Datafolha: Brasileiros se dividem sobre militar no governo

Para 48%, fardado não deve integrar o Executivo, ante 47% que não veem problemas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Objeto de discussão desde que Jair Bolsonaro (PL) coalhou seu governo com figuras egressas da caserna, algumas delas do serviço ativo, a presença de militares no Executivo divide os brasileiros. Para 48%, fardados não deveriam integrar administrações civis, enquanto 47% acham o contrário.

Os dados são da mais recente pesquisa do Datafolha, que ouviu 2.016 pessoas nos dias 12 e 13 deste mês em 139 cidades. A margem de erro é de dois pontos, para mais ou para menos.

Lula recebe continência dos três comandantes de Força, general Tomás Paiva (Exército), brigadeiro Marcelo Damasceno (Força Aérea) e almirante Marcos Olsen (Marinha) no Dia do Exército
Lula recebe continência dos três comandantes de Força, general Tomás Paiva (Exército), brigadeiro Marcelo Damasceno (Aeronáutica) e almirante Marcos Olsen (Marinha) no Dia do Exército - Ricardo Stuckert-19.abr.23/Presidência/AFP

Em outras três ocasiões, em 2020 e 2021, o Datafolha fez a mesma questão, mas ela era composta pela afirmação introdutória "O governo Bolsonaro tem vários militares no ministério e em cargos diversos".

Por isso, os resultados não são diretamente comparáveis com a pergunta atual, sem a introdução de contexto, que já inexiste. Nas ocasiões anteriores, a rejeição à presença fardada era maior, chegando a 58% em julho de 2021.

O tema segue causando polêmica. O governo Lula (PT) preparou uma PEC (proposta de emenda à Constituição) para vetar a ida de militares da ativa para o primeiro escalão do Executivo e para a disputa de eleições.

Hoje, isso é possível, e a possibilidade de retornar aos quartéis após perder uma eleição é vista como um dos maiores riscos de politização da tropa. Em relação ao governo, a medida não atingiria em tese aqueles deslocados para funções secundárias afeitas à área militar, como no Ministério da Defesa ou no Gabinete de Segurança Institucional.

Mas a ideia foi bombardeada no berço, e bastou uma reunião da Defesa com outras áreas para definir que a proposta deverá ser diluída, abrindo a possibilidade para a nomeação de ministros fardados.

No governo Bolsonaro, chegou a haver 10 em 23 pastas, com casos problemáticos notórios, como o da condução do combate à pandemia pelo general da ativa Eduardo Pazuello na Saúde, que ocorreu alinhada ao negacionismo esposado pelo presidente.

Lula tem uma relação delicada com os militares por associá-los à gestão anterior e por incidentes como a postagem do então comandante do Exército Eduardo Villas Bôas que pressionou o Supremo Tribunal Federal a não conceder um habeas corpus para o hoje presidente em 2018, o que não facilita o diálogo, apesar do trabalho de acomodação tocado pelo ministro José Múcio (Defesa) e pelos três comandantes de Força.

Com efeito, a maior resistência à presença de fardados no governo vem daqueles 40% que se declaram petistas (29% muito, 11% um pouco): 62% são contra. E a maior aceitação à ideia parte dos 32% (25% muito, 7% pouco) bolsonaristas que compõem a polarização nacional, com 67% de apoio.

Outro segmento associado ao bolsonarismo, como o dos evangélicos, também demonstrou mais apoio à presença fardada: 58%.

Esta mesma rodada de pesquisa do Datafolha já havia explicitado a erosão no apoio às Forças Armadas, tradicionalmente alto. Em um rol de dez instituições, elas seguem com o maior índice de confiança. Mas a taxa, 34%, é a menor da série histórica datada de 2017, e 11 pontos inferior ao registrado no primeiro ano do governo Bolsonaro.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.