Descrição de chapéu Folhajus TSE

Bolsonaro é intimado a depor pela PF no caso de empresários que defenderam golpe

Depoimento está previsto para 31 de agosto na apuração parcialmente arquivada por Moraes

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Brasília

A Polícia Federal intimou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a depor na investigação contra empresários bolsonaristas que participaram de um grupo do WhatsApp com mensagens nas quais houve defesa de um golpe caso Lula (PT) ganhasse o pleito.

O caso é relatado por Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e foi parcialmente arquivado. Resta ainda a apuração contra os empresários Meyer Nigri, da Tecnisa, e Luciano Hang, da Havan.

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante filiação de Fernando Holiday e Lucas Pavanato, ex- MBLs, ao PL
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante filiação de Fernando Holiday e Lucas Pavanato, ex- MBLs, ao PL - Danilo Verpa/Folhapress

O depoimento de Bolsonaro está previsto para o dia 31 de agosto.

As conversas entre os empresários em grupo de WhatsApp foram reveladas na época pelo site Metrópoles. Após a divulgação das mensagens, participantes negaram intenção golpista.

A revelação da troca de mensagens resultou em mandados de busca e apreensão da PF contra os empresários após autorização de Moraes, em agosto de 2022.

Como a Folha mostrou, a decisão tinha como base somente a reportagem sobre conversas de teor golpista —nenhuma outra diligência preliminar havia sido realizada.

A intimação de Bolsonaro tem relação com conversas encontradas no celular de Meyer Nigri e com a relação do ex-presidente com Hang.

Em uma conversa com Nigri, Bolsonaro pede para que ele repasse "ao máximo" uma mensagem que sugeria, sem provas, uma fraude do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

"A análise das mensagens do aplicativo WhatsApp contidas no telefone celular apreendido identificou que as três mensagens investigadas foram encaminhadas originariamente pelo contato registrado
como 556182919606@s.whatsapp.net Pr Bolsonaro 8", diz o relatório.

A PF diz que o contato que seria de Bolsonaro enviou a Nigri "as mensagens com conteúdo não lastreado ou conhecidamente falso (fake news), atacando integrantes de instituições públicas".

A transcrição de uma das mensagens consta do documento: "O ministro Barroso faz peregrinação no exterior sobre o atual processo eleitoral brasileiro, como sendo algo seguro e confiável. O pior, mente sobre o que se tentou aprovar em 2021: o voto impresso ao lado da urna eletrônica, quando ele se reuniu com lideranças partidárias e o Voto Impresso foi derrotado. Isso chama-se INTERFERENCIA".

"Todo esse desserviço à Democracia dos 3 ministros do TSE STF faz somente aumentar a desconfiança de fraudes preparadas por ocasião das eleições. O Datafolha infla os números de Lula para dar respaldo ao TSE por ocasião do anúncio do resultado eleitoral REPASSE AO MÁXIMO", diz ainda o texto.

Ao arquivar o caso contra os outros empresários, Moraes citou a conversa encontrada pela PF nos celulares apreendidos nas buscas.

Segundo os investigadores, a relação do empresário Meyer Nigri com o ex-presidente teria a "finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à democracia e ao Estado democrático de Direito, utilizando-se do mesmo modo de agir da associação especializada investigada no Inq. 4874/DF".

O inquérito 4874/DF é o das milícias digitais e também relatado por Moraes. Ele manteve as investigações sobre Nigri sob o argumento de que há necessidade de continuidade das diligências da PF, porque o relatório da corporação encontrou existência de vínculo entre ele e Bolsonaro, sobretudo em disseminação de notícias falsas.

O ministro, no entanto, determinou o arquivamento das apurações em relação aos empresários José Isaac Peres (Multiplan), Ivan Wrobel (W3 Engenharia), José Koury (Barra World Shopping), André Tissot (Grupo Sierra), Marco Aurélio Raimundo (Mormaii) e Afrânio Bandeira (Coco Bambu).

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