Descrição de chapéu Governo Lula

Tende a zero chance de Lula entregar pasta do Bolsa Família ao centrão, diz líder do governo

Ministério entrou na mira do centrão, mas presidente já se referiu à pasta como 'sua'

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Brasília

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner, disse nesta segunda-feira (31) que tende a zero a chance de o governo Lula (PT) entregar para o centrão o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo Bolsa Família.

A pasta é alvo de cobiça de integrantes dos partidos do centrão, que negociam ampliar espaço na Esplanada em troca de apoio às pautas do governo no Congresso Nacional. As duas principais siglas que estão nessas tratativas com o governo são Republicanos e PP.

O senador Jaques Wagner em comissão de Assuntos Econômicos - Pedro França-4.jul.23/Agência Senado

"Acho que essa expectativa tende a zero. Isso aí não é um problema meu, mas a entrega de um ministério que tem a cara dele para um partido que não esteja, vamos dizer, que tenha mais história com a gente", disse a jornalistas no Palácio do Planalto.

"Esse é o problema, também atiravam na Saúde, agora no Wellington [Dias], quem será o próximo?", completou.

A pasta liderada por Nísia Trindade também chegou a entrar na mira do centrão, mas Lula já rechaçou publicamente demiti-la. Quanto ao Desenvolvimento Social, o chefe do Executivo também afastou interesses do centrão sobre a pasta, mas sem citar diretamente o correligionário.

"Esse ministério é um ministério meu. Esse ministério não sai. A Saúde não sai. Não é o partido que quer vir para o governo que pede ministério. É o governo que oferece o ministério", disse, em entrevista à TV Record, no último dia 13.

"É só fazer uma inversão de valores. No momento certo, nós vamos conversar da forma mais tranquila possível. Não quero conversa escondida, conversa secreta. Na hora que voltar Congresso Nacional, que for juntar os líderes dos partidos que vou conversar, toda a imprensa vai ficar sabendo o que que eu conversei com cada um, o que foi ofertado para a participação do governo e o que o governo quer estabelecer de relação com o Congresso até o final do mandato", completou.

A primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, também já havia passado recado de força de Wellington Dias. No começo deste mês, ela disse na gravação de um vídeo no ministério, ao lado dele, que a pasta é o "coração do governo".

"Eu estou aqui no MDS e esse é o coração do governo. O presidente Lula fala que a população mais pobre do Brasil é a prioridade desse governo. Então, o Ministério do Desenvolvimento Social é que atende. As políticas públicas feitas para essa população acontecem e são pensadas aqui com essa equipe maravilhosa", afirmou a primeira-dama na ocasião.

Apesar dos gestos, a pasta comandada por Wellington Dias tem acumulado críticas dentro do Palácio do Planalto, pela frustração com a baixa quantidade de pautas positivas para o governo, e também no Congresso Nacional, por ter travado a liberação de emendas. O ministério tem R$ 276 bilhões de orçamento —mais do que Saúde e Educação.

Com a volta do Congresso nesta semana, há expectativa da retomada das discussões sobre a reforma ministerial. Em entrevista à Folha, o ministro da articulação política, Alexandre Padilha, evitou descartar possibilidade de negociar a pasta com os partidos e citou o mesmo termo de Janja, "coração do governo".

"Não tem esse debate ainda, só deve começar a partir de agosto, quando Lula se reunir com as lideranças partidárias. O que ele deixou muito claro, mais de uma vez, é que é um ministério que faz parte do coração do governo", disse, questionado sobre a chance de o PP ou Republicanos assumirem a pasta do Bolsa Família.

Se não se concretizar a negociação do ministério, integrantes do centrão têm expectativa de pasta com orçamento e importância similares. Menor, o Ministério dos Esportes, de Ana Moser, também chegou a entrar nas conversas, mas hoje auxiliares palacianos veem a troca como improvável.

O que é tratado como unanimidade até o momento é a troca da presidência da Caixa, hoje com Rita Serrana. Um indicado pelo centrão, provavelmente pelo PP, deve comandar o banco.

Na tarde desta segunda-feira, último dia do recesso legislativo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), comentou também a reforma e afirmou nas redes sociais que a escolha de ministros "é prerrogativa exclusiva" do presidente da República e que cabe a ele "estabelecer um diálogo republicano com as direções e os líderes partidários".

"Continuo trabalhando junto a eles para fazer a composição adequada para o governo obter a necessária sustentação política no Congresso Nacional, conforme diálogo mantido com o presidente da República, após a votação da reforma tributária", escreveu Lira.

O parlamentar disse ainda que cabe à presidência da Câmara "prioritariamente" manter uma relação institucional com o presidente "para buscar a aprovação de matérias de interesse do país".

A expectativa no governo é que Lula se reúna nesta semana com Lira e líderes e dirigentes de PP e Republicanos para avançar no desenho do remanejamento que ele fará na Esplanada.

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