Descrição de chapéu CPI do MST Congresso Nacional

Ministro petista vai a evento do MST e diz que tensões com movimento estão superadas

Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) afirma que pressões são naturais pois governos anteriores represaram demandas

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São Paulo

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), visitou na manhã deste sábado (13) a 4ª Feira Nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), realizada em São Paulo, e afirmou que as tensões do governo Lula (PT) com o movimento estão superadas.

O conflito teve início após invasões na área da estatal Embrapa e em terras da empresa Suzano, em abril. Segundo o ministro, o episódio está superado.

"Ali, naquele momento [das invasões], nós pedimos que eles se retirassem das áreas da Embrapa e da Suzano, e eles se retiraram. Estabelecemos uma mesa de negociação em torno das áreas. Estão superados esses problemas, e bola para frente", disse o ministro.

O ministro Paulo Teixeira na feira do MST em São Paulo
O ministro Paulo Teixeira na feira do MST em São Paulo - Flávio Ferreira/Folhapress

Teixeira também comentou as críticas feitas pelo dirigente do MST João Pedro Stedile, que em entrevista à coluna Mônica Bergamo, da Folha, afirmou que o governo federal está "lento" e que o MST, ainda que defendendo o presidente, aumentará a "pressão social".

Segundo o ministro, os governos anteriores de Michel Temer e Jair Bolsonaro "extinguiram o MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário] e não desapropriaram um centímetro de terra para reforma agrária, e isso gerou um represamento imenso na luta pela reforma agrária, pessoas morando em acampamento à beira da estrada no Brasil inteiro".

"Então seria natural que tivesse essa pressão, mas já estamos com um plano emergencial pronto para ser lançado agora no mês de maio", disse.

Em discurso no palco principal do evento, Teixeira atacou a CPI em curso na Câmara dos Deputados que tem o MST como alvo.

"Querem uma CPI para investigar o MST. Mas acho que vão achar coisas interessantes. Vão ver que ali tem suco de uva que não tem trabalho escravo. Vão encontrar produtos que não têm agrotóxico. Vão encontrar soja não transgênica", ironizou.

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), também visitou a feira, mas não subiu ao palco para falar ao público.

"Sempre venho nas feiras. Aliás, na primeira feira, eu era governador. Tinha até uma resistência de poder utilizar o parque da Água Branca, nós autorizamos e eu vim aqui todos os anos. Não precisa fazer discurso, não sou muito da ribalta", disse Alckmin ao ser indagado sobre o fato de não ter discursado.

Quanto à CPI do MST, Alckmin afirmou que é cauteloso em relação a esse tipo de apuração nas casas legislativas.

"O trabalho do Legislativo é legiferante, não é policialesco. Já há muitos órgãos de fiscalização. Tem TCU, tem Ministério Público, tem controladoria, tem corregedoria. A função precípua é legislar bem", afirmou.

Desde janeiro, o MST promoveu 18 invasões de terra. Nos quatro anos do governo Bolsonaro, foram 159 invasões, sendo 37 delas no ano passado.

A feira foi aberta na sexta-feira (12) sem a presença de ministros petistas. Apenas o ministro Márcio França (PSB), de Portos e Aeroportos, representando o governo Lula, e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, representando o chefe da pasta, Fernando Haddad, compareceram.

Também não estiveram presentes o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB).

A feira ocorre no momento em que o governo federal é pressionado pelas invasões do MST no chamado abril vermelho e pela reação de empresários do agronegócio.

O MST é alvo de uma CPI na Câmara dos Deputados —ofensiva que se espalha pelas Assembleias Legislativas, como mostrou a Folha.

Na quinta (11), o MST acenou aos mandatários da direita por meio de um dos dirigentes do movimento, Gilmar Mauro, que disse ver "uma linha política interessante" no governo e na prefeitura.

A Feira do MST voltou ao parque da Água Branca, na zona oeste da capital paulista, após quatro anos. Após Doria ter proibido a realização do evento no local em sua gestão, Tarcísio voltou a autorizar, depois da intermediação do secretário Gilberto Kassab (PSD). O parque pertence à esfera estadual, por isso a autorização do Palácio dos Bandeirantes é necessária.

A última feira ocorreu, portanto, em 2018, antes do veto de Doria e da pandemia, que também impossibilitou o evento.

A 4ª Feira Nacional do MST vai até domingo (14) e teve início na quinta-feira (11). O movimento estima que 500 toneladas de alimentos agroecológicos de cooperativas de 24 estados sejam colocados à venda e que 300 mil pessoas visitem o local.

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