma Rousseff, quando defendeu a lei de acesso a informação e o desmatamento zero.

Milhares de pessoas tomam a Esplanada para assistir à posse. As filas para revista na entrada do local já reuniam centenas de apoiadores antes das 8h, com intenso fluxo de pessoas chegando nas proximidades da rodoviária central de Brasília para acessar a Esplanada.

Homens e mulheres foram divididos em filas para passar pela inspeção de segurança, e policiais pediam para esvaziarem bolsos e mochilas.

Dentro da área isolada para o Festival do Futuro, evento com mais de 50 atrações musicais, uma segunda fila se formou, percorrendo toda a Esplanada, para os apoiadores que desejavam entrar na Praça dos Três Poderes.

A reportagem flagrou o momento em que pessoas furaram o bloqueio da Polícia Militar, sem serem notadas pela segurança. Apoiadores que já estavam dentro do local protestaram e avisaram agentes da Polícia Militar, que se deslocaram para o local.

Pouco depois das 9h, a fila para entrar na Praça dos Três Poderes se transformou em uma aglomeração de pessoas. Houve correria e reclamações de "fura fila" entre os apoiadores que tentavam entrar na área mais restrita da cerimônia.

Na revista para a entrada no local, houve aglomeração em frente aos cinco detectores de metais e não havia orientação, sinalização, nem pessoas trabalhando para organizar a fila.

Na passagem pelo detector, policiais fizeram nova inspeção em bolsos e mochilas de quem passava.

Durante a revista para acessar a praça, houve desorganização. Mais de uma vez, grupos grandes de pessoas passaram pela barreira de uma só vez, e a reportagem flagrou gente atravessando sem ser revistada. Esse era um dos pontos sensíveis do ponto de vista da segurança pela proximidade com o Palácio do Planalto.

Após o fim do discurso, o público enfrentou dificuldade para deixar a Praça dos Três Poderes, com muita aglomeração e lentidão para os milhares de presentes conseguirem subir a via em direção à Esplanada. Houve gritos de "libera" e "derruba a grade" por parte dos presentes.

Autoridades do Governo do Distrito Federal e integrantes do grupo de transição estimaram que a capital federal receberia cerca de 300 mil pessoas, que tomaram a cidade divididas entre a euforia e o receio, em razão dos recentes episódios de violência e das ameaças de ataque terrorista.

Para acomodar os apoiadores, o partido conseguiu autorização para usar escolas públicas como alojamento e distribuiu o restante do grupo em barracas no Parque da Cidade, no estádio Mané Garrincha e na Granja do Torto.

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