Descrição de chapéu Governo Lula

Ministro de Lula prioriza agendas no RS e encontros com políticos gaúchos

Aliados dizem que Paulo Pimenta, chefe da Secom, tem pretensões eleitorais em seu estado natal

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Brasília

No dia 5 de maio, uma sexta-feira, o ministro-chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), Paulo Pimenta (PT), participou de uma roda de conversa no fórum social das periferias de Porto Alegre (RS).

De lá, seguiu para a cerimônia de posse do novo diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição, maior rede pública de hospitais do Sul do Brasil.

Ainda em Porto Alegre, o gaúcho prestigiou o lançamento de frente parlamentar de combate a fake news. Já em Santa Maria, sua cidade natal, o chefe da Secom descerrou a fita de inauguração de uma UBS (Unidade Básica de Saúde).

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O ministro da Secom, Paulo Pimenta, no Palácio do Planalto - Gabriela Biló-18.jan.23/Folhapress

Em 6 de maio, o ministro cumpriu uma agenda intensa na cidade onde foi vereador, incluindo visita a feiras e reunião com representantes da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços.

"Meu sábado foi repleto de agendas em Santa Maria, o coração do Rio Grande do Sul. Encontramos amigos e companheiros, dialogamos com setores produtivos da cidade, afirmando o nosso compromisso com o desenvolvimento do Brasil e do nosso município", disse nas redes sociais.

De volta ao Palácio do Planalto, Pimenta dedicou parte de seu tempo na semana passada à política do Rio Grande do Sul, incluindo uma audiência com o vice-governador do estado, Gabriel Souza (MDB).

Na quarta (10), promoveu uma reunião entre o ministro Renan Filho (Transportes) e políticos gaúchos. A pauta: "Demandas do estado do RS".

No mesmo dia, Pimenta recebeu outros 4 parlamentares, 3 deles do Rio Grande do Sul. O ritmo de maio reproduz o dos quatro meses anteriores.

De janeiro a 2 de maio, Pimenta abriu espaço do seu tempo para ao menos 40 compromissos relativos ao Rio Grande do Sul, incluindo eventos ou encontros com representantes de diversos setores do seu estado. Essas agendas não tiveram, necessariamente, relação direta com o trabalho desenvolvido pela Secom.

A lista vai de inauguração de pontes a encontros com policiais rodoviários, advogados e provedores de uma Santa Casa. A empreitada não passou despercebida por aliados e colegas de Esplanada, que atribuem a movimentação às pretensões políticas do ministro.

No Congresso e no governo, políticos apostam no desejo de Pimenta de disputar o Governo do Rio Grande do Sul ou o Senado em 2026, ou até mesmo a prefeitura de Santa Maria em 2024.

Questionado sobre a disponibilização de parte de sua agenda ao estado, Pimenta afirmou, por intermédio de sua assessoria, ser "natural que o único ministro do Rio Grande do Sul no governo federal receba representantes do estado em seu gabinete".

"O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, cumpre um expediente de trabalho de 12 a 15 horas por dia, há quase quatro meses. Nesse período, recebeu pessoas de todo o Brasil —conforme a agenda registra, de forma transparente, como deve ser, e a própria Folha S.Paulo teve acesso", disse o ministro.

"Do Rio Grande do Sul, o ministro recebeu, por exemplo, participantes da Marcha dos Prefeitos de vários estados e 'até provedor de uma Santa Casa de um município gaúcho', como questiona a reportagem, em referência a uma instituição de saúde. O ministro seguirá com uma agenda ampla, dialogando sem fazer distinções, para melhorar cada vez mais a comunicação de um governo para todos", acrescentou.

No governo, Pimenta é o titular da pasta apontada como uma das prioridades pelo próprio presidente Lula (PT). Formalmente, o ministro tem como subordinados seis secretários nacionais, incluindo assessores com acesso direto a Lula. Entre eles, o fotógrafo Ricardo Stuckert e José Chrispiniano, secretário de imprensa.

Apesar dessa robusta estrutura, a chave do cofre está nas mãos do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil). Isso inclui a operacionalização de contratos com agências de publicidade que somam R$ 450 milhões.

O ministério das Comunicações e a Secom compunham uma só estrutura no governo Jair Bolsonaro (PL), sob o comando de Fábio Faria (PSD).

Na nova configuração da Esplanada, a Secom não foi dotada de estrutura para execução orçamentária. Em fevereiro, uma portaria delegou a servidores da Secom a competência para atuarem como ordenadores de despesas. Mas a gestão orçamentária e financeira está a cargo do ministério das Comunicações.

Só em março os servidores da Secom foram incorporados à estrutura da Presidência. Até abril, a folha de pagamentos ficava a cargo da pasta comandada por Juscelino.

Procurada, a assessoria do ministério das Comunicações informou que exerce apoio operacional e administrativo sob orientação da Secom.

O secretário-executivo da Secom, Ricardo Zamora, rechaça a ideia de que "a caneta" esteja com a União Brasil, uma vez que a função de ordenador de despesa é da secretaria.

"Informamos também que a Secom detém o controle de seu próprio orçamento, por meio de uma portaria interministerial de 1º de fevereiro, assinada pelo MCOM [ministério das Comunicações] e pela Secom. A Subsecretaria de Gestão e Normas —que integra a estrutura da Secom— é a ordenadora de despesas de todos os contratos de publicidade. Todos os ministérios novos e a Secom não existiam até 1º de janeiro e o orçamento foi votado ano passado. Então esta situação transitória existe para todos os novos ministérios", diz a nota da secretaria.

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