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Em 5 pontos, o que liga Arthur Lira às investigações sobre desvios no kit robótica

Polícia Federal encontra anotações de pagamentos para 'Arthur' e manda caso para o STF

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São Paulo e Brasília

A Polícia Federal enviou a investigação sobre supostos desvios em contratos de kit robótica para o STF (Supremo Tribunal Federal) após encontrar documentos com citações a Arthur Lira (PP-AL) e uma lista de pagamentos atrelados ao nome "Arthur".

A investigação sobre os desvios em contratos do kit robótica tem origem em reportagem da Folha publicada em abril de 2022. Uma outra lista com citações de pagamentos ao nome "Arthur" foi encontrada pela PF —essa revelada pela revista piauí e confirmada pela Folha.

A seguir, conheça elos da investigação e dos investigados com presidente da Câmara:

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira - Marcelo Camargo/Agência Brasil

1) Quais as ligações encontradas pela PF? Um documento apreendido com Luciano Cavalcante, auxiliar direto do presidente da Câmara, lista R$ 834 mil em valores pagos de dezembro de 2022 a março de 2023. Ao menos R$ 650 mil têm à frente do valor o nome "Arthur" —são ao menos 30 pagamentos com essa referência.

No documento, aparecem como justificativa dos repasses despesas com hotéis utilizados por Lira, gastos com alimentação da RO, como é chamada a residência oficial, impostos e combustível.

Outros pontos da lista de pagamento:

  • Além do nome "Arthur", há elementos que indicam a relação dos valores com o próprio presidente da Câmara. Um deles é o pagamento de fisioterapia do Bill, como é conhecido o pai do político.
  • Consta pagamento de R$ 4.500 atrelado a "Arthur" para "revisão Hilux". Como mostrou a Folha, a campanha de Lira usou na eleição de 2022 uma picape Hilux que também foi utilizada para entregar dinheiro em Maceió, algo que está sob investigação da PF.
  • Anotações de valores relacionados ao nome "Arthur" com o motorista de Luciano, Wanderson de Oliveira. O caso revelado pela revista piauí aponta para 11 pagamentos de cerca de R$ 265 mil entre abril e maio de 2023. O motorista afirmou que os pagamentos foram realizados a pedido de Luciano.

2) O que acontece agora com a investigação? A Folha apurou que a PF de Alagoas já enviou o material para o STF após encontrar as citações a Lira com Luciano e seu motorista —e agora caberá ao ministro Luís Roberto Barroso definir o rumo da apuração. A Procuradoria-Geral da República já havia solicitado o envio do caso para as instâncias superiores.

PF acha cofre superlotado de dinheiro em operação contra aliados de Lira
PF acha cofre superlotado de dinheiro em operação contra aliados de Lira - Divulgação

3) Qual a origem da investigação? Tudo começa com reportagens da Folha publicadas em 2022. Uma delas mostrou que a empresa de Maceió contratada para fornecer kits de robótica para prefeituras por meio de recursos de emendas liberados pelo governo Jair Bolsonaro (PL) vendeu os equipamentos ao poder público com uma diferença de 420% em relação ao preço que declarou ter pago em ao menos uma das compras que fez do produto.

Os donos da empresa alagoana, Megalic, são Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda, aliado de Lira.

  • Na imagem abaixo, Edmundo Catunda e Arthur Lira em reunião em Alagoas

homens sentados em torno de uma mesa retangular
Arthur Lira (PP-AL), de camisa branca, à direita na mesa, e aliados, como o vereador João Catunda (à direita de Lira) e o pai, Edmundo Catunda (primeiro à esquerda), dono da empresa Megalic, que vende kits de robótica pra prefeituras - Reprodução

4) Quais as ligações dos investigados com Lira? Um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido em endereço de um dos mais próximos auxiliares de Lira: Luciano Cavalcante, então lotado na liderança do PP na Câmara e exonerado após a operação.

A esposa de Luciano, Glaucia, também já foi assessora de Lira e aparece na investigação. Uma das suspeitas é que o casal possa ser beneficiário de valores desviados de contratos para compra de kits de robótica, custeados em parte com dinheiro de emendas do relator. A PF chegou até o casal ao investigar movimentações financeiras da Megalic.

* Na imagem abaixo, Lira e seu assessor Luciano Cavalcante em evento em Alagoas

Arthur Lira e seu assessor Luciano Cavalcante (de branco) em evento em Alagoas em outubro de 2022
Arthur Lira e seu assessor Luciano Cavalcante (de branco) em evento em Alagoas em outubro de 2022 - oficialarthurlira no Instagram

5) O que dizem as defesas? O advogado André Callegari, que defende Luciano, diz que não teve acesso integral aos autos, "o que impede qualquer manifestação".

Lira respondeu por meio da sua assessoria de imprensa que as transações com seus nomes são referentes à remuneração recebida por ele como parlamentar ou a ganhos na atividade rural.

Ele afirmou que não se sente atingido pela ação da PF que mira seus aliados. À GloboNews disse que cada um é "responsável pelo seu CPF nesta terra e neste país".

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