Descrição de chapéu Assembleia Legislativa

Aliado de Tarcísio diz diante de Zema que gafe de mineiro dificultou adesão a consórcio

André do Prado, presidente da Alesp, afirmou que debate do Cosud foi intenso; governadores minimizam oposição a Lula

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São Paulo

Aliado de Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado André do Prado (PL), admitiu na abertura do 9º encontro do Cosud (Consórcio de Integração Sul e Sudeste) que a aprovação do grupo de estados na Casa foi difícil depois das falas consideradas separatistas do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

Diante de Zema e dos demais governadores, em discurso na Sala São Paulo, André do Prado afirmou que pensava que seria fácil aprovar na Assembleia a criação do Cosud com a participação de São Paulo, assim como foi feito no Legislativo de outros estados. Ele resgatou, então, a gafe do governador mineiro, que em mais de uma ocasião foi considerado preconceituoso com Norte e Nordeste.

"Por algum momento esse projeto tramitou na Assembleia. Eu achei que seria uma votação tranquila diante da importância desse instrumento jurídico para alinhar os estados. E infelizmente isso não aconteceu. Foi um debate intenso diante de uma pronúncia do nosso governador Zema, de Minas Gerais, que foi mal interpretada", disse André.

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O presidente da Alesp, André do Prado (PL), durante entrevista em seu gabinete - Zanone Fraissat - 15.mar.19/Folhapress

Também na abertura do Cosud, os governadores afirmaram à imprensa que o grupo não tem o objetivo de fazer oposição ao governo Lula (PT) e se esquivaram de responder sobre a intenção de se unirem contra o petista na eleição de 2026.

O projeto de adesão ao consórcio foi protocolado na Assembleia paulista pelo governo Tarcísio em junho, mas foi aprovado apenas no fim de setembro, após adiamentos por falta de quórum e obstrução da oposição de esquerda.

Em seguida, André do Prado contemporizou a fala de Zema. "Todos nós sabemos da intenção do nosso governador Zema, que era integrar todos esses estados. Todos nós sabemos que foi feito uma politicagem. E isso demorou para ser aprovado na Assembleia", completou.

Falando depois do deputado, Zema também buscou desfazer o mal-estar e as críticas que suas declarações provocaram. "O Cosud está aqui para unir, para somar, nunca para dividir", disse.

O governador mineiro também fez referência ao discurso de André do Prado. "O que é preciso ficar claro aqui, como o André disse, é que nós estamos aqui para somar e não para dividir. Esses sete estados têm o maior interesse que esse país avance e são os estados que mais podem contribuir, tanto pelo que representam de população como de produção."

O próprio Tarcísio, em sua fala, não fez referência à polêmica. Já Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, afirmou que o Cosud não é "uma frente de estados contra estados, [mas] uma frente de estados que defende uma visão comum para o Brasil em benefício de todo o país".

Governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD) afirmou que a ideia do Cosud não é nova e que outras regiões já têm seus consórcios —como o Consórcio do Nordeste.

A declaração de Zema foi dada em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em agosto. Ao falar sobre a criação do Cosud, ele disse que a diferença de tratamento às regiões ficou clara durante a discussão da Reforma Tributária e cobrou espaço proporcional.

O mineiro chegou a fazer uma analogia com "vaquinhas que produzem pouco" ao falar sobre distorções de arrecadação e necessidades, dizendo que, se um produtor rural começa a dar um bom tratamento só para essas vacas, "daqui a pouco as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento".

Em junho, na abertura do encontro anterior do Cosud, em Belo Horizonte, Zema afirmou que os estados do Sul e Sudeste têm "uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial" e que só esses estados "podem contribuir para este país dar certo".

Questionado sobre a relação do Cosud com o governo federal, Tarcísio afirmou que "o objetivo do Cosud não é fazer contraponto, é construir políticas públicas, o objetivo é cooperar". "Trabalhar com o governo federal é fundamental. De forma nenhuma isso representa um distanciamento do governo federal", disse.

Os governadores também foram questionados sobre a intenção de formarem uma frente de direita, na eleição de 2026, para sustentarem uma candidatura adversária a Lula. Ratinho, no entanto, evitou o tema eleitoral.

"O que a gente menos quer do Cosud é que ele seja um consórcio político, na questão eleitoral. [...] O que menos a gente fala aqui é questão política, por incrível que pareça. [...] Todos que estão aqui, inclusive alguns outros governadores de outros estados, têm condição de ser um player com protagonismo. Esse tema vai ser debatido em 2026."

Em relação ao PSDB, Leite indicou que não deve continuar na presidência do partido após a convenção nacional, em novembro. Embora seja o favorito para seguir no comando da sigla, o gaúcho tem enfrentado questionamentos de tucanos pela falta de disponibilidade e de tempo diante do seu papel como governador.

Segundo ele, a gestão do partido nas eleições de 2024 vai "demandar alguém com mais disponibilidade".

"[Que] seja uma outra pessoa parece ser melhor para o partido, para mim, para o estado do Rio Grande do Sul. [...] Não deixarei de atender a confiança que os gaúchos depositaram em mim em função das questões partidárias. Não é leal com o povo gaúcho. [...] Não está definido ainda, mas vamos nas próximas semanas discutir", disse Leite.

Ainda no encontro do Cosud, Tarcísio e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), trocaram afagos e elogios. O governador deve apoiar a reeleição do emedebista, que busca ainda o apoio de Jair Bolsonaro (PL) na eleição do ano que vem.

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