O centrão pressiona o presidente Lula (PT) para receber o controle dos ministérios do Esporte e do Desenvolvimento Social. Também está na mira do bloco liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), a presidência da Caixa Econômica Federal.
A lista de pedidos do centrão já foi mais extensa. O desenho final da nova Esplanada ainda não está fechado e foi discutido em recentes reuniões de Lula com Lira e com a cúpula do PT.
Veja em cinco pontos o que se sabe até aqui da reforma ministerial em planejamento:
1) Quem Lula quer atrair agora para a base do governo? PP e Republicanos são os principais alvos. Ambos integraram a base de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
PP é o partido de Lira, que é o principal líder do chamado centrão. Já o Republicanos tem o deputado Marcos Pereira como presidente —pré-candidato à presidência da Câmara em eleição marcada para fevereiro de 2025, quando Lira deixará o cargo sem opção de reeleição.
2) Quem esses partidos devem indicar para ocupar vagas no primeiro escalão? O ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) tem tratado sobre o tema com os líderes dos partidos na Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) e André Fufuca (PP-MA).
Como mostrou a Folha, é considerado certo por membros do Planalto e do Congresso Nacional que Fufuca e o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) serão nomeados ministros. Costa Filho está avançado para assumir a pasta do Esporte, enquanto Fufuca pleiteia o Desenvolvimento Social.
3) As eventuais nomeações de nomes indicados por PP e Republicanos significam uma adesão em bloco ao governo? Não. As prováveis nomeações devem ser atribuídas à chamada cota pessoal de Lula, dizem interlocutores do petista. Isso porque os partidos devem seguir adotando a linha de que são independentes, na prática, sem a obrigação de sempre votar em bloco a favor de pautas do governo.
4) O que quer o centrão na reforma de Lula? Isso ainda não está definido.
- O PP mira o Desenvolvimento Social, chefiada por Wellington Dias (PT).
- O Republicanos mira o Ministério do Esporte, comandado pela ex-atleta Ana Moser.
- Está na mesa a hipótese de entregar a pasta social ao centrão, mas retirar do escopo dela o Bolsa Família —marca das gestões do PT.
Nenhuma possibilidade de rearranjo ministerial está descartada, nem mesmo a criação de uma nova pasta para acomodar os aliados do centrão.
- A única pasta que está efetivamente blindada, segundo auxiliares palacianos, é a da Saúde.
- A Caixa Econômica também está no pacote em negociação, com a possibilidade de ser comandada pelo PP —a indicada é a ex-deputada Margarete Coelho.
- Outra alternativa estudada para contemplar o centrão seria entregar o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Isso envolveria, no entanto, desalojar o vice Geraldo Alckmin, que não gostaria de deixar a pasta.
- O PSD, que tem três ministérios e é da base, voltou a pleitear a Funasa (Fundação Nacional de Saúde). O órgão havia sido extinto no começo da gestão petista, mas o Congresso Nacional decidiu recriá-lo.
Desde que as conversas começaram, o centrão já pleiteou mais espaços, mas Lula sinalizou que não pretende entregá-los. O principal deles é o ministério da Saúde, chefiado por Nísia Trindade. Parlamentares também já tentaram assumir o comando da Embratur —hoje presidida pelo ex-deputado Marcelo Freixo— e dos Correios.
5) Qual é a atual base do governo? Hoje essa base de partidos aliados tem se mostrado insuficiente até para a aprovação de projetos de lei. Na Câmara, a base fixa de Lula conta com 225 deputados, ante uma necessidade de ao menos 257 votos para a aprovação de projetos.
Confira, em gráficos, a base de Lula hoje no Congresso.
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