Descrição de chapéu Folhajus Governo Bolsonaro

Ciro Nogueira diz ao TSE que não conhecia minuta golpista, e defesa de Bolsonaro tenta adiar julgamento

Senador e ex-ministro prestou depoimento como testemunha de Bolsonaro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O senador e ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP-PI) disse nesta quarta-feira (8) em depoimento ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que não conhecia a minuta golpista de decreto de estado de defesa encontrada na residência de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.

Ciro prestou depoimento como testemunha de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-ministro Braga Netto (PL) em ação do tribunal apresentada pelo PDT que investiga ataques às urnas em fala a embaixadores.

O almirante Flávio Viana Rocha, ex-assessor de Bolsonaro, também foi testemunha e repetiu que desconhecia a minuta.

0
O senador e ex-ministro Casa Civil do governo Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP-PI), durante entrevista à Folha - Pedro Ladeira-19.out.22/Folhapress

Antes de começar os depoimentos, a defesa de Bolsonaro tentou adiar as falas das testemunhas, o que foi negado pelo tribunal. Os advogados do ex-presidente também pediram nesta quarta para o TSE remarcar a avaliação da decisão de manter dentro da ação a análise sobre o decreto golpista.

O tribunal aceitou o pedido e mudou desta quinta-feira (9) para a próxima terça-feira (14) a análise no plenário. Nessa sessão, os ministros devem julgar se referendam ou não a decisão do corregedor-geral eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, de manter o documento no processo.

O corregedor negou na terça (7) um pedido da defesa de Bolsonaro para excluir a análise do documento.

Os depoimentos de Ciro e Flávio Rocha não foram divulgados pelo TSE. Pessoas que tiveram acesso às falas dizem que ambos disseram desconhecer o documento. Ciro ainda teria dito que participou da reunião com embaixadores como um convidado, sem ter organizado o encontro.

Os advogados de Bolsonaro argumentaram que os depoimentos desta quarta-feira deveriam ser suspensos para que novas testemunhas fossem apresentadas para "se contrapor" a argumentos da decisão de Gonçalves sobre manter a minuta golpista no processo.

O advogado do PDT e o representante do Ministério Público pediram que o TSE negasse esse adiamento.

O juiz Marco Antônio, que conduziu a sessão, indeferiu o adiamento afirmando que o caso não abrangia o pedido de exame da minuta, que ainda seria apreciada pelo ministro corregedor.

Já para pedir o adiamento da sessão do plenário do TSE, a defesa de Bolsonaro disse haver pouco tempo para preparar argumentos para a fala dos advogados do ex-presidente aos ministros da corte.

A defesa do ex-presidente ainda argumentou que parte dos advogados estava mobilizada para os depoimentos de Ciro e Flávio Rocha, além de que o coordenador jurídico da campanha de Bolsonaro, Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, não poderia fazer a sustentação oral no plenário por estar em deslocamento.

O PDT apresentou em agosto uma Aije (Ação de Investigação Judicial Eleitoral) ao TSE pedindo que Bolsonaro e Braga Netto se tornem inelegíveis pela reunião em que o então presidente atacou o sistema eleitoral.

No encontro promovido em julho, Bolsonaro repetiu teorias da conspiração sobre as urnas para tentar deslegitimar o processo eleitoral. Ainda fez insinuações golpistas e ataques ao TSE e ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Além de aceitar a ação do PDT, e tornar Bolsonaro e Braga Netto investigados, o corregedor do TSE incluiu no processo a minuta golpista.

A medida ocorreu após a Folha revelar, em 12 de janeiro, que a Polícia Federal havia encontrado a minuta do decreto na residência de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça. O objetivo do documento seria reverter o resultado da eleição em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vencedor. Tal medida seria inconstitucional.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.