Tarcísio vê caso Antonov 'superado' e, ao lado de Bolsonaro, diz ter relação republicana com Lula

Após demissão de secretário ter sido cogitada, governador evita falar de episódio de empresa ucraniana

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Ribeirão Preto

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), evitou comentar nesta segunda (1º), em Ribeirão Preto, a crise causada pela divulgação de informações sobre uma suposta negociação com a empresa ucraniana Antonov.

Ele disse se tratar de um episódio "superado", após ter sido cogitada a demissão do secretário de Negócios Internacionais, Lucas Ferraz, como mostrou a coluna Painel, da Folha.

Ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio também afirmou ter uma relação republicana com o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O governador Tarcísio de Freitas ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro em feira agrícola em Ribeirão Preto - Miguel Schincariol/AFP

O governador se viu pressionado entre bolsonaristas e aliados do petista devido à crise que envolveu a Antonov.

O caso eclodiu após reportagem da CNN Brasil afirmar que a empresa ucraniana deixou de investir US$ 50 bilhões no Brasil devido a falas de Lula sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, o que foi apontado como fake news por petistas.

A CNN Brasil então publicou uma nota da secretaria comandada por Lucas Ferraz , na qual a pasta afirmava ter recebido representantes da Antonov para tratar do tema.

A ucraniana, porém, afirmou por meio de nota que não tem representantes no Brasil, o que levou ministros de Lula a acusarem o governo paulista de espalhar informação falsa para prejudicar o governo federal.

Na sexta (28), enquanto aliados de Lula cobravam investigação do caso pelo Ministério Público, redes bolsonaristas buscavam refutar as críticas, com base em nova reportagem com um diretor da Antonov citando uma negociação preliminar com o governo.

Auxiliares de Tarcísio se dividiram em relação ao episódio, com parte avaliando que Ferraz causou um desgaste desnecessário a todo o governo, e outra parte considerando que a situação estava esclarecida.

Questionado sobre o tema em visita à Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), Tarcísio disse que foi à feira para falar sobre o agronegócio.

Ao lado de Bolsonaro durante todo o evento, o governador disse ainda que a ausência no local do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, não afetava os negócios.

"A minha relação com o governo [Lula] é republicana, existem algumas questões que são compartilhadas, como a saúde e educação, isso não significa alinhamento político ou que a gente não tenha algumas críticas a gestão", disse o governador.

Em seu discurso no auditório do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), dentro da fazenda que abriga a Agrishow, Tarcísio também afirmou que punirá com rigor eventuais invasões de terra em solo paulista em seu governo.

"Quem invadir terra terá um destino só, a cadeia", disse.

O mesmo tom já havia sido adotado pelo governador no último sábado (29), ao participar da cerimônia de abertura da Expozebu ao lado dos governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

Para Tarcísio, o produtor precisa de segurança no campo. "É uma questão fundamental o direito à propriedade."

Ações do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) nos últimos meses levaram setores ruralistas a elevarem as críticas ao governo Lula e resultaram na criação de uma CPI.

No mês passado, no chamado abril vermelho, o movimento realizou diversos protestos e invadiu uma área que pertence à Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), além de sedes do Incra.

A visita de Bolsonaro à principal feira de tecnologia agrícola da América Latina foi marcada por tumulto nas ruas e estandes em que o ex-presidente esteve ao lado de Tarcísio e de outros políticos. Também participaram da agenda apoiadores como o deputado federal Ricardo Salles (PL) e o senador Marcos Pontes (PL).

Ao menos duas pessoas sofreram ferimentos ao serem empurradas em estandes. Uma delas precisou ser levada de ambulância para atendimento médico. Também houve relatos de ao menos duas pessoas que afirmaram ter sido agredidas com cotovelada e empurrões por seguranças que atuavam na visita do ex-presidente.

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