CPI adia votação de quebras de sigilo ligadas a Bolsonaro e deve ouvir GDias

Comissão não chega a acordo sobre obtenção de dados de ex-presidente, Michelle e Wassef

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Brasília

A CPI do 8 de janeiro adiou a votação que estava prevista para esta terça-feira (22) sobre os pedidos de convocações e quebras de sigilos ligados às suspeitas que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os deputados e senadores chegaram a um acordo, porém, para ouvir na próxima terça-feira (29) Fabio Vieira, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal. Na próxima quinta-feira (31), a CPI deve receber o general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI (Gabinete do Segurança Institucional).

O general Gonçalves Dias, o GDias, ex-ministro do GSI, em depoimento à CPI do 8 de janeiro da Câmara Legislativa do DF - Gabriela Biló - 22.jun.2023/Folhapress

O plano de parlamentares que fazem oposição a Bolsonaro era aprovar quebras de sigilo fiscal do ex-presidente, da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro e do advogado Frederick Wassef.

A relatora da CPI, Eliziane Gama (PSD-MA), ainda apresentou pedido de quebra dos sigilos de Valdemar Costa Neto, presidente do PL.

Presidente da CPI, o deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), porém, não havia definido quais pedidos entrariam na pauta da reunião desta terça-feira (22).

Sem esta definição, os membros da comissão precisariam chegar a um acordo sobre o que seria votado, o que não aconteceu. A sessão chegou a ser adiada para o período da tarde, mas foi cancelada após reunião fechada dos integrantes da CPI feita no horário do almoço.

Maia agora deve apresentar quais itens serão votados na reunião de quinta-feira (24) ou da próxima terça-feira (28).

Além dos pedidos que envolvem o ex-presidente e Michelle, parlamentares bolsonaristas tentam barrar a votação de quebras de sigilo da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e a convocação de Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro.

Eliziane ainda apresentou sugestão de quebra do sigilo dos dados de Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ex-chefe dos ajudantes de ordem de Bolsonaro. A ideia da relatora é entender se há conexão entre o financiamento dos atos golpistas e o caso das tentativas de venda das joias entregues ao ex-presidente Bolsonaro por autoridades estrangeiras.

O general Gonçalves Dias foi ouvido em junho pela CPI do 8 de janeiro da Câmara Legislativa do DF. Ele confirmou aos deputados distritais que houve edição de relatório da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) enviado ao Congresso Nacional com os alertas disparados às vésperas dos ataques às sedes dos Poderes.

Já Fabio Vieira está entre os integrantes da cúpula da PM do DF presos pela Polícia Federal sob acusação de omissão no dia dos ataques golpistas.

A PGR (Procuradoria-Geral da República), que pediu as prisões, afirmou que mensagens de Vieira mostravam que os policiais eram "adeptos de teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais, ansiando por providências que pudessem levar à subversão do resultado das urnas".

Ainda nesta semana, no dia 24, a CPI vai ouvir o sargento Luis Marcos dos Reis, que integrava a equipe de ajudantes de ordens de Bolsonaro.

Reis participou da invasão a Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro e está preso por causa das suspeitas da falsificação do cartão de vacinação do ex-presidente da República. O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou movimentação atípica na conta do ex-ajudante de Bolsonaro.

A CPI decidiu buscar informações relacionadas à atuação de Zambelli após o programador Walter Delgatti Neto, o hacker da Vaza Jato, afirmar à CPI que participou, a pedido da deputada, de tentativas de deslegitimar o sistema eleitoral.

A conspiração contra as urnas ainda envolveu Bolsonaro, segundo Delgatti. Isso porque o ex-presidente encaminhou o hacker para uma conversa no Ministério da Defesa —episódio que motivou integrantes da CPI a pedirem a convocação do ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira.

Bolsonaro nega participação em tramas golpistas e venda irregular de joias. O ex-presidente disse na última quinta-feira (17) que Delgatti fantasiou em seu depoimento à CPI.

"Ele está inspirado hoje. Teve a reunião e eu mandei ele para o Ministério da Defesa para conversar com os técnicos. Ele esteve lá [no Alvorada e na Defesa] e morreu o assunto. Ele está voando completamente", afirmou Bolsonaro à rádio Jovem Pan.

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