Descrição de chapéu Congresso Nacional

Lira diz nada ter a ver com operação da PF contra seus aliados em fraude do kit robótica

PF faz operação em investigação sobre desvios em contratos para a compra de kits de robótica com dinheiro do FNDE

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Brasília

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quinta-feira (1º) que não se sente atingido pela operação da Polícia Federal que mira seus aliados.

Em entrevista à GloboNews, Lira disse que não tem "absolutamente nada a ver com o que está acontecendo" e que cada um é "responsável pelo seu CPF nesta terra e neste país".

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), durante a votação da urgência para o projeto do arcabouço fiscal. - Pedro Ladeira / Folhapress

A Polícia Federal cumpre nesta quinta mandados de prisão e de busca e apreensão em uma investigação sobre desvios em contratos para a compra de kits de robótica com dinheiro do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

Um dos mandados de busca e apreensão cumpridos PF é em endereço de um dos mais próximos auxiliares do presidente da Câmara. Luciano Cavalcante atualmente está lotado na Liderança do PP na Câmara e é conhecido em Brasília como uma das pessoas de maior confiança do político.

"Não posso emitir nenhum juízo de valor. O que eu posso dizer é que eu, tendo a postura que tenho em defesa das emendas parlamentares que levam benefícios para todo o Brasil e toda a população, não tenho absolutamente nada a ver com o que está acontecendo e não me sinto atingido nem acho que isso seja provocativo", afirmou Lira à GloboNews.

"As coisas são levadas pela polarização política a fazer, 'por que veio o Twitter do [senador] Renan [Calheiros], porque veio a operação há dois dias, porque há uma pressão do governo’. Eu não vou comer essa corda, vou me ater a receber e a ter informações mais precisas. E cada um é responsável pelo seu CPF nesta terra e neste país", continuou.

Lira disse ainda que ninguém gosta de receber notícias como a que ele recebeu hoje, que não pode comentar operação policial sem ter acesso ao seu conteúdo e sem "fazer acusações levianas a qualquer pessoa".

"O que nós sabemos é que isso é um processo antigo, que já tramita no TCU [Tribunal de Contas da União], inclusive com parte de decisão favorável, com laudos técnicos que podem ser procurados que dizem que não houve nenhum tipo de fraude nesse processo", disse.

"Há um rebuscamento também de resquícios locais nessa operação, porque a confusão começou lá. Há decisões da Justiça Federal que resolvem e dizem que não há nenhum sobrepreço nem superfaturamento nem nenhum desvio nessa situação, mas não posso emitir nenhum juízo de valor", completou.

O caso teve origem em reportagem da Folha publicada em abril do ano passado sobre as aquisições em municípios de Alagoas, todas assinadas com uma mesma empresa pertencente a aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

A investigação começou ainda em 2022 após a revelação da Folha. O pedido de buscas e prisões foi feito pela PF em março de 2023, e as ordens, expedidas pela Justiça Federal de Alagoas.

Como mostrou a Folha à época, os kits foram contratados com recursos, em boa parte, das bilionárias emendas de relator do Orçamento —naquele momento, durante o governo Bolsonaro, Lira era responsável por controlar em Brasília a distribuição de parte desse tipo de verba.

A empresa fornecedora dos kits de robótica é a Megalic, que funcionava em uma pequena casa no bairro de Jatiuca, em Maceió, com capital social de R$ 1 milhão.

A empresa é apenas uma intermediária, embora tenha fechado contratos milionários, ao menos R$ 24 milhões, e não produz os kits de robótica.

A Megalic está em nome de Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda (PSD). A proximidade do vereador e de seu pai com Lira é pública.

Além da empresa e de Edmundo Catundo, são alvos da PF outros aliados de Lira em Alagoas.

homens sentados em torno de uma mesa retangular
Arthur Lira (PP-AL), de camisa branca, à direita na mesa, e aliados, como o vereador João Catunda (à direita de Lira) e o pai, Edmundo Catunda (primeiro à esquerda), dono da empresa Megalic, que vende kits de robótica pra prefeituras - Reprodução
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