Bolsonaristas são chamados de traidores, reagem e abrem crise na base de Tarcísio

Confusão na Assembleia de São Paulo aconteceu devido a projeto de aumento salarial para policiais

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São Paulo

Deputados da base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se revoltaram com uma mensagem atribuída a um membro do governo chamando o grupo de parlamentares de traidor.

A confusão, que abre uma crise na base governista, ocorre em meio à discussão de projeto para o aumento salarial para policiais enviado à Assembleia Legislativa por Tarcísio.

Deputados foram surpreendidos com o artigo que aumenta o valor de contribuição de aposentados. A bancada da bala teve que dar explicação a seus eleitores e se reuniu com o governador, que prometeu alterar a medida.

Plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo durante sessão em janeiro de 2023
Plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo durante sessão em janeiro de 2023 - Rodrigo Costa-31.jan.23/Divulgação Alesp

A origem da nova crise está em uma mensagem atribuída a um assessor da SSP (Secretaria da Segurança Pública) na qual acusa a base de Tarcísio de traidora.

"O Governo foi traído pela Base na Alesp [Assembleia Legislativa], o único lugar ele tinha certeza que o apoiaria até a morte. Primeiro ano de governo, o Tarcísio está pagando os 20% do Doria (a conta ficou pra ele) e dando mais 20,2%!", diz a mensagem que circula entre deputados.

O texto ao qual a reportagem teve acesso afirma ainda que o governador iria retirar o projeto e dar somente a reposição inflacionária. "Tks a todos pelo apoio, mas acho que perdemos… agradeçam nossa base parlamentar e nossas associações."

Os bolsonaristas elogiaram Tarcísio, mas reagiram no plenário da Alesp nesta terça (9).

"Recebemos hoje muito consternados uma mensagem, como já dito aqui, de um assessor da Secretaria de Segurança acusando a base do governo de traição, nos chamando de traidores", disse o deputado Lucas Bove (PL).

O parlamentar convidou o tal assessor a sintonizar "do ar-condicionado" do gabinete a TV Alesp para acompanhar discursos exaltando a atitude do governador Tarcísio. Afirmou ainda que o objetivo da bancada é melhorar o "ótimo projeto" trazido pelo governador.

Entidades ligadas a policiais têm feito forte pressão sobre os deputados, principalmente aqueles ligados à chamada bancada da bala.

Gil Diniz (PL), um dos deputados mais próximos da família Bolsonaro, foi outro que citou o fato, enquanto presidia a sessão, e reagiu.

"Podem vaiar à vontade. Mas são esses [deputados] que estão tentando a todo custo [defender os policiais], inclusive sendo chamado por assessor de secretário de traidores. Então é assessor chamando essa base de traidora e vocês que estão sendo defendidos vaiando esses deputados", disse.

Outro bolsonarista, Major Mecca (PL) também citou a mensagem, mas afirmou que não acredita que Tarcísio retire o projeto da Alesp. Mecca se justificou ao público presente na Alesp afirmando que o grupo foi até o governador levar reivindicações.

"Nós nos unimos num grupo de deputados para que nós não entrássemos nessa onda, que muitos querem fazer, de pichar o governador Tarcísio de Freitas", disse, acrescentando discordar de pontos da tabela apresentada na lei.

A reportagem procurou o governo Tarcísio sobre o assunto, que ressaltou que o projeto entregue "propõe reajuste salarial médio superior a 20% para as carreiras das forças de Segurança Pública de São Paulo".

"O índice proposto é significativamente superior à inflação acumulada no período, segundo o IPCA. A atual gestão reitera sua intenção de oferecer aumento real aos policiais no primeiro ano de governo e que o projeto segue na Alesp para a análise dos deputados", diz a gestão, em nota.

Os deputados de oposição aproveitaram para criticar o governo pelo assunto.

"O governador para mandar o projeto para cá não conversou com os deputados ligados à segurança pública, não conversou com os deputados ligados à segurança pública, não conversou com líderes de partidos, associações de classe", disse Luiz Marcolino (PT).

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